"Nada de beijos". Holanda reabre bordéis, mas com novas regras
Os bordéis holandeses, incluindo o famoso Bairro da Luz Vermelha de Amesterdão, reabriram na quarta-feira após terem estado encerrados durante um longo período de tempo devido ao coronavírus, com profissionais do sexo e clientes a terem que seguir novas regras para evitar infeções.
Os Países Baixos ordenaram o encerramento de todos os clubes de sexo em meados de março e planeava mantê-los fechados até setembro, mas recentemente antecipou a data devido à queda do número de casos de covid-19.
"Tenho a agenda completamente cheia" para quarta-feira, disse Foxxy (pseudónimo profissional), trabalhadora do sexo e ativista do Centro de Informações sobre Prostituição (PIC) de Amesterdão, à AFP.
"Fiz uma festa quando ouvi" o anúncio do governo a 24 de junho de que o trabalho sexual poderia recomeçar, disse Foxxy, que aluga um quarto num bordel fora do Bairro da Luz Vermelha.
"Toda a gente está tão aliviada por podermos voltar ao trabalho, pois muitos profissionais do sexo não obtiveram nenhum benefício por parte do governo. Por isso, é muito bom ganhar dinheiro novamente".
Embora menos restritivo do que outros países, o "confinamento inteligente" dos Países Baixos encerrou os clubes sexuais, que estão a reabrir mas, tal como cabeleireiros e massagistas que já foram autorizados a retomar as operações, as profissionais do sexo são incentivadas a verificar que os seus clientes não apresentam sintomas de covid-19.
"Antes de fazer uma marcação, tenho de verificar se o cliente está a sentir-se bem e se não apresenta sintomas ou se algum dos colegas de casa tem sintomas", disse Foxxy.
Outras medidas incluem "desinfeção e lavagem das mãos, limpeza dos lençóis a cada sessão". "Essas são as necessidades básicas. Mas não precisamos usar máscaras durante as datas de folga, graças a Deus", afirmou, acrescentando que "a maioria" das profissionais vai evitar estar cara a cara e beijos com os clientes.
O vice-primeiro-ministro holandês, Hugo de Jonge, disse na quarta-feira que "começa uma nova fase na abordagem ao coronavírus começa", mas pediu que as pessoas continuem vigilantes.
Os Países Baixos legalizaram a prostituição em 2000 e as profissionais do sexo precisam se registar na câmara de comércio local e pagar o imposto de renda. Atualmente, cerca de 7000 trabalham em Amesterdão, segundo dados oficiais.
Mas os grupos de pressão dos trabalhadores do sexo reclamam repetidamente que muitos não receberam benefícios durante o bloqueio.
"Sou uma trabalhadora independente, por isso posso obter alguns benefícios governamentais, mas conheço muitos outros setores que não conseguiram fazer isso e só puderam viver de suas economias", afirmou Foxxy.
Foxxy acrescentou que o Bairro da Luz Vermelha de Amesterdão "certamente" terá sido o mais afetado porque "muitas trabalhadoras do sexo" que frequentemente vêm do leste da Europa e da América do Sul retornaram aos seus países de origem durante o confinamento e ainda não tiveram permissão para regressar.