Costa sai em defesa de embaixador: "Não teve comportamento desadequado"
António Costa saiu esta quarta-feira à tarde em defesa de José Júlio Pereira Gomes, depois do embaixador ter comunicado ao primeiro-ministro a sua indisponibilidade para assumir o cargo de secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), afirmando numa nota à comunicação social que aquele "não teve um comportamento desadequado".
Segundo as informações recolhidas por António Costa, o primeiro-ministro concluiu que o embaixador Pereira Gomes "procedeu à evacuação da missão de observação eleitoral de Timor Leste por instruções diretas do Governo português, transmitidas pelos canais próprios do Ministério dos Negócios Estrangeiros, não desobedecendo nem contrariando portanto qualquer ordem para se manter em Díli".
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Costa acrescenta que o diplomata "fez as diligências que lhe incumbiam para evacuar os timorenses que trabalharam e apoiaram a missão portuguesa, num contexto muito difícil de grande insegurança, e em que vários desses timorenses já se tinham entretanto refugiado nas montanhas".
Perante estes dados, conclui o primeiro-ministro, que Pereira Gomes "não teve um comportamento pessoal e profissional desadequado, confirmado, aliás, pelo facto de após esta missão e ao longo de 18 anos ter prosseguido a sua carreira, tendo sido sucessivamente objeto de promoção em 2002, 2005 e 2015, até atingir o topo da sua carreira como embaixador".
António Costa inicia o seu comunicado por revelar que falou "pessoalmente" com os então primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros, António Guterres e Jaime Gama, com o embaixador Fernando Neves "(à data responsável pelo dossier de Timor Leste no MNE"), com o embaixador Francisco Ribeiro de Menezes ("que exercia em substituição as funções de chefe de gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros"), com o embaixador Freitas Ferraz, "então assessor diplomático do primeiro-ministro", e com o atual diretor nacional da PSP, "um dos oficiais desta força de segurança que integrou a missão de observadores eleitorais". Costa diz ainda que foi recolhida "informação junto dos outros diplomatas integrados na missão, dos demais elementos da PSP e do próprio Ian Martin que chefiou a missão das Nações Unidas".
Elogio a Pereira Gomes e... Passos
Para o final do comunicado, o primeiro-ministro guarda uma palavra para Pereira Gomes, por ter aceitado o convite, manifestando o seu "respeito" pela "forma digna" como lhe "comunicou a sua indisponibilidade para exercer estas funções" - "decisão que não posso deixar de aceitar", acrescentou.
E deixou outra palavra de apreço para Passos Coelho e o PSD, com uma farpa aos partidos que à esquerda têm apoiado o executivo socialista no Parlamento. "Dei prévio conhecimento desta decisão ao líder da oposição, registando o elevado sentido de Estado com que os partidos da oposição agiram na presente circunstância."