O opositor russo Alexei Navalny, que criou a Fundação Anti-Corrupção e lidera o partido Rússia do Futuro, está em coma, num estado grave mas estável, depois de ter sido alegadamente envenenado, segundo a sua equipa. Crítico do presidente Vladimir Putin, Navalny foi proibido pela justiça de se candidatar às presidenciais de 2018 e já foi várias vezes detido por protestos..Numa primeira reação, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, desejou uma "pronta recuperação" a Navalny. "Sabemos que está em estado grave. Como a qualquer outro cidadão russo, desejamos uma pronta recuperação", disse..Já o chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrell, escreveu no Twitter estar "preocupado por saber da suspeita de envenenamento de Alexei Navalny. Se confirmado, os responsáveis têm de ser responsabilizados". Desejou-lhe ainda as rápidas melhoras..Oficialmente, o hospital ainda não confirmou tratar-se de um caso de envenenamento. Mas a história mostra que vários opositores russos tiveram esse fim. Outros foram mortos a tiro, detidos ou obrigados a fugir da Rússia..Alexei Navalny."Nesta manhã, Navalny estava a regressar a Moscovo vindo de Tomsk [uma cidade na Sibéria]. Durante o voo, sentiu-se mal. O avião fez uma aterragem de emergência em Omsk. Alexei tem um envenenamento tóxico", escreveu no Twitter a porta-voz da fundação de Navalni, Kyra Yarmish, dizendo que iam na ambulância a caminho do hospital.."Assumimos que o Alexei foi envenenado com alguma coisa que foi misturada no chá. Foi a única coisa que bebeu nesta manhã. Os médicos dizem que a toxina foi absorvida mais rapidamente através do líquido quente. Neste momento, o Alexei está inconsciente", acrescentou noutra mensagem em russo..Yarmish indicou depois que o opositor de 44 anos estava em coma, ligado ao ventilador, e que o hospital estava cheio de polícias, com os médicos a não querer dizer o que sabiam. Horas depois escreveu que a médica pessoal de Navalny, assim como a sua mulher, tinham chegado ao hospital, mas não tinham sido autorizadas a vê-lo..Formado em Direito, Navalny estudou na antiga Universidade Patrice Lumumba e em Yale, nos EUA. Começou a tornar-se notado como blogger, denunciando nos seus comentários situações de corrupção, o favorecimento de pessoas e empresas próximas do círculo do poder..Numa entrevista em 2011, disse que a grande maioria de detentores de cargos públicos são "ladrões e aldrabões", com a expressão a entrar na gíria popular como sinónimo de governo. Foi nesse ano que fundou a Fundação Anti-Corrupção..Depois de ter estado sete anos ligado ao partido liberal Yabloko, Navalny foi expulso e fundou o movimento "O Povo". Acabaria por se juntar ao recém-criado Partido do Progresso em 2013, quando foi candidato a presidente da Câmara de Moscovo. O partido em 2018 transformou-se no Rússia do Futuro..Preso a intervalos regulares - já foi condenado várias vezes - ou forçado a períodos de prisão domiciliária, Navalny recorre principalmente às plataformas digitais para as suas campanhas, sendo bastante popular entre os mais jovens..Há pouco mais de um ano, a sua equipa já tinha denunciado uma tentativa de envenenamento. Após ser detido por convocar uma manifestação, Navalny foi hospitalizado em junho com as pálpebras inchadas e vários abcessos no corpo. As autoridades falaram numa "reação alérgica grave", mas a sua equipa apontou o dedo a um "agente tóxico". Os serviços de saúde indicaram não ter encontrado nenhuma substância tóxica" no seu organismo..Anna Politkovskaya.A jornalista de investigação da Novaya Gazeta foi morta a tiro à porta de casa, em Moscovo, a 7 de outubro de 2006, o dia de anos de Putin. Anna Politkovskaya, que tinha 48 anos, era conhecida pela sua cobertura da Chechénia, sendo crítica da guerra no país - denunciou vários crimes de guerra cometidos pelo Exército russo - e do próprio presidente..Numa ocasião, em 2001, foi detida por militares russos na Chechénia, tendo sido espancada, interrogada e ainda alvo de uma simulação de execução. Publicou vários livros sobre a Chechénia, a vida na Rússia e o presidente, incluindo A Rússia de Putin. E ganhou vários prémios pelo seu trabalho..Dois anos antes de ser assassinada, a ativista dos direitos humanos também tinha sido aparentemente envenenada, ficando extremamente doente após beber uma chávena de chá. Disse então que era uma tentativa de a impedir de servir de mediadora durante a tomada de reféns na escola de Beslan, na Chechénia, que culminou com a morte de mais de 300 pessoas, incluindo crianças..Em 2002, tinha tentado negociar com os responsáveis pela tomada de reféns do teatro Dubrovka, de Moscovo, onde cerca de 200 morreram..Cinco homens (entre os quais quatro chechenos da mesma família) foram condenados em 2014 pela sua morte, mas nunca ficou estabelecido quem ordenou o assassínio..Alexander Litvinenko.O antigo agente dos serviços secretos russos (FSB, ex-KGB), que se tornou um crítico de Putin, morreu a 23 de novembro de 2006, três semanas depois de ter sido envenenado com polónio 210. A substância radioativa foi colocada no seu chá durante o encontro com outros dois ex-agentes, Andrey Lugovoy (atualmente deputado) e Dmitry Kovtun, num hotel na capital britânica..Alexander Litvinenko, de 43 anos, tinha fugido da Rússia em 2000 e vivia em Londres, com o Reino Unido a dar-lhe asilo e, em 2006, a cidadania. No seu leito de morte, terá dito que Putin era "responsável por tudo o que me acontecer", contou a viúva, Marina..Litvinenko, que soube-se mais tarde ter ligações aos serviços secretos britânicos (MI6), estava na altura em que foi envenenado a investigar a morte da jornalista russa Anna Politkovskaya, no mês anterior..Os britânicos concluíram que os agentes russos tinham sido os responsáveis pelo envenenamento (foram encontrados vestígios nos seus assentos no avião da British Airways que apanharam no regresso a Moscovo), provavelmente a mando do próprio Putin, mas o Kremlin sempre negou qualquer envolvimento. Os suspeitos nunca foram entregues à justiça britânica..Litvinenko começou por denunciar a corrupção que existia dentro do FSB (ao qual o próprio presidente tinha pertencido), tendo sido detido em 1998 por alegado abuso de poder, após denunciar um suposto plano para assassinar Boris Berezovsky, um oligarca russo crítico de Putin que viria a ser encontrado morto em 2013..Depois de ser ilibado, tendo passado nove meses na prisão, Litvinenko escreveu um livro onde alegou que agentes do FSB tinham sido responsáveis pelos atentados de 1999 num bloco de apartamentos de Moscovo e de outras duas cidades russas, que foram atribuídos aos rebeldes chechenos e serviram de mote para a segunda guerra da Chechénia (que tornou Putin popular)..Boris Berezovsky.O oligarca russo, crítico de Putin desde a sua chegada ao poder, foi acusado de fraude e desvio de dinheiro da companhia aérea Aeroflot, tendo sido condenado à revelia em Moscovo. Desde 2000 que não regressara à Rússia, passando a viver no Reino Unido, que em 2003 lhe concedeu o asilo político..Antigo membro do círculo íntimo do presidente Boris Ieltsin, o matemático fez fortuna com as privatizações na década de 1990, tendo ajudado a criar o partido que serviria de base à candidatura de Putin. De facto, chegou a ser eleito deputado, mas após as presidenciais de 2000 passou para a oposição, quando o antigo aliado começou uma guerra aberta contra os oligarcas do país..Boris Berezovsky, que tinha 67 anos, foi encontrado enforcado na sua casa no condado de Berkshire em março de 2013, com a autópsia a não apresentar sinais de violência. Enfrentava na altura problemas económicos (tinha perdido um processo contra outro oligarca, Roman Abramovich, dono do Chelsea FC) e alegadamente uma depressão, mas o médico-legista disse não ser possível indicar uma causa de morte. Por causa dos testemunhos conflituosos de peritos (nomeadamente um contratado pela família), alegou não ser possível dizer sem sombra de dúvida que tinha sido um suicídio..Por causa da morte de Litvinenko, anos antes, especialistas analisaram a casa, mas não encontraram qualquer sinal de radioatividade. Também não foram encontradas marcas de agulha que pudessem apontar para a presença de veneno..Boris Nemtsov.Antes de Navalny, Boris Nemtsov era considerado o líder da oposição russa. A 27 de fevereiro de 2015, o político foi morto a tiro quando atravessava uma ponte perto do Kremlin, depois de jantar com a namorada ucraniana (que sobreviveu). Horas antes tinha apelado aos protestos contra a guerra na Ucrânia..Nemtsov, de 55 anos, tinha começado a sua carreira política após a queda da União Soviética, tendo sido nomeado em 1991 por Ieltsin como governador da região de Nizhny Novgorod Oblast. As suas reformas liberais chamaram a atenção e foram dadas como um exemplo, com Nemtsov a acabar por se tornar vice-primeiro-ministro da Rússia em 1998..Chegou a ser apontado como eventual sucessor de Ieltsin, mas o cargo acabaria nas mãos de Putin. Nemtsov, que fundou a União dos Forças da Direita (cuja cisão levaria à criação do Solidarnost, com Garry Kasparov), acabaria na oposição. Na altura da sua morte, liderava o Partido Republicano da Rússia/Partido da Liberdade Popular..Em 2004, apoiou a candidatura de Viktor Iuchtchenko às presidenciais da Ucrânia e após a Revolução Laranja trabalhou como conselheiro económico do novo líder. O Governo russo tinha apoiado Viktor Ianukovitch, que acabaria por chegar ao poder em 2010 e seria derrubado em 2014, nos eventos que levariam também a Rússia a anexar a Crimeia..Em 2008, Nemtsov chegou a ser candidato às presidenciais russas, mas desistiu..Dias antes de ser morto, disse numa entrevista que suspeitava que Putin o queria matar. "Temo que Putin me vá matar. Acredito que tenha sido ele a lançar a guerra na Ucrânia. Não podia gostar menos dele", indicou então, com os amigos e apoiantes a dizer que tinha recebido várias ameaças de morte..Putin envolveu-se pessoalmente na investigação à morte de Nemtsov, com cinco chechenos a serem condenados pelo assassínio, pelo qual terão recebido cerca de 200 mil euros. Zaur Dadaev, um oficial checheno de 35 anos, admitiu ter sido ele a disparar e foi condenado em 2017 a 20 anos de prisão, tendo os seus cúmplices recebido penas entre os 11 e os 19 anos..Mas a pessoa que deu a ordem para matar continua por descobrir, assim como os motivos do crime. O local onde foi assassinado tem muitas vezes flores dos seus apoiantes e é palco de protestos..Sergei Skripal.Um espião russo que se tornou um agente duplo para o Reino Unido, Sergei Skripal foi encontrado inconsciente num banco de um parque na localidade britânica de Salisbury, em 2018, junto com a filha Yulia, que estava de visita desde Moscovo..Os dois foram envenenados com um agente nervoso, o Novichok, que tinha sido colocado na maçaneta da porta de sua casa, tendo passado semanas em estado critico, mas acabando por sobreviver. O agente nervoso foi transportado num frasco de perfume, que foi depois descartado, sendo certo que uma mulher o encontrou e borrifou algum no pulso, acabando por morrer.A investigação das autoridades britânicas apontou o dedo a dois russos, Alexander Mishkin e Anatoliy Chepiga, ambos da secreta militar. A Rússia rejeitou qualquer responsabilidade e ambos surgiram na televisão pública a dizer que estavam em Salisbury para fazer turismo e visitar a sua catedral..O próprio Putin negou qualquer responsabilidade, apelidando Skripal de "escória" e "traidor". Skripal trabalhou como agente duplo desde 1995 até à sua detenção, em 2004, sendo condenado por traição dois anos depois e sentenciado a 13 anos de prisão. Em 2010, foi um dos que beneficiaram de uma troca de prisioneiros entre a Rússia e os EUA (que tinham prendido dez agentes russos)..O ataque contra Skripal levou o Reino Unido e os aliados a expulsar mais de 150 diplomatas. Segundo os media britânicos, o antigo agente duplo vive agora com a filha na Nova Zelândia..No exílio.Mikhail Khodorkovsky, o antigo oligarca que esteve à frente da petrolífera Yukos, trocou a Rússia por Londres em 2013, depois de ter recebido um perdão de Putin. Antes cumpriu dez anos de prisão, tendo sido condenado por fraude, desvio de dinheiro e lavagem de dinheiro, num julgamento que considerou que tinha motivação política, por estar a financiar partidos da oposição ao presidente..Khodorkovsky era o homem mais rico da Rússia quando, em fevereiro de 2003, confrontou publicamente Putin com a corrupção no Governo durante um encontro no Kremlin. Duas semanas depois, começaram os problemas para a Yukos e ele seria detido em outubro..O oligarca, atualmente com 57 anos, fundou a Open Russia, uma iniciativa de democracia e direitos humanos, e acredita que corre riscos sempre que fala contra Putin - criticou abertamente o referendo que, já neste ano, abriu as portas para que o presidente possa ficar no poder até 2036..Quem também vive no exílio, mas nos EUA, é o ex-campeão de xadrez tornado opositor Garry Kasparov, que tentou sem sucesso concorrer às presidenciais de 2008. Após a reforma da competição, em 2005, Kasparov fundou a Frente Cívica Unida com a promessa de restaurar a democracia..Ao longo dos anos, foi vários vezes detido pelas autoridades por participar em protestos anti-Putin, acabando por deixar o país em 2013. Alega que se voltar à Rússia não será novamente autorizado a sair e tem, a partir do exterior, sido um crítico do presidente..Kasparov, de 57 anos, é atualmente presidente da Fundação dos Direitos Humanos e fundou a Iniciativa Renovar a Democracia, uma organização sem fins lucrativos para a defesa da democracia liberal nos EUA e no estrangeiro.
O opositor russo Alexei Navalny, que criou a Fundação Anti-Corrupção e lidera o partido Rússia do Futuro, está em coma, num estado grave mas estável, depois de ter sido alegadamente envenenado, segundo a sua equipa. Crítico do presidente Vladimir Putin, Navalny foi proibido pela justiça de se candidatar às presidenciais de 2018 e já foi várias vezes detido por protestos..Numa primeira reação, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, desejou uma "pronta recuperação" a Navalny. "Sabemos que está em estado grave. Como a qualquer outro cidadão russo, desejamos uma pronta recuperação", disse..Já o chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrell, escreveu no Twitter estar "preocupado por saber da suspeita de envenenamento de Alexei Navalny. Se confirmado, os responsáveis têm de ser responsabilizados". Desejou-lhe ainda as rápidas melhoras..Oficialmente, o hospital ainda não confirmou tratar-se de um caso de envenenamento. Mas a história mostra que vários opositores russos tiveram esse fim. Outros foram mortos a tiro, detidos ou obrigados a fugir da Rússia..Alexei Navalny."Nesta manhã, Navalny estava a regressar a Moscovo vindo de Tomsk [uma cidade na Sibéria]. Durante o voo, sentiu-se mal. O avião fez uma aterragem de emergência em Omsk. Alexei tem um envenenamento tóxico", escreveu no Twitter a porta-voz da fundação de Navalni, Kyra Yarmish, dizendo que iam na ambulância a caminho do hospital.."Assumimos que o Alexei foi envenenado com alguma coisa que foi misturada no chá. Foi a única coisa que bebeu nesta manhã. Os médicos dizem que a toxina foi absorvida mais rapidamente através do líquido quente. Neste momento, o Alexei está inconsciente", acrescentou noutra mensagem em russo..Yarmish indicou depois que o opositor de 44 anos estava em coma, ligado ao ventilador, e que o hospital estava cheio de polícias, com os médicos a não querer dizer o que sabiam. Horas depois escreveu que a médica pessoal de Navalny, assim como a sua mulher, tinham chegado ao hospital, mas não tinham sido autorizadas a vê-lo..Formado em Direito, Navalny estudou na antiga Universidade Patrice Lumumba e em Yale, nos EUA. Começou a tornar-se notado como blogger, denunciando nos seus comentários situações de corrupção, o favorecimento de pessoas e empresas próximas do círculo do poder..Numa entrevista em 2011, disse que a grande maioria de detentores de cargos públicos são "ladrões e aldrabões", com a expressão a entrar na gíria popular como sinónimo de governo. Foi nesse ano que fundou a Fundação Anti-Corrupção..Depois de ter estado sete anos ligado ao partido liberal Yabloko, Navalny foi expulso e fundou o movimento "O Povo". Acabaria por se juntar ao recém-criado Partido do Progresso em 2013, quando foi candidato a presidente da Câmara de Moscovo. O partido em 2018 transformou-se no Rússia do Futuro..Preso a intervalos regulares - já foi condenado várias vezes - ou forçado a períodos de prisão domiciliária, Navalny recorre principalmente às plataformas digitais para as suas campanhas, sendo bastante popular entre os mais jovens..Há pouco mais de um ano, a sua equipa já tinha denunciado uma tentativa de envenenamento. Após ser detido por convocar uma manifestação, Navalny foi hospitalizado em junho com as pálpebras inchadas e vários abcessos no corpo. As autoridades falaram numa "reação alérgica grave", mas a sua equipa apontou o dedo a um "agente tóxico". Os serviços de saúde indicaram não ter encontrado nenhuma substância tóxica" no seu organismo..Anna Politkovskaya.A jornalista de investigação da Novaya Gazeta foi morta a tiro à porta de casa, em Moscovo, a 7 de outubro de 2006, o dia de anos de Putin. Anna Politkovskaya, que tinha 48 anos, era conhecida pela sua cobertura da Chechénia, sendo crítica da guerra no país - denunciou vários crimes de guerra cometidos pelo Exército russo - e do próprio presidente..Numa ocasião, em 2001, foi detida por militares russos na Chechénia, tendo sido espancada, interrogada e ainda alvo de uma simulação de execução. Publicou vários livros sobre a Chechénia, a vida na Rússia e o presidente, incluindo A Rússia de Putin. E ganhou vários prémios pelo seu trabalho..Dois anos antes de ser assassinada, a ativista dos direitos humanos também tinha sido aparentemente envenenada, ficando extremamente doente após beber uma chávena de chá. Disse então que era uma tentativa de a impedir de servir de mediadora durante a tomada de reféns na escola de Beslan, na Chechénia, que culminou com a morte de mais de 300 pessoas, incluindo crianças..Em 2002, tinha tentado negociar com os responsáveis pela tomada de reféns do teatro Dubrovka, de Moscovo, onde cerca de 200 morreram..Cinco homens (entre os quais quatro chechenos da mesma família) foram condenados em 2014 pela sua morte, mas nunca ficou estabelecido quem ordenou o assassínio..Alexander Litvinenko.O antigo agente dos serviços secretos russos (FSB, ex-KGB), que se tornou um crítico de Putin, morreu a 23 de novembro de 2006, três semanas depois de ter sido envenenado com polónio 210. A substância radioativa foi colocada no seu chá durante o encontro com outros dois ex-agentes, Andrey Lugovoy (atualmente deputado) e Dmitry Kovtun, num hotel na capital britânica..Alexander Litvinenko, de 43 anos, tinha fugido da Rússia em 2000 e vivia em Londres, com o Reino Unido a dar-lhe asilo e, em 2006, a cidadania. No seu leito de morte, terá dito que Putin era "responsável por tudo o que me acontecer", contou a viúva, Marina..Litvinenko, que soube-se mais tarde ter ligações aos serviços secretos britânicos (MI6), estava na altura em que foi envenenado a investigar a morte da jornalista russa Anna Politkovskaya, no mês anterior..Os britânicos concluíram que os agentes russos tinham sido os responsáveis pelo envenenamento (foram encontrados vestígios nos seus assentos no avião da British Airways que apanharam no regresso a Moscovo), provavelmente a mando do próprio Putin, mas o Kremlin sempre negou qualquer envolvimento. Os suspeitos nunca foram entregues à justiça britânica..Litvinenko começou por denunciar a corrupção que existia dentro do FSB (ao qual o próprio presidente tinha pertencido), tendo sido detido em 1998 por alegado abuso de poder, após denunciar um suposto plano para assassinar Boris Berezovsky, um oligarca russo crítico de Putin que viria a ser encontrado morto em 2013..Depois de ser ilibado, tendo passado nove meses na prisão, Litvinenko escreveu um livro onde alegou que agentes do FSB tinham sido responsáveis pelos atentados de 1999 num bloco de apartamentos de Moscovo e de outras duas cidades russas, que foram atribuídos aos rebeldes chechenos e serviram de mote para a segunda guerra da Chechénia (que tornou Putin popular)..Boris Berezovsky.O oligarca russo, crítico de Putin desde a sua chegada ao poder, foi acusado de fraude e desvio de dinheiro da companhia aérea Aeroflot, tendo sido condenado à revelia em Moscovo. Desde 2000 que não regressara à Rússia, passando a viver no Reino Unido, que em 2003 lhe concedeu o asilo político..Antigo membro do círculo íntimo do presidente Boris Ieltsin, o matemático fez fortuna com as privatizações na década de 1990, tendo ajudado a criar o partido que serviria de base à candidatura de Putin. De facto, chegou a ser eleito deputado, mas após as presidenciais de 2000 passou para a oposição, quando o antigo aliado começou uma guerra aberta contra os oligarcas do país..Boris Berezovsky, que tinha 67 anos, foi encontrado enforcado na sua casa no condado de Berkshire em março de 2013, com a autópsia a não apresentar sinais de violência. Enfrentava na altura problemas económicos (tinha perdido um processo contra outro oligarca, Roman Abramovich, dono do Chelsea FC) e alegadamente uma depressão, mas o médico-legista disse não ser possível indicar uma causa de morte. Por causa dos testemunhos conflituosos de peritos (nomeadamente um contratado pela família), alegou não ser possível dizer sem sombra de dúvida que tinha sido um suicídio..Por causa da morte de Litvinenko, anos antes, especialistas analisaram a casa, mas não encontraram qualquer sinal de radioatividade. Também não foram encontradas marcas de agulha que pudessem apontar para a presença de veneno..Boris Nemtsov.Antes de Navalny, Boris Nemtsov era considerado o líder da oposição russa. A 27 de fevereiro de 2015, o político foi morto a tiro quando atravessava uma ponte perto do Kremlin, depois de jantar com a namorada ucraniana (que sobreviveu). Horas antes tinha apelado aos protestos contra a guerra na Ucrânia..Nemtsov, de 55 anos, tinha começado a sua carreira política após a queda da União Soviética, tendo sido nomeado em 1991 por Ieltsin como governador da região de Nizhny Novgorod Oblast. As suas reformas liberais chamaram a atenção e foram dadas como um exemplo, com Nemtsov a acabar por se tornar vice-primeiro-ministro da Rússia em 1998..Chegou a ser apontado como eventual sucessor de Ieltsin, mas o cargo acabaria nas mãos de Putin. Nemtsov, que fundou a União dos Forças da Direita (cuja cisão levaria à criação do Solidarnost, com Garry Kasparov), acabaria na oposição. Na altura da sua morte, liderava o Partido Republicano da Rússia/Partido da Liberdade Popular..Em 2004, apoiou a candidatura de Viktor Iuchtchenko às presidenciais da Ucrânia e após a Revolução Laranja trabalhou como conselheiro económico do novo líder. O Governo russo tinha apoiado Viktor Ianukovitch, que acabaria por chegar ao poder em 2010 e seria derrubado em 2014, nos eventos que levariam também a Rússia a anexar a Crimeia..Em 2008, Nemtsov chegou a ser candidato às presidenciais russas, mas desistiu..Dias antes de ser morto, disse numa entrevista que suspeitava que Putin o queria matar. "Temo que Putin me vá matar. Acredito que tenha sido ele a lançar a guerra na Ucrânia. Não podia gostar menos dele", indicou então, com os amigos e apoiantes a dizer que tinha recebido várias ameaças de morte..Putin envolveu-se pessoalmente na investigação à morte de Nemtsov, com cinco chechenos a serem condenados pelo assassínio, pelo qual terão recebido cerca de 200 mil euros. Zaur Dadaev, um oficial checheno de 35 anos, admitiu ter sido ele a disparar e foi condenado em 2017 a 20 anos de prisão, tendo os seus cúmplices recebido penas entre os 11 e os 19 anos..Mas a pessoa que deu a ordem para matar continua por descobrir, assim como os motivos do crime. O local onde foi assassinado tem muitas vezes flores dos seus apoiantes e é palco de protestos..Sergei Skripal.Um espião russo que se tornou um agente duplo para o Reino Unido, Sergei Skripal foi encontrado inconsciente num banco de um parque na localidade britânica de Salisbury, em 2018, junto com a filha Yulia, que estava de visita desde Moscovo..Os dois foram envenenados com um agente nervoso, o Novichok, que tinha sido colocado na maçaneta da porta de sua casa, tendo passado semanas em estado critico, mas acabando por sobreviver. O agente nervoso foi transportado num frasco de perfume, que foi depois descartado, sendo certo que uma mulher o encontrou e borrifou algum no pulso, acabando por morrer.A investigação das autoridades britânicas apontou o dedo a dois russos, Alexander Mishkin e Anatoliy Chepiga, ambos da secreta militar. A Rússia rejeitou qualquer responsabilidade e ambos surgiram na televisão pública a dizer que estavam em Salisbury para fazer turismo e visitar a sua catedral..O próprio Putin negou qualquer responsabilidade, apelidando Skripal de "escória" e "traidor". Skripal trabalhou como agente duplo desde 1995 até à sua detenção, em 2004, sendo condenado por traição dois anos depois e sentenciado a 13 anos de prisão. Em 2010, foi um dos que beneficiaram de uma troca de prisioneiros entre a Rússia e os EUA (que tinham prendido dez agentes russos)..O ataque contra Skripal levou o Reino Unido e os aliados a expulsar mais de 150 diplomatas. Segundo os media britânicos, o antigo agente duplo vive agora com a filha na Nova Zelândia..No exílio.Mikhail Khodorkovsky, o antigo oligarca que esteve à frente da petrolífera Yukos, trocou a Rússia por Londres em 2013, depois de ter recebido um perdão de Putin. Antes cumpriu dez anos de prisão, tendo sido condenado por fraude, desvio de dinheiro e lavagem de dinheiro, num julgamento que considerou que tinha motivação política, por estar a financiar partidos da oposição ao presidente..Khodorkovsky era o homem mais rico da Rússia quando, em fevereiro de 2003, confrontou publicamente Putin com a corrupção no Governo durante um encontro no Kremlin. Duas semanas depois, começaram os problemas para a Yukos e ele seria detido em outubro..O oligarca, atualmente com 57 anos, fundou a Open Russia, uma iniciativa de democracia e direitos humanos, e acredita que corre riscos sempre que fala contra Putin - criticou abertamente o referendo que, já neste ano, abriu as portas para que o presidente possa ficar no poder até 2036..Quem também vive no exílio, mas nos EUA, é o ex-campeão de xadrez tornado opositor Garry Kasparov, que tentou sem sucesso concorrer às presidenciais de 2008. Após a reforma da competição, em 2005, Kasparov fundou a Frente Cívica Unida com a promessa de restaurar a democracia..Ao longo dos anos, foi vários vezes detido pelas autoridades por participar em protestos anti-Putin, acabando por deixar o país em 2013. Alega que se voltar à Rússia não será novamente autorizado a sair e tem, a partir do exterior, sido um crítico do presidente..Kasparov, de 57 anos, é atualmente presidente da Fundação dos Direitos Humanos e fundou a Iniciativa Renovar a Democracia, uma organização sem fins lucrativos para a defesa da democracia liberal nos EUA e no estrangeiro.