Detidos 11 ativistas do Climáximo após bloqueio do túnel do Marquês de Pombal

Além de bloquearem o acesso ao túnel do Marquês de Pombal, ativistas penduraram-se no viaduto com uma faixa onde se lia "o Governo e empresas declararam guerra à sociedade e ao Planeta".
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Um grupo de ativistas do coletivo Climáximo bloquearam na manhã desta quinta-feira o acesso ao túnel do Marquês de Pombal, junto ao centro comercial Amoreiras, uma das artérias principais de Lisboa, em plena hora de ponta. A ação de protesto começou por volta das 09:00 e os ativistas acabaram por ser retirados do local pela polícia e transeuntes.

Após o bloqueio, 11 ativistas foram detidos pela polícia, tendo sido levados para a esquadra do Calvário, de acordo com o Climáximo.

Desta forma, a ação de protesto terminou com a detenção de onze pessoas e a reabertura do trânsito na Avenida Duarte Pacheco, sentido Lisboa, uma hora e meia depois de oito ativistas terem bloqueado as quatro vias.

Por volta das 10h30, a PSP reabriu o trânsito, que voltou a conseguir fluir com alguma normalidade na zona junto ao centro comercial Amoreiras, imediatamente antes da entrada para o túnel que dá acesso à Praça Marquês de Pombal.

A reabertura do trânsito aconteceu depois de os Bombeiros Sapadores de Lisboa terem retirado os dois ativistas que permaneciam suspensos no viaduto superior da Avenida Duarte Pacheco, presos por cordas e que seguravam uma faixa onde podia ler-se "O Governo e empresas declararam guerra à sociedade e ao Planeta". Um protesto à semelhança do que aconteceu no início de outubro na Segunda Circular, quando um grupo de jovens ativistas cortou o trânsito.

No local estiveram quatro veículos da unidade especial de polícia e pelo menos duas viaturas da PSP, uma carrinha dos sapadores bombeiros de Lisboa e elementos da polícia de trânsito.

Os ativistas estiveram sentados no asfalto durante cerca de 20 minutos, até aparecerem três agentes da PSP que os retiraram da estrada, constatou a Lusa no local.

Antes da chegada da PSP, alguns automobilistas e motociclistas revoltaram-se com o protesto, tendo agarrado e arrastado alguns jovens até ao passeio.

"O único plano para travar a guerra é parar a normalidade", afirmaram os ativistas do Climáximo, em comunicado enviado às redações. Os ativistas, com coletes refletores, sentaram-se no chão impedindo a circulação de trânsito.

A ação de protesto aconteceu um dia após o fim da cimeira do clima, a COP28, que decorreu no Dubai, onde, de acordo com os ativistas, "governos e empresas se recusam a travar a crise climática, empurrando a Humanidade para o precipício".

Para o coletivo, a COP28 terminou "sem qualquer acordo vinculativo, presidida pelo executivo de uma petrolífera". "A sociedade não pode voltar à complacência da marcha rumo ao abismo", defenderam.

Nesse sentido, os jovens ativistas do Climáximo "interromperam uma das principais artérias de acesso à cidade de Lisboa, onde centenas de milhares de carros entram todos os dias, muitos sem qualquer alternativa de transportes públicos acessíveis".

De acordo com o grupo de ativistas, o protesto "apontou a necessidade de disrupção da normalidade enquanto instituições internacionais, governos nacionais e empresas aceleram o rumo para caos climático".

"2023 será o ano mais quente alguma vez registado e as emissões de gases com efeito de estufa, provocadas pela queima de combustíveis fósseis, serão as maiores de sempre", afirmaram.

"O consenso científico à volta da origem da crise climática e seus impactos devastadores é claro há décadas. Ainda assim, instituições públicas, organizações sociais, e meios de comunicação continuam a agir como se não estivéssemos a enfrentar o maior desafio da história da Humanidade, que tem culpados claros", afirmou Maria Mesquita, trabalhadora social que esteve no local, segundo o comunicado do coletivo Climáximo.

Os ativistas lamentaram que "a 28º conferência do colapso climático" tenha terminado "sem qualquer passo concreto para reduzir drasticamente emissões" e sem a garantia de "uma transição digna para as pessoas". "Foi um evento onde se confirmou a declaração de guerra dos governos e empresas emissoras a toda a sociedade atual e gerações futuras", declararam.

"É urgente travar este sistema que nos leva premeditadamente para o colapso climático e social", sublinharam os ativistas, que querem provocar um diálogo da sociedade "e colocar a crise climática, os cuidados e apoio social no centro da discussão política".

O grupo de ativistas tem desenvolvido inúmeras ações nos últimos meses, tendo por várias vezes interrompido a circulação de trânsito em várias zonas da capital, como a Rua da Escola Politécnica ou a Segunda Circular.

"Estão a destruir tudo o que tu amas" foi o alerta exposto numa faixa pelos jovens em frente ao Museu de História Natural e da Ciência.

Poucos dias antes, um outro grupo colou-se a um avião que ia fazer a ligação Lisboa-Porto, no aeroporto da Portela, em protesto contra os voos de curto alcance e pela defesa do investimento na ferrovia.

Entre as ações mais mediáticas esteve o ataque com tinta verde ao ministro do Ambiente ou ao ministro das Finanças.

Com Lusa

Notícia atualizada às 12:24

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