Condutor baleado pelos assaltantes ainda salvou mulher e filha de 7 anos

Polícias procuram seis suspeitos que estarão envolvidos no assalto a uma carrinha de valores
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Pelos menos seis homens encapuzados, vestidos de negro e armados de caçadeiras de canos serrados, continuavam, à hora do fecho desta edição, a ser procurados por PJ, GNR e PSP. O grupo, que tinha assaltado uma carrinha de transporte de valores, ao início da tarde de domingo, junto a um hipermercado em Lourel, Sintra, acabou por matar um homem na sua fuga.

Quando foi atingido pelas munições dos assaltantes, o homem conduzia o seu carro, um Mercedes, na autoestrada A16 na companhia da mulher e da filha de 7 anos, que assistiram ao filme de brutal violência ao vivo. Segundo o que o DN soube junto de fontes policiais, a munição - um cartucho do tipo dos habitualmente utilizados para a caça grossa - entrou pela chapa da viatura e atingiu o homem gravemente. Ainda assim, ferido de morte, conseguiu manter o carro em andamento acelerado durante mais um quilómetro, deixando os bandidos para trás, até chegar às portagens de Algueirão-Mem Martins, com a família sã e salva. Já inconsciente, ainda foi assistido pelos serviços de emergência médica, que tentaram manobras de reanimação. Foi levado numa ambulância para o Hospital de São Francisco de Xavier, onde chegou já cadáver.

Além desta vítima mortal, o grupo armado deixou para trás um rasto de violência que surpreendeu os próprios investigadores. Primeiro, à chegada ao hipermercado, onde dispararam vários tiros para o ar, para afastar os populares que ali se encontravam. Prova disso foi a quantidade significativa de invólucros de cartuchos encontrados no chão. O ruído destes tiros é semelhante aos de foguetes a estoirar junto aos ouvidos.

Os assaltantes, pelo menos seis, segundo testemunhas e fontes policiais, chegaram em dois carros roubados, um pequeno Audi A3 de três portas e uma carrinha Audi. Ainda não se sabe porquê, mas, depois do assalto à carrinha, acabaram por entrar todos para o pequeno Audi, com os sacos do dinheiro e as caçadeiras, abandonando a carrinha. É possível que o excesso de peso tenha descompensado o equilíbrio do automóvel e provocado o despiste, depois, na autoestrada. A seguir tentaram, à força de tiros, parar um carro para fugir.

"Não é muito normal assaltos a carrinhas de valores, neste tipo de contexto, serem realizados por um grupo tão numeroso. Habitualmente são dois ou três, com tarefas muito bem definidas, que planeiam e executam a operação cirurgicamente. Neste caso, dá ideia de que pode ter sido tudo combinado à pressa, sem uma preparação cuidada das funções de cada um, o que pode explicar a violência gratuita e a confusão com as viaturas", sublinha um investigador que já trabalhou nesta área.

Os automobilistas que a essa hora circulavam naquela via apanharam um susto de morte. Pelo menos seis homens de preto, encapuzados, de caçadeiras de canos serrados a disparar em direção aos carros. Como nenhum dos carros parou, passaram para a faixa do sentido contrário e foi aí que atingiram o homem. Nesta altura regressaram de novo à primeira via e conseguiram fazer parar um Citroën C3, onde seguia uma jovem condutora que conseguiu escapar, aterrada, enquanto os assaltantes seguiram viagem.

No terreno estão vários operacionais da Unidade Nacional de Contraterrorismo da PJ, que investiga o crime violento, que contam com o apoio da PSP e da GNR. O troço da A16 entre as portagens do Linhó e de Algueirão esteve cortado.

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