Bairro da Graça. Surto de covid-19 entre funcionários da junta de freguesia

Pelo menos dois trabalhadores da recolha do lixo e um dos funcionários que está ajudar na distribuição de ajuda alimentar testaram positivo. Junta de Freguesia vai fazer testes a 150 funcionários.
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No total, são 40 trabalhadores que fazem parte do polo de Higiene Urbana da freguesia de São Vicente, entre funcionários da recolha do lixo e da manutenção dos jardins. Pelo menos dois testaram positivo, nos últimos dias, à covid-19. O alarme tomou conta dos restantes funcionários e das suas famílias, uma vez que esta é uma das freguesias mais envelhecidas da capital - 42 por cento dos agregados são constituídos por idosos com mais de 65 anos, os mais vulneráveis à infeção pelo novo coronavírus.

Segundo fonte próxima dos funcionários, o primeiro a testar positivo foi um dos trabalhadores que está a ajudar na distribuição de ajuda alimentar a famílias carenciadas.

Depois, um dos trabalhadores da recolha do lixo foi testado após a mulher, que está grávida, apresentar sintomas da doença. Descobriram estar ambos infetados.

Um outro funcionário do mesmo polo começou a apresentar sintomas, no final da semana passada, e foi submetido a teste. Terá também acusado positivo, segundo informações recolhidas pelo DN.

​​​​​Natalina Moura, presidente da Junta de Freguesia de São Vicente - da qual faz parte o bairro da Graça, um dos mais antigos de Lisboa - confirmou um caso positivo e um outro que estará ainda a aguardar os resultados do teste.

O polo da Higiene Urbana está sob a alçada da Junta de Freguesia e Natalina Moura disse ter contactado o médico do Polo Clínico da junta para decidir o que fazer. Foi aconselhada a enviar o trabalhador para casa - "vai ficar isolado 12 dias", disse ao DN - e solicitou que este fizesse um teste à doença.

A responsável acrescentou que vai mandar testar 150 trabalhadores da Junta de Freguesia - todos os que trabalham na Higiene Urbana e também aqueles que estão a distribuir os cabazes do Banco Alimentar.

"Quem estava a trabalhar com esses dois funcionários está em casa, já não foi trabalhar", afirmou a presidente.

No entanto, uma fonte ouvida pelo DN disse que os trabalhadores da Higiene Urbana que estiveram em contacto com pelo menos um dos funcionários que testou positivo têm estado a trabalhar como habitualmente e não receberam ordens para ficar em casa. Também não sabem quando serão testados.

Ao DN, Natalina Moura disse que está à espera que os testes arranquem na sexta-feira de manhã.

Entretanto, fonte próxima dos trabalhadores disse ao DN que ao final do dia desta quinta-feira, os trabalhadores que estiveram em contacto com os dois funcionários infetados receberam a informação de que não se deverão apresentar ao trabalho amanhã.

Os testes terão início na próxima semana, entre terça e quarta-feira, segundo a mesma fonte.

Os 40 funcionários da Higiene Urbana de São Vicente têm estado o trabalhar em dois turnos desde o início da pandemia.

Nem todos residem na freguesia que em 2012 agregou as antigas freguesias da Graça, Santa Engrácia e São Vicente de Fora. Um dos funcionários infetados mora noutro concelho da Área Metropolitana de Lisboa.

Um outro foco da doença foi também detetado entre uma comunidade imigrante da freguesia de São Vicente.

"Ainda hoje [quinta-feira] foram detetados mais dois", disse uma outra fonte ao DN. São famílias que estão a receber ajuda alimentar da Junta de Freguesia.

O DN tentou, sem sucesso, contactar o Delegado de Saúde Pública da área a que pertence a freguesia de São Vicente.

Após a publicação da notícia do DN, a Junta de Freguesia de São Vicente (JFSV) publicou um post na sua página de Facebook onde afirma que "neste momento apenas 2 funcionários testaram positivo ao teste covid 19", embora a presidente da Junta de Freguesia tenha afirmado ao DN que ainda se aguardava o resultado do teste ao segundo trabalhador.

A informação de que um terceiro trabalhador da JFSV também testou positivo ao novo coronavírus foi avançada por fonte próxima do funcionário..

Surtos na Grande Lisboa. Ministra da Saúde diz que cerca "não se justifica"

Em Portugal, nas últimas 24 horas, foram confirmados mais 331 casos de covid-19. 93% dos novos casos dizem respeito à região de Lisboa e Vale do Tejo.

Apenas 22 dos 331 infetados não residem nesta zona e estão distribuídos pelo Norte (mais 15 infeções), pelo Centro (cinco) e pelo Alentejo (duas).

Dos oito óbitos declarados nas últimas 24 horas, cinco tinham local de residência na região Norte e três na Grande Lisboa.

Em 15 dias, a região de Lisboa e Vale do Tejo tornou-se o foco mais preocupante da pandemia. As taxas diárias relativas ao número de novos casos de infeção estiveram quase sempre acima dos 90%.

Os hospitais da região dizem ter capacidade de resposta, mas deixam um alerta: é preocupante. Tanto mais que as unidades começam a voltar ao funcionamento normal com mais urgências, cirurgias e doentes não covid-19.

Na terça-feira, a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, já tinha revelado que a transmissão comunitária do vírus, em Portugal, só existe nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e no Norte

Na última semana, a região de Lisboa registou um aumento de entre 200 e 300 infeções diárias.

"Naturalmente que, se houver alguma evolução da situação, que neste momento não está patente nos números de que dispomos, que exija uma medida dessa tipologia, isso poderá ser considerado", afirmou Marta Temido.

O mesmo disse o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, para quem uma cerca na área metropolitana de Lisboa nem é "conceptualmente possível".

No total, desde que a pandemia começou registaram-se 33 592 infetados, 20 323 recuperados (mais 244) e 1 455 vítimas mortais em Portugal.

(Notícia atualizada às 12.20)

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