Canavilhas pede demissão de jornalista. Público responde
Gabriela Canavilhas pediu ontem, num comentário no Twitter, a demissão da jornalista do Público que assinou o artigo sobre a manifestação de sábado pela escola pública. "Esta jornalista ainda não foi despedida por escrever factos falsos?", questionou a deputada do PS, que ainda catalogou como "estranha" a cobertura daquele jornal quanto ao assunto e realçou que "reportagem e opinião não são a mesma coisa", sugerindo à redatora que escreva nos espaços de opinião do jornal. Hoje, em resposta, no editorial, o Público defende que Canavilhas caiu na ratoeira dos números.
Em causa está o número de pessoas que alegadamente esteve presente na marcha em defesa da escola pública. No Público, no artigo intitulado "Manifestação pela escola pública junta alguns milhares de pessoas em Lisboa", a jornalista Clara Viana escreve que o "secretário-geral da Fenprof diz que estiveram mais de 80 mil na rua, mas segundo a PSP participaram na manifestação cerca de 15 mil pessoas".
A deputada do PS acusou a jornalista de escrever "factos falsos" e pediu a sua demissão.
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Ontem, confrontada pelo Observador, a ex-ministra da Cultura socialista desdramatizou o pedido de demissão e afirmou que usa o Twitter de forma "informal" e não oficial. "Foi um desabafo, uma coisa que se diz inopinadamente", disse ao site, mantendo, no entanto, a opinião de que o artigo é tendencioso.
Já hoje, o Público responde a Gabriela Canavilhas no editorial, considerando que esta "caiu na ratoeira dos números". O jornal refere que o apelo à demissão da jornalista foi feito de "forma populista" e constata o facto de ter recebido "cartas de leitores - quase iguais - indignados com essa notícia". O Público admite ter errado quando escreveu que os líderes do Bloco de Esquerda e do PCP estiveram no palco, quando estiveram frente ao palco, mas sobre a questão "que irritou Canavilhas" sugere que a deputada socialista terá preferido as notícias que apenas citaram os números avançados pela Fenprof.
"A deputada escreve como se a sua opinião fosse um facto científico inquestionável e não soubéssemos todos que a guerra dos números é sempre controversa e de natureza política", lê-se no editorial, que defende que "quem organiza tem paixão" e "quem é parte desinteressada é à partida mais distante e imparcial".
"A próxima vez que Canavilhas quiser acusa o Público de publicar 'factos falsos' deverá fazer melhor o seu trabalho de casa", conclui o editorial.