Jean Castex, o sr. Desconfinamento, é o novo primeiro-ministro francês

Conservador próximo do ex-presidente Nicolas Sarkozy vai substituir Edouard Philippe, que se demitiu esta sexta-feira.
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O presidente francês, Emmanuel Macron, designou nesta sexta-feira Jean Castex, que foi o coordenador do delicado período de flexibilização do confinamento pelo coronavírus, como novo primeiro-ministro do país, anunciou o Palácio do Eliseu.

Castex, um conservador de 55 anos, próximo ao ex-presidente Nicolas Sarkozy (2007-2012), é autarca de Prades, uma pequena cidade do sudoeste da França, e assumiu em abril a coordenação da estratégia de desconfinamento.

No início de junho, o Le Monde já colocava Jean Castex numa posição confortável no caso de se seguir uma remodelação governamental, sublinhando que tinha sabido "evitar as armadilhas relacionadas à sua missão" de organizar o processo de desconfinamento francês. O novo primeiro-ministro era até aqui também delegado interministerial aos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris.

O jornal chama a Castex "Sr. Desconfinamento", elogiando a forma como levou a cabo a sua tarefa e o facto de os franceses terem considerado o plano de contenção do executivo catastrófico, enquanto consideraram um sucesso a estratégia de desconfinamento.

Castex manteve sua reputação de ser "incrivelmente eficaz", nas palavras do primeiro-ministro Edouard Philippe, que agora sucede, e é dado como um homem de uma discrição a toda a prova. Dizem que gosta da expressão "servidor do Estado".

Emmanuel Macron tinha anunciado uma "nova equipa" para seguir um "novo caminho" político durante a última parte de seu mandato até eleições presidenciais de 2022. Depois da demissão de Edouard Philippe, conhecida esta manhã, o Palácio do Eliseu emitiu um comunicado a anunciar que o nome do sucessor seria conhecido "nas próximas horas". Foram muito poucas horas, até ser conhecido o nome de Jean Castex. Espera-se que tome posse até ao final da próxima semana.

"Eu teria que fazer escolhas para liderar o novo caminho. Esses são novos objetivos de independência, reconstrução, reconciliação e novos métodos a implementar. Haverá uma nova equipa", disse o presidente Emmanuel Macron em entrevista a jornais regionais diários publicados esta sexta-feira.

Macron, no entanto, permaneceu evasivo quanto à manutenção de Edouard Philippe, que está no cargo desde sua eleição em 2017, à frente do novo Governo.

"Nos últimos três anos comigo, ele realizou um trabalho notável com governos sucessivos e realizamos reformas importantes e históricas, geralmente em circunstâncias muito difíceis", afirmou.

Portanto, essa mudança de Governo era esperada após a segunda volta das eleições municipais de 28 de junho, marcada por uma forte abstenção, um revés para o partido presidencial e um impulso dos ecologistas nos centros urbanos.

Edouard Philippe, primeiro-ministro mais popular que Emmanuel Macron, de acordo com as sondagens, chegou da direita e nunca se juntou ao partido República em Marcha, do presidente Macron.

A reinvenção política de que Macron precisa

Desde que chegaram ao poder, os dois homens realizaram várias reformas controversas, como a do seguro-desemprego, e enfrentaram várias crises, incluindo a dos coletes amarelos e a crise sanitária ligada à pandemia de covid-19, que fez Macron assumir que tinha de se "reinventar".

O novo governo procurará, portanto, alcançar essa reinvenção política, com as eleições presidenciais de 2022 como pano de fundo.

A remodelação adivinha-se assim de grande amplitude e acontece depois de vários encontros do Presidente com figuras de destaque como os seus predecessores, Nicolas Sarkozy e François Hollande, mas também com autarcas e ainda os líderes da Assembleia Nacional e do Senado, assim como o presidente do Conselho Económico, Social e Ambiental.

Para substituir as várias baixas, o Presidente terá em mente perfis próximos da esquerda, nomeadamente personalidade envolvidas nos combates ecológicos e também tentará trazer mais mulheres com papéis de maior destaque para o Executivo.

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