17 portugueses retidos em Wuhan serão rastreados antes e após o voo para Portugal

A ministra da Saúde afirmou que está a ser estudada e preparada a possibilidade de quarentena ou de isolamento dos portugueses que chegarem ao país de Wuhan, o epicentro do surto do novo vírus. "Depende das condições clínicas e do historial" de cada cidadão, explicou. Os 17 portugueses que estão retidos na cidade chinesa vão ser retirados na sexta-feira
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Portugal está a preparar a chegada dos cidadãos nacionais que estão retidos na cidade chinesa de Wuhan, o epicentro do novo coronavírus - surto já fez 170 mortos e infetou mais de 7700 pessoas -, seguindo os protocolos internacionais das entidades competentes para este tipo de situações, referiu a ministra da Saúde.

Questionada sobre se os portugueses de Wuhan vão ficar em quarentena ou em isolamento, Marta Temido afirmou esta quinta-feira que essa possibilidade "está a ser estudada" e preparada. "Depende das condições clínicas e do historial" de cada cidadão, explicou aos jornalistas. "Qualquer suspeita será encaminhada de imediato", acrescentou.

Os 17 portugueses retidos na cidade chinesa de Wuhan, onde teve origem um novo coronavírus, tendo sido colocada sob quarentena, vão ser retirados na sexta-feira, disse um deles à Lusa. E, de acordo com o Público , deverão chegar ao terminal de Figo Maduro, em Lisboa, no sábado de manhã.

Os portugueses a retirar da China serão rastreados antes de iniciarem a viagem e na chegada ao aeroporto, disse a ministra da Saúde, adiantando que Portugal ainda está a estudar a hipótese de um espaço de confinamento.

"Cada um destes cidadãos terá uma consulta com a autoridade [de saúde] à chegada, que terá integrado um médico, que aplicará um inquérito epidemiológico e um inquérito sobre a história clínica recente de forma a garantir que qualquer suspeita é logo identificada e encaminhada adequadamente", avançou Marta Temido, que falou aos jornalistas à margem da apresentação do Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde, que decorreu no Ministério da Saúde.

A ministra explicou que o rastreio, que será feito através de uma avaliação clínica e física, que inclui a medição da febre, será feito no aeroporto, o que não quer dizer que não haja uma avaliação complementar se for necessária. De acordo com informação que dispõe, Marta Temido disse que vão regressar a Portugal cerca de dezena e meia de portugueses, mas ressalvou que "poderão ser menos, porque alguns concidadãos optaram por não deixar a China por várias razões".

A data precisa do regresso dos portugueses ainda é desconhecida, afirmou a ministra, sublinhado que ainda estão "a trabalhar para perceber a que horas chegam, quem são as pessoas e outras informações indispensáveis".

Disse ainda que o Ministério da Saúde está a acompanhar toda esta situação através da Direção-Geral da Saúde. "A diretora-geral da Saúde [Graça Freitas] está neste momento a coordenar um conjunto de diligências que temos de ter preparadas para quando for necessária a intervenção do Ministério da Saúde", referiu.

O que está preparado, salientou, é "um dispositivo que segue os protocolos internacionais definidos para o acolhimento" dos portugueses quando chegarem a território nacional. "As autoridades estão a trabalhar para garantir que os portugueses que regressem tenham o acompanhamento adequado ao seu estado", assegurou.

"Vamos seguir de perto aquilo que são os protocolos que estão definidos pelas entidades competentes e estamos a acompanhar também a conferência da Organização Mundial da Saúde sobre este tema", a qual se realiza esta quinta-feira.

Avião que vai fazer o repatriamento já descolou de Beja

Pouco antes do avião da companhia portuguesa Hi Fly descolar do aeroporto de Beja, o comandante Antonios Efthymiou afirmou que tudo estava preparado para a missão de repatriamento de cidadãos europeus desde Wuhan, salientando que foram tomadas todas as precauções. "É uma missão humanitária e temos orgulho em trazer as pessoas de volta. Podia ser a nossa família", sublinhou.

Quando questionado sobre se tem receio de fazer a missão, Antonios Efthymiou negou e disse "estar contente por fazer este voo e trazer as pessoas".

O Airbus A380, o maior avião comercial do mundo, partiu do aeroporto de Beja, porque, atualmente, é o único aeroporto em Portugal capaz de o receber e é onde a companhia Hi Fly tem uma das suas bases para estacionamento e manutenção de linha dos seus aviões.

Operação de repatriamento de europeus é "muito complexa", diz Augusto Santos Silva

O ministro português dos Negócios Estrangeiros disse, também esta quinta-feira, que a operação de repatriamento de portugueses e outros europeus residentes na cidade chinesa de Wuhan, onde teve origem um coronavírus perigoso, é muito complexa e exige discrição absoluta.

"Confirmamos que os portugueses residentes em Wuhan e que pediram repatriamento para Portugal estão inscritos na operação de repatriamento que está a ser organizada a nível europeu, com a participação de Portugal, mas essa operação, para ter sucesso, precisa de ser rodeada da discrição e da prudência necessárias", afirmou à Lusa o ministro Augusto Santos Silva.

O ministro explicou que a "operação é muito complexa, quer do ponto de vista logístico, quer do plano diplomático", tendo exigido uma delicada montagem e coordenação dos países europeus.

A operação "também exige coordenação com as autoridades chinesas, designadamente com as autoridades da saúde pública, cujas autorizações são indispensáveis para que a operação possa ser realizada", adiantou.

De acordo com o comandante Antonios Efthymiou, o voo partiu para Paris, França, e na sexta-feira viajará para Hanói, no Vietname, de onde, depois, seguirá para a China.

Sobre estas informações, Santos Silva não quis avançar pormenores. "Não tenho nenhuma informação a dar sobre os pormenores técnicos da operação de repatriamento", disse, acrescentando que "quando for oportuno divulgar publicamente pormenores - como o dia e hora de chegada ou as medidas a que serão sujeitos os portugueses uma vez repatriados - as autoridades portuguesas competentes fá-lo-ão".

O ministro dos Negócios Estrangeiros avançou, no entanto, que a operação visa o repatriamento "de cidadãos europeus residentes em Wuhan ou na zona envolvente", ou seja, pessoas que estão, neste momento, em regime de quarentena.

"O que nós pedimos às autoridades chinesas é que seja aberta uma exceção nesse regime de quarentena para permitir que cidadãos europeus possam ser repatriados para os respetivos países", explicou o ministro, sublinhando que "o objetivo principal é que a operação se realize com todas as condições de segurança e eficácia".

Para isso acontecer, reiterou, "quanto mais contidos formos nas informações e efabulações sobre os seus aspetos logísticos e técnicos, melhor".

Segundo os dados oficiais mais recentes, quase 60% dos mais de 7700 casos confirmados até agora em todo o país ocorreram na província de Hubei, onde foram registadas 162 das 170 mortes devido ao coronavírus (família de vírus que causa pneumonias), mas há já casos em todas as províncias e regiões autónomas do país.

Além do território continental da China, foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Índia, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália, Canadá, Alemanha, França (primeiro país europeu a detetar casos), Finlândia e Emirados Árabes Unidos.

O governador da província de Hubei reportou esta quinta-feira a "grave escassez" de meios médicos para lidar com o surto. A doença já fez 170 mortos e a Organização Mundial de Saúde (OMS) volta a reunir-se para avaliar se deve deve ser declarado emergência de saúde pública internacional.

Segundo a cadeia televisiva estatal CCTV, Wang Xiaodong destacou a gravidade do surto em Huanggang, a segunda cidade de Hubei a ser colocada sob quarentena depois de Wuhan, a capital da província.

Com cerca de 7,5 milhões de habitantes, Huanggang fica a 76 quilómetros de Wuhan, e reportou já 496 casos de pneumonia causada pelo coronavírus e 12 mortes.

Um hospital dedicado ao tratamento da doença foi aberto em Huanggang na terça-feira, e Wang prometeu que o governo regional não permitirá que a cidade se torne na "segunda Wuhan", que é o epicentro da doença.

Um funcionário da saúde em Huanggang citado pela CCTV indicou que os suprimentos médicos no (...) hospital dão apenas para um dia de trabalho. "Não podemos receber pacientes sem máscaras e fatos de proteção. Eles estão quase esgotados e não temos como os comprar", acrescentou.

"Alguns dos nossos médicos estão a usar capas de chuva e sacos de lixo descartáveis para se protegerem", descreveu.

Marcelo diz que Portugal está a acompanhar a situação

O Presidente da República afirmou esta quinta-feira que Portugal está "a acompanhar atentamente" a situação dos portugueses que vão ser trazidos da China devido ao novo coronavírus e "em colaboração permanente" com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em declarações aos jornalistas, no final de uma visita a uma fábrica de cerâmica no concelho de Sintra, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "Portugal já teve ocasião de sugerir ou apelar a portugueses para que eventualmente repensem as suas deslocações para lugares que possam ser considerados de maior risco".

Questionado se Portugal está preparado para enfrentar o novo coronavírus, que foi detetado em dezembro na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei, o chefe de Estado respondeu que "o Governo acompanhou desde o início a situação dos portugueses na República Popular da China".

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que pessoalmente é "testemunha disso", porque tem netos a viver na China, que lhe contaram "a situação vivida e as medidas tomadas lá". "Portugal está a acompanhar atentamente aqueles portugueses que quiseram vir e estão quase a chegar como repatriados, os que não quiseram vir exerceram a sua liberdade de escolha. Mas, além disso, há todo um conjunto de medidas tomadas para garantir que, uma vez chegados, estão criadas as condições adequadas para lidar com a sua situação", afirmou.

O Presidente da República acrescentou que, "além disso, Portugal está em colaboração permanente com a OMS, que vai apreciar a matéria e que formulará recomendações".

China produz oito milhões de máscara por dia

A agência noticiosa oficial Xinhua informou esta quinta-feira que o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, sublinhou a necessidade de garantir equipamento médico para combater a pneumonia viral.

O ministério da Indústria e Tecnologia de Informação da China indicou que a falta de máscaras se deve em parte ao aumento da procura, numa altura em que a China - que fabrica 50% das máscaras no mundo - está a produzir oito milhões de unidades por dia.

Entre os planos para garantir o fornecimento está o aumento da produção e banir as exportações de máscaras e aumentar a importação.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou para esta quinta-feira o Comité de Emergência para determinar se este surto vírico deve ser declarado uma emergência de saúde pública internacional.

Suspensas todas as competições de futebol na China

A Associação Chinesa de Futebol anunciou esta quinta-feira a suspensão, até novo aviso, de todas as competições, incluindo a liga principal, devido ao surto do novo coronavírus.

Numa breve nota no seu 'site', a associação disse que "para cooperar com a prevenção e controlo" do surto e "para garantir a saúde" de jogadores, funcionários e adeptos, o início da temporada de 2020 será adiado para "partidas de futebol de todos os níveis no país".

A nova temporada estava programada para começar em 22 de fevereiro.

A mesma entidade não estabeleceu nenhum calendário para as competições de futebol e simplesmente apontou - como o resto das instituições chinesas que anunciaram encerramentos ou suspensão de serviços - que as informações a esse respeito "serão publicadas em tempo oportuno".

A Associação Chinesa de Futebol afirmou que continuará em "contacto próximo" com as autoridades nacionais e que será estabelecido um calendário para as competições com os ajustes necessários, à medida que o surto se desenvolver nas diferentes regiões do país.

Por outro lado, anunciou que as equipas que disputam a Liga dos Campeões da Ásia vão jogar fora os três primeiros jogos que planeavam disputar nos seus estádios.

Rússia encerra fronteiras

A Rússia anunciou o encerramento da sua fronteira terrestre com a China ao tráfego rodoviário e ligações ferroviárias, medidas para impedir que o novo coronavírus se dissemine no país.

A vice-primeira-ministra, Tatiana Golikova, acrescentou que as ligações por fronteira terrestre vão estar encerradas a partir da meia-noite desta quinta-feira e até 1 de março.

Golikova disse ainda que as autoridades vão tomar "nos próximos dias" uma decisão sobre as ligações aéreas entre a Rússia e a China, e que os estudantes chineses que estiveram de férias no decurso do Novo Ano Lunar apenas poderão retomar os seus estudos em território russo a partir de 01 de março.

Na Rússia ainda não foram detetados casos positivos do novo coronavírus, e as autoridades estão a reforçar as medidas de prevenção nas fronteiras e a efetuar testes hospitalares a todos os viajantes procedentes da China.

Londres enfrenta problemas burocráticos para repatriar 200 britânicos

O Reino Unido está a negociar com as autoridades chinesas o repatriamento de cerca de 200 britânicos depois de não ter conseguido finalizar esta quinta-feira o regresso dos seus cidadãos conforme planeado, disseram fontes oficiais.

O governo de Boris Johnson planeava repatriar esta quinta-feira os seus cidadãos que estão na cidade de Wuhan e na província de Hubei, foco do novo coronavírus (2019-nCoV), para transferi-los para uma base militar britânica e depois colocá-los em quarentena por 14 dias.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico indicou que este voo não partirá da China e que outros países estão na mesma situação, devido, segundo os meios de comunicação, a problemas burocráticos.

"Continuamos a trabalhar com urgência para organizar um voo para o Reino Unido o mais rápido possível. Continuamos em contacto próximo com as autoridades chinesas e as negociações continuam em todos os níveis", disse uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O vice-ministro para as Escolas, Nick Gibb, disse à rede SkyNews que existem "alguns problemas" atualmente negociados no mais alto nível entre os governos britânico e chinês.

"Nossa prioridade é garantir a segurança e o bem-estar dos cidadãos britânicos em Wuhan e garantir que retornem ao Reino Unido o mais rápido possível", acrescentou Gibb.

Índia confirma primeiro caso

Segundo as autoridades indianas, um aluno que estava a estudar na Universidade de Wuhan, na cidade de Wuhan, a mais atingida pelo surto do vírus, apresentou resultado positivo para o vírus.

O ministério indiano referiu na nota que o aluno está isolado e a ser vigiado num hospital. Não ficou claro quando o aluno voltou da China para a Índia.

Os passageiros que viajaram para a China recentemente estão a ser vigiados em relação aos sintomas característicos provocados pelo novo coronavírus, em pelo menos 20 aeroportos indianos.

O Ministério da Saúde indiano afirmou que todas as enfermarias com isolamento do país foram alertadas para se prepararem para um possível surto.

O Governo indiano disse, na quarta-feira, que planeia realizar dois voos para retirar os seus cidadãos da província de Hubei, na China, e isolá-los por 28 dias em Nova Deli.

Filipinas é o 19º país afetado pelo novo vírus

Também as autoridades das Filipinas confirmaram esta quinta-feira o primeiro caso no país do novo coronavírus (2019-nCoV), que já provocou 170 mortes na China, onde há mais de 7700 pessoas infetadas, e já atinge outros 18 países.

O secretário de Saúde filipino, Francisco Duque, disse que a pessoa contagiada é mulher chinesa, de 38 anos, viajou de Wuhan, na China continental, via Hong Kong, para as Filipinas no dia 21 de janeiro.

A mulher procurou tratamento médico no dia 25 de janeiro devido a uma tosse leve e foi confirmado hoje que a mulher foi infetada pelo 2019-nCoV, disse Duque, numa conferência de imprensa.

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