Rick Bright, antigo diretor da Autoridade Biomédica de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado (BARDA, na sigla em inglês), apresentou uma nova queixa a uma agência federal que investiga denúncias governamentais, queixando-se de ter sido relegado para um papel menor na sua nova missão, no Instituto Nacional de Saúde..A agência que investiga este tipo de denúncias tinha determinado anteriormente que havia "indícios razoáveis" de que Bright fora afastado do cargo após ter tentado avisar a Casa Branca e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, no início deste ano, de que o país não estava preparado para o surto de coronavírus..Bright é um especialista em gripe e doenças infecciosas, com 10 anos de experiência na agência biomédica, em particular no desenvolvimento de vacinas..No Instituto Nacional de Saúde deveria estar a trabalhar em testes ao coronavírus, mas alega que foi bloqueado..A agência que Bright liderava até ser transferido é uma unidade do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos que estuda medidas de combate a doenças infecciosas e bioterrorismo..Antes de ser sumariamente transferido em abril, Bright tinha tido uma avaliação de desempenho que considerava o seu trabalho "excecional"..Na queixa inicial apresentada em maio, Bright disse que a gota de água que teria precipitado o seu afastamento aconteceu quando resistiu aos esforços para inundar a área de Nova Iorque com hidroxicloroquina, um polémico medicamento contra a malária que Trump defendeu como alternativa para o tratamento da covid-19..Bright disse que defendeu a limitação do uso do medicamento a ambientes controlados, como hospitais que tratam pacientes com covid-19..Desde então, Trump revelou ter tomado hidroxicoloroquina, aparentemente para tentar prevenir a infeção, depois de vários funcionários da Casa Branca terem testado positivo..A Administração de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos revogou recentemente a sua aprovação do uso de emergência para o medicamento, citando riscos cardíacos conhecidos e benefícios não comprovados contra o coronavírus..O uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 tornou-se objeto de um debate político em todo o mundo e de clivagem na opinião pública..O cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, afirmou na semana passada que está provado que o antimalárico não evita a mortalidade em doentes com covid-19 hospitalizados..A França, onde um controverso médico, o professor Didier Raoult, defendeu a hidroxicloroquina, proibiu em 28 de maio o uso deste medicamento contra a covid-19..A pandemia de covid-19 já provocou quase 484 mil mortos e infetou mais de 9,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP)..A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China..Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.