"O mundo pode ter-se acostumado com Ivanka e Jared (Trump) na Casa Branca, mas os laços familiares estão a causar grande comoção na política portuguesa". É assim que começa o artigo do Politico sobre a polémica em torno dos laços familiares no executivo liderado por António Costa. Laços que estão a "causar comoção na política portuguesa", refere o jornal..Depois desfia as relações de parentesco entre ministros, secretários de Estados, membros dos gabinetes, lembrando que "o escândalo" está "a ferver há várias semanas", mas ganhou força na terça-feira quando o jornal espanhol El País publicou um artigo contundente sobre as recentes nomeações..A nível interno, o Politico recupera as palavras do líder do PSD, Rui Rio: "O Conselho de Ministros parece um jantar de Natal". E a ideia de que pior do que ter parentes no governo era os socialistas considerarem normal..O jornal aproveitou um balanço feito pelo Jornal Económico sobre os parentescos no governo, que detetou 27 pessoas com laços familiares umas com as outras, ou com altos políticos socialistas. Destaca o caso do recém-nomeado ministro da Infraestrutura, Pedro Nuno Santos, cuja esposa, Ana Catarina Gamboa, é chefe de gabinete de Duarte Cordeiro, secretário de Estado para os Assuntos Parlamentares.Mas também o caso de Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do Partido Socialista, cujo irmão António Mendonça Mendes trabalha como secretário de Estado para assuntos fiscais, enquanto a sua esposa, Patrícia Melo e Castro, é membro do pessoal do primeiro-ministro..O Politico recupera as críticas da oposição. "É contra o princípio da imparcialidade. Não há paralelo em qualquer governo democrático europeu de tal quantidade de relações cruzadas numa estrutura governamental", disse Paulo Rangel, eurodeputado português e vice-presidente do grupo do Partido Popular Europeu, ao Politico. "O primeiro-ministro António Costa precisa de explicar este assunto.".O Bloco de Esquerda, que juntamente com o Partido Comunista apoia o governo socialista no parlamento, também criticou as nomeações de Costa, ainda que de maneira mais branda. A líder do bloco, Catarina Martins, pediu que o governo se envolva em "reflexão" sobre os laços familiares no poder executivo, acrescentando que "a democracia requer mais espaço para respirar", refere o jornal.