Numa intervenção no Parlamento, o chefe do Governo confirmou "com toda a humildade" que recebeu uma multa na semana passada pela participação num evento em junho de 2020, a qual pagou "imediatamente"..Johnson reiterou uma justificação anterior, alegando que esperava que o evento em causa seria uma reunião sobre a resposta à pandemia e não uma festa de aniversário.."Assim que recebi a notificação, reconheci a mágoa e a raiva e disse que as pessoas tinham o direito de esperar melhor do seu primeiro-ministro e repito isso novamente na Câmara agora. É precisamente porque sei que tantas pessoas estão com raiva e desapontadas que eu sinto um sentimento ainda maior de obrigação de cumprir as prioridades do povo britânico e responder (...) ao ataque bárbaro de (Presidente russo Vladimir) Putin contra a Ucrânia", disse..Prometeu também lidar com as "réplicas económicas da covid e da agressão russa", que está a causar o aumento dos preços da energia e bens de consumo..Porém, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, acusou Johnson de apresentar um "novo conjunto de distrações e distorções" para evitar a demissão.."O mal já está feito, o povo já decidiu, eles não acreditam numa única palavra que o primeiro-ministro diz, eles sabem o que ele é", declarou Starmer, acusando Johnson de ser "desonesto", palavra que retirou após as reclamações e a intervenção do presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle..Starmer exortou os deputados conservadores a atuarem de forma a "trazer decência, honestidade e integridade de volta à política e impedir a difamação de tudo o que este país representa"..O conservador Mark Harper, um antigo membro do Governo de David Cameron, destacou-se ao confirmar que iria subscrever uma moção de censura, considerando que Johnson "já não é digno do grande cargo que ocupa"..Mas a maioria dos restantes 'tories' mantiveram a confiança no líder..O Parlamento britânico decide na quinta-feira se o primeiro-ministro deve ser investigado por ter alegadamente mentido aos deputados sobre as "festas" que violaram as restrições da pandemia covid-19..Lindsay Hoyle revelou ter autorizado Keir Starmer a propor um debate e votação para que a questão seja alvo de um inquérito parlamentar, mas Boris Johnson não deverá estar presente porque tem previsto iniciar uma viagem oficial à Índia no mesmo dia..As normas ditam que um político deve demitir-se se mentiu deliberadamente na Câmara dos Comuns..Porém, uma decisão favorável ao inquérito implica o apoio de membros do Partido Conservador, que tem uma maioria absoluta..A oposição acusa Johnson de ter mentido deliberadamente no Parlamento, ao afirmar repetidamente que não tinha violado as restrições impostas para travar a propagação do coronavírus de proibir ajuntamentos numerosos em espaços abertos ou fechados..Na semana passada, o primeiro-ministro, a esposa, Carrie Johnson, e o ministro das Finanças, Rishi Sunak, foram multados por terem participado numa festa de aniversário de Boris Johnson a 19 de junho de 2020, quando o país ainda estava sob confinamento..Outros ajuntamentos em 2020 e 2021, a maioria em Downing Street, a residência e escritório oficiais do chefe do Governo, continuam sob investigação policial, escândalo que a imprensa denominou de "Partygate".