Detidas 32 pessoas no Egito após bandeira LGBT ser exibida em concerto

Imagens da bandeira no concerto em Cairo tornaram-se virais. Detidos são acusados de imoralidade e de promover desvios sexuais
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As autoridades egípcias prenderam pelo menos 22 pessoas nos últimos quatro dias, após uma bandeira do arco-íris, símbolo da comunidade LGBTI, ter sido exibida num concerto em Cairo. As imagens da bandeira no ar tornaram-se virais e provocaram polémica no país conservador.

Segundo a Amnistia Internacional, citada pela BBC, desde o concerto da banda de rock libanesa Mashrou' Leila, cujo vocalista é homossexual, a 22 de setembro, foram detidos 32 homens e uma mulher. Cinco dos detidos foram sujeitos a exames anais.

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A exibição da bandeira de apoio à comunidade LGBTI - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexo - foi amplamente criticada e o procurador geral Nabil Sadek pediu que as autoridades investigassem o incidente que "incita à homossexualidade".

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[citacao:Numa questão de dias as forças de segurança egípcias cercaram dezenas de pessoas e fizeram cinco exames anais]

A homossexualidade não é ilegal no Egito, mas frequentemente homens homossexuais são detidos e acusados de imoralidade e blasfémia, segundo a Reuters. A Amnistia Internacional diz que muitas vezes estes homens são sujeitos a exames anais, para determinar se tiveram relações sexuais com outros homens.

"Numa questão de dias as forças de segurança egípcias cercaram dezenas de pessoas e fizeram cinco exames anais, um sinal da rápida escalada dos esforços das autoridades para perseguir e intimidar os membros da comunidade LGBTI após o incidente com a bandeira", disse Najia Bounaim, responsável da Amnistia Internacional.

Ahmed Alaa e Sarah Hegazy foram detidos esta segunda-feira e são acusados de fazerem parte de um grupo contra a lei e de propagarem os ideais deste grupo. Segundo o advogado dos dois, citado pela Reuters, Sarah é a primeira mulher detida num incidente relacionado com homossexualidade nos últimos anos e foi ainda acusada de "promover desvios sexuais e a devassidão".

Foram ainda a tribunal este domingo 16 homens, acusados também de "promover desvios sexuais" e a imoralidade. Um deles foi condenado a seis anos de prisão enquanto os outros vão ouvir o veredito final a 29 de outubro.

A banda Mashrou' Leila comentou as recentes detenções e mostrou estar do lado dos detidos.

"Denunciamos a demonização e perseguição de atos inofensivos realizados por adultos e com consentimento. É doentio pensar que toda esta histeria foi provocada por causa de um par de jovens que mostraram um pedaço de pano que simboliza o amor", disse a banda num comunicado.

Esta sábado, a entidade reguladora da comunicação social egípcia proibiu a publicação de informações sobre homossexuais nos media do país, salvo se para mostrar o arrependimento das pessoas pela sua orientação sexual. A proibição, que entra em vigor sábado, foi aprovada pelo Conselho Supremo para a Regulação dos Media.

Em 2001, 52 homens foram presos no Egito após a polícia ter feito buscas numa discoteca.

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