Azeredo deve sair e Centeno não estará no próximo governo PS

Um conselho e um prognóstico. Dois atuais ministros no centro das atenções do comentário político de Marques Mendes, nesta noite, na SIC.
Publicado a
Atualizado a

Azeredo Lopes (ministro da Defesa) e Mário Centeno (Finanças). O primeiro deveria demitir-se já, por causa do caso de Tancos; o segundo não deverá ficar no próximo governo de António Costa. O conselho e o prognóstico foram feitos nesta noitepor Luís Marques Mendes, no seu habitual comentário político na SIC.

Primeiro o ministro da Defesa. Para o conselheiro de Estado e ex-líder do PSD, "Azeredo Lopes deve sair ou ser convidado a sair". E isto "por três razões essenciais": a primeira é que Azeredo é já "um ministro sob suspeita" e "não é uma suspeita qualquer", é "grave - a suspeita de ter tido conhecimento do encobrimento de um crime". "Um ministro sob suspeita é um ministro diminuído na sua autoridade, condicionado no seu poder e altamente fragilizado" - e isso viu-se quando faltou às cerimónias militares do 5 de Outubro, "não acompanhando sequer o Presidente da República".

A segunda razão é que Azeredo Lopes "não é um ministro qualquer". "É o ministro das Forças Armadas" e "uma suspeita grave em relação ao ministro que tutela as Forças Armadas não afeta só a imagem do ministro e do governo, afeta também a imagem da instituição militar". "O interesse público deve estar sempre acima do interesse pessoal, político e partidário."

Há ainda uma terceira razão. Segundo Marques Mendes, "há um certo grau de probabilidade de, mais dia, menos dia, Azeredo Lopes vir a ser constituído arguido". "A confirmarem-se os dados vindos a público, o ministro vai ter de ser ouvido. Pode ser como testemunha, mas também pode ser constituído arguido. Se for constituído arguido, tem de sair do governo." Portanto, "é sempre melhor sair antes, pelo seu pé, com liberdade e dignidade, do que sair mais tarde, empurrado e já sem ponta de dignidade".

Já quanto a Mário Centeno, os comentários de Marques Mendes visaram o seu futuro na próxima legislatura, caso António Costa volte a formar governo. No seu entender, o primeiro-ministro deixou "subentendido" na entrevista que deu há dias na TVI que Mário Centeno não voltará a ser ministro das Finanças depois das próximas eleições legislativas.

Centeno poderá, portanto, transitar para uma de duas funções: ou presidente do próximo Fundo Monetário Europeu (organismo que vai ser criado na União Europeia) ou comissário europeu, podendo ser "eventualmente" vice-presidente da Comissão. Saindo Centeno do executivo, Mendes antecipa duas hipóteses para futuro ministro das Finanças: ou Mourinho Félix (atualmente "o principal secretário de Estado" de Centeno) ou o atual ministro da Solidariedade Social, Vieira da Silva.

Para o comentador da SIC, Costa "deu até hoje o sinal mais explícito de que quer uma maioria absoluta nas próximas eleições" ao dizer que, na próxima legislatura, não quer "casamentos" com o PCP ou com o BE (ou seja, que estes dois partidos integrem o governo). Se só vencer com maioria relativa, esse governo "provavelmente não fará a totalidade do mandato", antecipou.

O "pior momento" de Ronaldo

Marques Mendes comentou ainda as suspeitas de violação que impendem sobre Cristiano Ronaldo. Em sua opinião, o futebolista está, com este caso, "a viver o pior momento da sua carreira", situação para a qual contribuiu com a "declaração equívoca" que assinou com a mulher que o acusa de violação.

Seja como for, "tal como todos os portugueses", Marques Mendes também deseja "ardentemente" que "Ronaldo consiga provar a sua inocência". "Porque é um português; e porque o crime de violação é um horror. E não nos devemos precipitar. Nestes momentos, a tentação de cada um é ser defensor, acusador ou até juiz de bancada. Ora, a verdade é que um processo judicial é mais complexo do que parece. Em vez de estarmos a condenar ou a absolver, o mais correto é esperar que a justiça decida."

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt