Cartazes: Coligação usa figurantes de banco de imagens para passar mensagem de sucesso
A polémica com os cartazes do PS fez disparar os caracteres e as críticas nas redes sociais. O diretor da campanha socialista, Ascenso Simões acabou por se demitir. Mas no partido de António Costa rapidamente houve quem virasse baterias para propaganda política do adversário: nos outdoors da coligação Portugal à Frente (PaF) foram detetados figurantes estrangeiros de um banco de imagens.
E foi no Facebook que se multiplicaram os exemplos dos cartazes e da réplica dos mesmos rostos em anúncios publicitários dos mais diversos. Desde a promoção de uma clínica de Wisconsin (ver fotolegendas), até à promoção de azeite húngaro.
"O que fizemos é o que mandam as boas práticas nacionais e internacionais em termos de comunicação", disse ao DN o diretor de campanha da coligação PaF. José Matos Rosa afirma que o PSD "utiliza muitas vezes bancos de imagens" e compra as que precisa para as várias plataformas do partido.
Sem querer pronunciar-se sobre os polémicos outdoors socialistas, Matos Rosa frisa que nos cartazes da coligação PSD/CDS "não há colagem das pessoas aos temas", aquelas pessoas servem "para humanizar as mensagens" e não para contar histórias pessoais.
De resto, a única voz que se ouviu entre os altos quadros dos dois partidos foi a de Diogo Feio, que na SIC Notícias, em debate com o socialista Eurico Brilhante Dias, defendeu que "o PS não reconheceu o que se passou em 2011", nem as exigências da troika, daí que não entenda que de 2013 para cá "o ciclo económico está em franca melhoria". Daí ter criado "falsos casos" nos seus cartazes.
Ora, os cartazes da coligação espalhados pelo país fazem apenas apelo à melhoria das condições económicas do país, seguindo o guião da narrativa do PSD e do CDS para a campanha eleitoral. Passam pelas mensagens sobre o crescimento do turismo, pelo aumento do investimento, do emprego e das exportações e remetem para a recuperação da confiança dos portugueses.
As imagens de Passos (e Portas)?
O diretor de campanha da coligação defendeu ao DN a eficácia dos outdoors e sublinhou que estão há vários meses na rua, sem serem substituídos por outros.
"Vamos usar os meios com parcimónia e escusamos de intoxicar as pessoas com poluição visual", afirmou ao DN. O investimento será feito nas redes sociais e, sobretudo, no contacto pessoal, rua a rua, porta a porta. "Temos tudo programado até 4 de outubro (dia das eleições legislativas) e os dois partidos estão a trabalhar em perfeita sintonia". Aliás, diz, as equipas que estão a trabalhar nos conteúdos de pré e de campanha nos domínios gráfico, audiovisual e redes sociais é formada pelos elementos do PSD e do CDS.
Já uma fonte da direção do CDS é contundente sobre aquele tipo de propaganda. "Por mim, nem havia cartazes. Não acho que tenham um impacto significativo na campanha", frisa ao DN, corroborando a tese de que a aposta da coligação vai passar pelo "contacto direto com as pessoas".
Matos Rosa admitiu que,mais perto da campanha eleitoral, a coligação lance um novo cartaz, mas não revelou se será focado na imagem do candidato a primeiro-ministro pelo Portugal à Frente, no caso Pedro Passos Coelho.
E outra fonte centrista também deixa em aberto esse cenário, embora não adiante se o rosto de Paulo Portas surgirá ao lado do de Passos Coelho - ou noutro modelo, autónomo, de cartaz. "A campanha ainda está numa fase embrionária", reforça.
Rui Calafate, consultor de comunicação, considera "normal" que, nesta primeira fase, os cartazes da coligação não se centrem na figura de Passos Coelho, visto que a coligação "está é preparada para falar do trabalho que conseguiu realizar". O primeiro-ministro e recandidato ao cargo ainda está, na sua opinião, "associado a uma governação que aborreceu muito os portugueses e provocou muita dor em termos de austeridade nas famílias, na classe média, nas empresas, nos pensionistas".
Mas, afirma, "tenho quase a certeza de que em cima da campanha virá para a rua a figura de Pedro Passos Coelho, porque é tradição, porque é a forma de apelar ao voto, e porque Passos irá tentar demonstrar que é a escolha certa face ao incerto que é António Costa".
Já João Tocha, também consultor de comunicação, sublinha que "taticamente, é compreensível que não se queira já cansar quem já esteve sujeito a muito desgaste". "Temos setembro e há outro discurso, da credibilidade e dos resultados, que interessa mais ao governo passar". E remata: "Passos e Portas aparecem todos os dias nos canais de televisão. Um minuto de televisão vale mais do que um milhão de cartazes."