Fecho de canídromo de Macau leva a movimento para salvar galgos
A Companhia de Corridas de Galgos de Macau vai ter de abandonar o canídromo até dia 20 de julho, anunciaram na quinta-feira as autoridades, que recusaram o pedido da empresa para prolongar o contrato de exploração das corridas.
Em comunicado, a Direção de Inspeção e Coordenação de Jogos (DICJ) considerou que a proposta da concessionária, que na quarta-feira tinha pedido uma extensão de 120 dias do contrato, "mostra-se limitada para o contributo na promoção da economia" de Macau, "em termos de diversificação e desenvolvimento como um centro mundial de turismo e de lazer".
A companhia de corridas de galgos (Yat Yuen) tinha pedido, em 2017, ao Governo de Macau o prolongamento e alteração do mesmo contrato, solicitando autorização para transmitir corridas de galgos realizadas noutras regiões para a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), em vez das corridas de galgos realizadas no território.
"A transmissão das corridas de galgos realizadas noutras regiões para a RAEM, proposta pela Companhia de Galgos, transformaria a natureza lúdica e turística tradicional das corridas de galgos em meras apostas, algo que não se conforma com a estratégia política do Jogo Responsável que o Governo da RAEM promove", sublinhou.
"Aliás, a Companhia de Corridas de Galgos não tem observado as exigências do Governo da RAEM no que diz respeito ao destino e ao bem-estar dos galgos", adiantou.
As autoridades indicaram ainda que a proteção dos galgos "tem merecido especial atenção" dos residentes, ao mesmo tempo que as corridas de cães em outras regiões "têm vindo a ser suspensas" pelo mesmo motivo.
Por outro lado, a DICJ indicou que a proposta da Yat Yuen "não mereceu incentivo e apoio por parte do Governo", uma vez que representa "uma contradição dos valores de proteção dos animais".
Nesta proposta, a Yat Yuen, pertencente à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, pediu ainda às autoridades que fosse prolongado o aproveitamento do terreno onde se encontra o atual canídromo, por mais cinco anos, para cuidar dos respetivos galgos.
A 2 de julho, o Governo de Macau exigiu à Companhia de Corridas de Galgos (Yat Yuen) que apresentasse, até à passada terça-feira, um plano de realojamento dos animais não adotados após o fecho do canídromo, no final da próxima semana.
Em 2016, o Governo de Macau deu dois anos ao canídromo da cidade para mudar de localização e melhorar as condições dos cães usados nas corridas ou para encerrar a pista, considerada por organizações internacionais "a pior" do mundo.
No ano passado, a Sociedade Protetora dos Animais de Macau (Anima) lançou uma petição internacional para conseguir que cerca de 650 galgos do canídromo fossem adotados. Desde então, 50 instituições internacionais manifestaram-se, garantindo apoiar no plano de resgate ou comprometendo-se a encontrar casas adequadas para os cães.
A Anima está a resgatar galgos do canídromo de Macau que foram abandonados pelos seus adoptantes. À Teledifusão de Macau, o presidente da Anima, Albano Martins disse estar a receber pedidos de ajuda de donos de cães e defende que o executivo deve arranjar uma solução para os galgos. "O canidromo não tem hipóteses de tirar os animais de lá" a poucos dias do final da concessão, afirmou. "Acho que o governo vai ficar com a bola na mão. Vamos acreditar que o governo vai ter nesta fase final uma boa sugestão".
De acordo com a TDM, as soluções que têm sido falada passa pela entrega do Canídromo à Anima durante um ano ou que a gestão do espaço fique a cargo do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) com o apoio de associações de animais, sendo que tudo seria com encargos da Yat Yuen.
A Anima tem contado com o apoio de veterinários australianos, habituados a lidar com galgos, e lojas de animais tem oferecido descontos no tratamento deste animais.