Só um incrível golpe de teatro - e já aconteceram no CDS - impedirá este domingo o eurodeputado Nuno Melo de ser consagrado como líder, no segundo e último dia do XXIX congresso do partido, a decorrer no pavilhão multiusos de Guimarães..Na primeira reunião máxima dos centristas depois do partido ter desaparecido do Parlamento, o essencial dos "senadores" uniram-se em torno de Nuno Melo. Este conseguiu, inclusivamente, reunir apoios das duas fações historicamente opostas no CDS, "portistas" e "monteiristas", começando pelos próprios Manuel Monteiro e Paulo Portas. Assim, dificilmente não vencerá os seus três oponentes: Miguel Mattos Chaves, Nuno Correia da Silva e Bruno Filipe Costa..Se na sexta-feira, Assunção Cristas já tinha declarado apoiar o eurodeputado - facto sem surpresas visto que ambos foram destacadas figuras no "portismo" -, sábado foi a vez do próprio Manuel Monteiro subir ao palco para também ele, declarar que votaria Nuno Melo..Monteiro há vinte anos que não discursava num congresso do partido que liderou entre 1992 e 1998. E foi recebido de braços abertos pelos congressistas, várias vezes interrompido por aplausos..Este sábado foi a vez de Monteiro apoiar Melo - e hoje será Paulo Portas. O próprio o anunciou, em comunicado: "Irei amanhã [hoje] a Guimarães dar o meu voto a Nuno Melo e às suas listas. Desde que deixei a política ativa, nunca usei esse voto de inerência. Fui presidente do CDS durante 16 anos e sei bem que os resultados das últimas eleições colocaram o partido numa situação de muito risco. Admiro a determinação de Nuno Melo em ser candidato num momento tão difícil. Em consciência, sinto que é meu dever, como antigo líder, dar-lhe esse sinal de confiança. Isso não significa qualquer regresso à política partidária ou às suas dialéticas. É um gesto devido numa circunstância excecional.".Monteiro, ele próprio, também chegou este sábado a Guimarães garantindo que está totalmente fora de causa pensar-se no seu nome para um dia voltar a liderar o CDS. Assim que entrou no pavilhão foi questionado sobre isso pelos jornalistas: "Ah, olhe que não, olhe que não", respondeu..O dia serviu também para o agora ex-líder Francisco Rodrigues dos Santos fazer o seu discurso de despedida. Um discurso onde, como sempre, não se esqueceu de disparar sobre a direção que o antecedeu (de Assunção Cristas) e sobre os que lhe "dinamitaram a liderança". "Que mais nenhum presidente do CDS tenha de ser confrontado com militantes do seu partido, mais ou menos destacados, a desaconselhar o voto no CDS, ou recomendar, aos eleitores, que votem noutro partido", apelou..joao.p.henriques@dn.pt