Costa é avesso a remodelações. Só três ministros caíram

Azeredo Lopes é o terceiro ministro do Governo de António Costa a demitir-se. Nos secretários de Estado, as mudanças já foram para cima de uma dúzia.
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Um 'post' no Facebook a prometer - retoricamente, é certo - "um par de bofetadas" a dois cronistas do jornal Público, Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente.

Foi por causa da tempestade desencadeada por este texto, publicado em 8 de abril de 2016, que o então ministro da Cultura, João Soares, se demitiu. Costa disse então publicamente que os ministros não se podem dar ao luxo de ter "conversas de café" na internet. João Soares, pelo seu turno, disse que deixava o Governo por recusar ter a sua liberdade de expressão condicionada pelo facto de ser ministro.

Com ele saiu também a sua secretária de Estado, Isabel Botelho Leal. Soares foi substituído pelo diplomata-poeta Luís Filipe Castro Mendes e a secretária de Estado por Miguel Honrado. Continuam ambos em funções.

Aproveitando o momento, deu-se também a demissão do secretário de Estado da Juventude, João Wengorovius Meneses, em colisão com o seu ministro, Tiago Brandão Rodrigues (Educação). Wengorovius foi substituído por um deputado do PS, João Paulo Rebelo.

A segunda demissão ministerial foi de Constança Urbano de Sousa, da pasta da Administração Interna. A ministra sobreviveu aos 66 mortos do incêndio de Pedrógão, em junho de 2017. Já não aconteceria o mesmo com a segunda vaga de incêndios fatais, em 15 de outubro, em vários concelhos do centro e do norte do país (45 mortos).

Na carta de demissão revelou que na verdade já tinha havia a demissão logo após os incêndios de Pedrógão, permanecendo no Governo durante todo o verão apenas por pressão do primeiro-ministro. Constança Urbano de Sousa, agora deputada, demitiu-se em 21 de outubro de 2017. Com ela caiu também o seu secretário Jorge Gomes (não seria substituído). Para ministro da Administração Interna foi Eduardo Cabrita, que assim deixou o cargo de ministro-adjunto. Este posto seria ocupado por um amigo pessoal de longa data de Costa, o advogado Pedro Siza Vieira.

Na enxurrada foi também a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino, aparentemente devido a choques de personalidade com a sua ministra, Maria Manuel Leitão Marques (ministra da Presidência). Catarina Marcelino, agora deputada do PS, foi substituída por Rosa Monteiro.

Antes, em 14 de julho, tinha-se dado uma minirremodelação de sete secretários de Estado, mexida desencadeada pela saída de três deles por terem sido constituídos arguidos no caso das viagens a França oferecidas pela Galp durante o Euro 2016: Fernando Rocha Andrade (Assuntos Fiscais), João Vasconcelos (Indústria) e Jorge Oliveira (Internacionalização).

À boleia dessa remodelação, Costa deu ordens aos ministros para "limparem" os seus gabinetes, em o querendo fazer. Saíram também Miguel Prata Roque (Presidência do Conselho de Ministros), Margarida Marques (Assuntos Europeus), Carolina Ferra (Emprego Público) e Amândio Torres (Florestas).

A última demissão antes da hoje ocorrida teve lugar em dezembro de 2017. Apanhado no caso da Raríssimas, Manuel Delgado demitiu-se de secretário de Estado da Saúde, sendo substituído por Rosa Zorrinho.

A demissão do ministro da Defesa implica também a demissão, automática, do seu único secretário de Estado, Marcos Perestrello. Não se sabe se será reconduzido (ou até promovido a ministro...).

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