Só a Grande Lisboa e o Norte têm focos de transmissão comunitária de covid-19

As regiões do Centro, Alentejo e Algarve têm "pequenos focos". Já os arquipélagos referem-se a "transmissão esporádica" do novo coronavírus, que, esta terça-feira, registou mais 195 novos casos e 12 vítimas mortais no país, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde.

Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais 12 pessoas e foram confirmados mais 195 casos de covid-19. Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), desta terça-feira (2 de junho), no total, desde que a pandemia começou registaram-se 32 895 infetados, 19 869 recuperados (mais 317) e 1436 vítimas mortais no país.

Ou seja, há, neste momento, 11 590 doentes portugueses ativos (valor encontrado quando se subtrai o número de curados e mortes ao total nacional), menos 134 que no dia anterior. A transmissão comunitária do vírus, em Portugal, só existe nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e no Norte, apontou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, durante a conferência de imprensa diária, a partir dos dados reportados pelas autoridades de saúde locais. No Centro há "apenas pequenos focos muito localizados". Alentejo e Algarve também se referem a "pequenos focos". Já a Madeira e os Açores a "transmissão esporádica".

Mais uma vez, a maioria dos novos casos (81%), notificados nas últimas 24 horas, concentram-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, que tem registado, na última semana, um aumento entre 200 e 300 infeções diárias. Hoje são mais 158. A situação gera preocupação nas autoridades de saúde nacionais e regionais e, por isso, esta segunda-feira, ministra, autarcas, DGS, ARS (Autoridade Regional de Saúde) reuniram-se para avaliar a evolução epidemiológica e a necessidade de adotar medidas sanitárias.

À saída, em declarações aos jornalistas, a ministra da Saúde afastou a possibilidade de uma cerca sanitária na área da Grande Lisboa, por esta não se justificar. "Naturalmente que, se houver alguma evolução da situação, que neste momento não está patente nos números de que dispomos, que exija uma medida dessa tipologia, isso poderá ser considerado", ressalvou a governante.

Para já, o secretário de estado da Saúde assume que a região "concentra todas as atenções e preocupações" e que o modelo continuará a ser "testar, isolar rapidamente e tratar", apontou António Lacerda Sales, em conferência de imprensa. Já Graça Freitas descansa quem vivem nesta zona: "apesar de tudo tem estado estabilizada. O número de casos não aumentou", mesmo com o reforço dos testes de despiste realizados.

Lisboa e Vale do Tejo mantém uma capacidade de testagem de sete mil exames por dia, sendo que, neste momento, apenas são feitos cerca de dois mil, segundo o secretário de estado.

Apenas 37 dos novos casos não se registaram na zona Metropolitana de Lisboa. Estes estão distribuídos pelo Norte (mais 29 infeções), pelo Centro (seis), pelo Alentejo (uma) e pela Madeira (uma).

Dos 12 óbitos apresentados no boletim da DGS, sete tinham local de residência na região de Lisboa e Vale do Tejo, quatro a Norte e um no Centro.

​​​​A taxa de letalidade global do país é agora de 4,4%, aumentando para 17,3% no caso das pessoas acima dos 70 anos - as principais vítimas mortais. Indicador que tem vindo a subir ligeiramente nos últimos dias, mas "dentro do que consideramos normal", refere Graça Freitas. Dos 1436 óbitos totais, 49,2% são homens e 50,8% mulheres.

Esta terça-feira, estão internados 432 doentes (menos 39 que ontem), sendo que destes 58 encontram-se nos cuidados intensivos (menos seis). Para a diretora-geral da Saúde, as hospitalizações continuam a revelar uma tendência decrescente, mesmo com os focos encontrados na região de Lisboa e Vale do Tejo, porque estes "atingem sobretudo a população jovem, adulta, trabalhadora", mais saudável, e com tendência para ter doença menos grave, que pode ser acompanhada em casa (atualmente, 33,9% dos doentes portugueses estão a ser tratados em casa).

O boletim da DGS indica ainda que aguardam resultados laboratoriais 1866 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 28 mil. O sintoma mais comum entre os infetados é a tosse (que afeta 39% dos doentes), seguida da febre (29%) e de dores musculares (21%).

Regresso do futebol. Golos devem ser festejados respeitando a distância social

Para esta quarta-feira está agendado o regresso da I Liga portuguesa de futebol, à porta fechada. E em véspera dos primeiros dois jogos, a diretora-geral da Saúde relembra que "foi uma dura conquista existir futebol no nosso país" e, por isso, é preciso cumprir as regras estabelecidas pelas autoridades de saúde para evitar contágios desnecessários.

Graça Freitas recorda que as pessoas que se juntem para ver os jogos (no máximo em grupos de 20) e que não vivam juntas devem manter a distância entre si, "o ideal são os dois metros". Caso o local escolhido para assistir seja um café, um restaurante, é importante não esquecer a máscara e não partilhar objetos, por exemplo, garrafas de bebida.

"A altura da comemoração dos golos é uma altura que as pessoas perdem a noção do que estão a fazer, mas é preciso tentar comemorar com distancia à mesma", acrescenta a responsável pela DGS.

Limpeza de ambulâncias é "competência" de profissionais do INEM

Ainda durante a conferência de imprensa, que esta terça-feira contou com a presença do presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), foi abordada a questão de os profissionais do instituto terem de fazer a higienização das ambulâncias. Horas antes, o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar criticava esta decisão, quando no início da pandemia a limpeza das ambulâncias era assegurada pela Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR.

"Percebo as preocupações dos profissionais e estamos preocupados com a segurança dos doentes que transportamos e com os nossos profissionais. Mas a limpeza é uma das suas funções e competências", disse Luís Meira, presidente do INEM.

De acordo com o responsável pelo instituto, o apoio de equipas da GNR e do exército na limpeza de viaturas estava previsto apenas "para a fase de contenção" da pandemia e a atuação depende das "justificações científicas e técnicas adequadas a cada momento". Luís Meira garantiu ainda que "em todas as mais de 100 ambulâncias do INEM no país os profissionais têm competências para garantir a desinfeção".

377 mil mortes por covid em todo o mundo

O novo coronavírus já infetou mais de 6,3 milhões de pessoas no mundo inteiro, até esta terça-feira às 10:31, segundo dados oficiais. Há agora 2,9 milhões recuperados e 377 952 mortes a registar.

Os Estados Unidos da América são o país com a maior concentração de casos (1 859 693) e de mortes (106 927). Em termos de número de infetados, seguem-se o Brasil (529 405) e a Rússia (423 741). Portugal surge em 29.º lugar nesta tabela.

Quanto aos óbitos, depois dos Estados Unidos, o Reino Unido é a nação com mais mortes declaradas (39 045). Seguem-se Itália (33 475), e o Brasil (30 046).

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