Doentes em casa passam a recuperados apenas com um teste negativo

Nova norma da DGS, publicada este sábado, indica que, a partir do dia 28 de abril, será necessário apenas um teste negativo para considerar um doente acompanhado em casa como curado. Até agora eram precisos dois, com um intervalo de 24 horas.
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Para fazer parte das estatísticas dos curados da covid-19, até então era necessário ter dois testes de despiste negativos, com um intervalo de 24 horas. No entanto, este método vai ser alterado a partir da próxima terça-feira para os doentes tratados em casa (que representam 86% dos 23392 infetados).

Passa a ser preciso apenas um teste negativo, segundo uma norma que atualiza a abordagem ao doente com suspeitas ou infeção de covid-19, publicada este sábado, no site da Direção-Geral da Saúde (DGS). O mesmo documento prevê que a Linha SNS 24 deixe de poder prescrever exames de despiste ao novo coronavírus.

A alteração, em linha "com aquilo que os outros países preconizam", segundo a ministra da Saúde, Marta Temido, é aplicada apenas para as situações de doença mais ligeira, ou seja, quando as pessoas podem ser acompanhadas no domicílio. No caso dos doentes hospitalizados continua a ser necessário os dois teste negativos. Este sábado, estão internadas 1040 infetados com covid-19, 186 destes encontram-se em serviços de cuidados intensivos, de acordo com o boletim diário da DGS, que confirma uma diminuição do número de hospitalizações pelo sétimo dia consecutivo.

"As pessoas que ficam em casa têm uma carga viral menor e, por isso, os artigos científicos que saíram nas últimas semanas para os doentes ligeiros dizem que ao fim de 14 dias, há duas condições: já não terem sintomas nenhuns e terem um teste negativo", explicou a Diretora-Geral da Saúde sobre a nova orientação, durante a conferência de imprensa diária, no ministério da Saúde. Para Graça Freitas, este "é um passo em frente" , que vai ao encontro das "evidências científicas, das orientações das organizações internacionais, da experiência dos outros países e da avaliação" ao trabalho feito em Portugal.

Assim, ao final de, "no mínimo, 14 dias após o início dos sintomas", o infetado acompanhado no domicílio deve fazer o exame, segundo a norma. Sendo que este período pode ser antecipado no caso dos "doentes que demonstrem ausência completa da febre (sem recurso a antipiréticos) e melhoria significativa dos sintomas durante três dias consecutivos".

Para poder ser acompanhado em casa, é preciso ter uma situação clínica ligeira e condições de habitabilidade. É necessário ter um telefone acessível, um termómetro, um quarto ou uma cama individual, acesso a uma casa de banho, produtos de higiene e de limpeza, não ser recém-nascido ou considerado uma pessoa imunodeprimida e ter um cuidador disponível.

Até ao momento, foram dados como curados 1277 cidadãos, um número que duplicou esta semana, mas que tinha apresentado sempre um crescimento tímido. As autoridades de saúde justificaram o aumento lento com o tempo prolongado da doença e com os dois testes que até agora determinavam a cura. Também esta semana, pela primeira vez, o número de recuperados ultrapassou o de mortes (880, este sábado).

Linha SNS 24 deixa de prescrever testes

O mesmo documento da DGS prevê que a Linha SNS 24 deixe de poder prescrever testes de despiste do vírus SARS-CoV-2. Em vez disso, serão os médicos de família que o fazem, depois da central de atendimento reencaminhar os casos suspeitos.

Já a análise biológica aos trabalhadores de lares não será preciso ser prescrita. Marta Temido anunciou, este sábado, que estes funcionários deverão todos ser testados até ao "final deste mês ou inícios de maio". Sem deixar de lembrar que o exame "é apenas uma fotografia do momento" e que, por isso, serve de pouco se não for acompanhado por medidas de distanciamento e de higienização.

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