Christian Louboutin: "Usar saltos-altos é uma forma de liberdade"

Designer francês afirma que as mulheres devem ter a liberdade de usar os sapatos de salto muito alto se quiserem. Exposição em Paris mostra os 30 anos de carreira do criador dos célebres sapatos de sola vermelha.
Publicado a
Atualizado a

Os saltos muito altos podem ser uma forma de liberdade para as mulheres, diz o lendário designer de sapatos francês Christian Louboutin. Apesar de algumas feministas verem os saltos vertiginosos como escravidão sexual, Louboutin, de 57 anos, acredita no contrário - mesmo que isso signifique que as mulheres têm de caminhar lenta e cuidadosamente sobre os seus sapatos de sola vermelha. "As mulheres não querem deixar de usar salto alto", disse o estilista à AFP antes da inauguração de Christian Louboutin, Exhibition [niste], uma exposição retrospetiva dos seus 30 anos de carreira, no Palais de la Porte Dorée, em Paris.

Louboutin também cria ténis e sapatos de salto raso, mas admitiu que, quando se trata dos clássicos de salto alto que o tornaram conhecido, o seu objetivo não é fazer sapatos confortáveis: "Nenhum sapato com salto de 12 cm é confortável ... mas as pessoas não vêm ter comigo à procura de um par de chinelos", disse Louboutin. "Não quero que as pessoas olhem para os meus sapatos e digam: 'Parecem realmente confortáveis!' O importante é que as pessoas digam: 'Uau, são lindos!' "

E se as mulheres não conseguirem correr nuns saltos assim e apenas puderem dar passinhos pequenos isso também pode ser positivo, considera. Os saltos super-altos não devem ser usados em todas as ocasiões, claro, mas permitem que as mulheres se expressem e se libertem das normas muito rígidas, diz o designer: "Ser mulher também significa desfrutar da liberdade de ser feminina, se se quiser".

Tendo aprendido sua arte com Roger Vivier, o homem que diz ter inventado o stiletto, Louboutin tornou-se um nome familiar nos anos 90 do século XX, depois de a princesa Carolina de Mónaco se ter apaixonado pelas suas criações. Depois disso, ele começou a ser requisitado por estrelas pop, como Madonna, Tina Turner ou Jennifer Lopez. Numa altura em que outras marcas de luxo, como a Dior, liderada pela estilista feminista Maria Grazia Chiuri, estavam a desvalorizar os saltos altos, Louboutin insistiu que eles ainda tinham lugar no guarda-roupa feminino. "As pessoas projetam-se a si mesmas e às suas histórias nos meus sapatos", comentou.

Louboutin revelou que o seu fascínio por saltos altos foi começou aos 10 anos de idade quando viu uma placa proibindo os sapatos num museu, de modo a salvar o piso em parquet. Uma curiosidade: isso aconteceu no Musée des Arts d'Afrique et d'Océanie, que se situava no palácio onde agora se realiza a exposição "Comecei a desenhá-los por causa dessa placa", explicou. "Acho que o facto de os saltos altos terem sido proibidos brincava no meu inconsciente. Havia também o mistério e o lado fetichista. O simples desenho de um sapato de salto alto costuma ser associado à sexualidade", acrescenta. Louboutin não esconde a sua alegria pelo facto de seus sapatos se terem tornado tão conhecidos e de o seu nome ser quase sinónimo de luxo e sensualidade, aparecendo em canções de rap, filmes e livros.

A exposição Christian Louboutin: L'Exhibition[niste] abre ao público na quarta-feira e pode ser visitada até 26 de julho. A curadoria é de Olivier Gabet, diretor do Musée des Arts Décoratifs, a exposição acompanha os 30 anos de carreira de Christian Louboutin, referindo as suas principais influências e os vários materiais que tem usado, e mostra algumas das peças mais icónicas deste criador mas também facetas menos conhecidas do seu trabalho.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt