Cerimónia simbólica do 10 de Junho nos Jerónimos com apenas oito presenças

Cerimónia simbólica nos Jerónimos só com oito presenças. "Será como achei que deveria ser o 25 de Abril e o 1.º de Maio", justificou Marcelo Rebelo de Sousa sobre as comemorações do 10 de Junho
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A "cerimónia simbólica" comemorativa do Dia de Portugal que se realizará no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, terá apenas oito presenças, incluindo o chefe de Estado e o presidente desta edição do 10 de Junho, Tolentino Mendonça.

A Presidência da República informou esta terça-feira que, além dos dois intervenientes na sessão, haverá seis convidados, que correspondem aos primeiros cinco lugares de altas entidades públicas na lista de precedências do Protocolo do Estado.

Esta lista é encabeçada pelo chefe de Estado, seguindo-se o presidente da Assembleia da República, em segundo lugar, o primeiro-ministro, em terceiro, os presidentes do Supremo Tribunal de Justiça e do Tribunal Constitucional, ambos no quarto lugar, e do Supremo Tribunal Administrativo e do Tribunal de Contas, os dois no quinto lugar.

O 10 de Junho será a primeira data nacional com comemorações da responsabilidade do Presidente da República nesta fase de pandemia de covid-19, depois do 25 de Abril, assinalado na Assembleia da República, e do Dia do Trabalhador, com organização sindical.

Na sequência da polémica em torno das celebrações do 1.º de Maio pela CGTP-IN, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que esperava "uma comemoração simbólica" e "mais restrita, mais limitada".

"O 1.º de Maio, como o 25 de Abril, como o 10 de Junho são cerimónias nacionais, a que correspondem feriados nacionais, e pareceu-me a mim óbvio, para que se não dissesse que a democracia estava suspensa com o estado de emergência, que deviam ser celebrados, simbolicamente", declarou, na altura.

O Presidente da República escolheu o teólogo e poeta madeirense José Tolentino Mendonça, entretanto elevado de arcebispo a cardeal, para presidir à comissão organizadora da edição deste ano das comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, inicialmente previstas para a Madeira e África do Sul.

No final de março, o chefe de Estado comunicou por carta ao presidente da Assembleia da República, ao primeiro-ministro e às autoridades da Madeira a sua decisão de cancelar as comemorações na Madeira e na África do Sul devido à pandemia da covid-19.

Mais tarde, anunciou que o 10 de Junho seria assinalado com uma "cerimónia simbólica" junto ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.

De acordo com uma nota divulgada na segunda-feira, o programa terá início no exterior do Mosteiro dos Jerónimos, pelas 11:00, com o içar da bandeira nacional, a execução do hino nacional, 21 salvas por unidade naval da Armada fundeada no rio Tejo e sobrevoo de homenagem por uma esquadrilha de aeronaves F-16 da Força Aérea.

Depois, na Igreja de Santa Maria de Belém, o Presidente da República irá depositar uma coroa de flores no túmulo de Luís Vaz de Camões e guardar "um minuto de silêncio em homenagem aos mortos ao serviço da pátria".

"Nos claustros do Mosteiro, irá usar da palavra o cardeal D. José Tolentino de Mendonça, presidente da comissão organizadora do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a que se segue a intervenção do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa que encerra as cerimónias", lê-se na nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet.

Em 2016, ano em que tomou posse como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa lançou um modelo inédito, acertado com o primeiro-ministro, António Costa, em que as celebrações do Dia de Portugal começam em território nacional e se estendem a um país estrangeiro com comunidades emigrantes portuguesas.

Nesse ano, o Dia de Portugal foi celebrado entre Lisboa e Paris. Em 2017 as comemorações foram no Porto e nas cidades brasileiras do Rio de Janeiro e São Paulo, em 2018 dividiram-se entre Ponta Delgada, nos Açores, e as cidades de Boston, Providence e New Bedford, na Costa Leste dos Estados Unidos da América, e em 2019 decorreram em Portalegre e Cabo Verde.

"10 de Junho será como achei que deveria ser o 25 de Abril e o 1.º de Maio"

À noite, à entrada para o Campo Pequeno, onde assistiu esta terça-feira ao espetáculo "Deixem o Pimba em Paz", do humorista Bruno Nogueira, o Presidente da República afirmou que a cerimónia do 10 de Junho em Lisboa, onde só haverá oito presenças, será como no seu entender deveria ter sido o 25 de Abril e o 1.º de Maio.

"Relativamente ao 10 de Junho, é como eu achei que devia ser o 25 de Abril, como eu achei que devia ser o 1.º de Maio. E como é organizado pelo Presidente da República, deve ser assim", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

Interrogado se estava a criticar a Assembleia da República, o chefe de Estado respondeu: "Não, o parlamento esteve muito bem no 25 de Abril". Confrontado com a diferença em termos de números de pessoas, referiu que a sessão solene no parlamento "teve menos de cem, apesar de tudo".

Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas antes de assistir ao espetáculo "Deixem o Pimba em Paz", tinha sido questionado sobre o motivo para a cerimónia do Dia de Portugal ter tão poucas pessoas, quando espetáculos como este juntam muitas mais.

Na resposta, o Presidente da República argumentou que a cerimónia do 10 de Junho "ou era assim, pequena, simbólica, ou passava para 500, 600, 700 pessoas, num espaço muito pequeno que é o claustro dos Jerónimos".

"A alternativa era haver Forças Armadas, centenas de militares, a prestar honras militares, a terem desfile e passagem de revista. Depois, de acordo com o protocolo, centenas de personalidades: embaixadores, altas individualidades", referiu, concluindo: "Foi uma escolha que foi feita".

* atualizada às 23.50 com declarações do Presidente da República

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