Ministro do Ambiente atacado com tinta verde
O ministro do Ambiente foi, esta terça-feira, atacado com tinta verde na abertura da CNN Portugal Summit.
Duarte Cordeiro estava a ser entrevista sobre "Metas e as políticas públicas para a transição energética" quando uma ativista subiu ao palco e atirou tinta verde ao governante.
Duas outras ativistas subiram depois ao palco, tendo sido retiradas pela equipa de segurança do ministro e por militares da GNR.
"Este é o último inverno com gás", gritaram as ativistas, que, segundo a CNN, protestaram devido ao facto do evento ser patrocinado pela Galp e pela EDP.
No palco da conferência, subordinada ao tema "A nova energia é verde", as jovens ainda gritaram: "Sem futuro não há paz", "um evento patrocinado pela GALP e pela EDP? O nosso futuro não é um negócio".
Uma das ativistas afirmou que "o Governo provou que não quer saber da transição climática ao fazer conferências com a EDP e a GALP".
Duarte Cordeiro foi acusado de não ter "legitimidade social para falar sobre crise climática".
A participação do ministro do Ambiente acabou por ser retomada.
Em reação ao que tinha acabado de acontecer, Duarte Cordeiro afirmou que "a intolerância nem faz as outras pessoas estarem mais despertas para os nossos argumentos, não serve para calar os outros, nem serve para intimidar quem, como eu, exerce funções públicas".
"A intolerância não é caminho para lado nenhum, devemos rejeitar a intolerância e não nos devemos deixar intimidar, essa é a posição de princípio que qualquer membro do Governo deve ter", afirmou Duarte Cordeiro.
Para o governante, "é preciso saber distinguir um manifestante que adota este tipo de argumento" de outros "jovens que estão preocupados com o seu futuro". Duarte Cordeiro destacou ainda "um enorme respeito por toda essa geração de manifestantes".
Ministro acrescentou que consegue "distinguir plenamente todos os jovens que se querem fazer ouvir", que estão preocupados pelo seu futuro, "de outros que também estão preocupados com o seu futuro, mas que depois adotam comportamentos que devemos rejeitar e devemos considerar inaceitáveis".
O responsável pela pasta do Ambiente defendeu que "estas formas de manifestação não resultam" e contribuem para que a causa climática "perca apoio social".
"Eu não me queixo de quem vai para a rua reivindicar pelo seu planeta e pelo seu futuro, [...] eu queixo-me de determinadas formas de manifestação que são intolerantes e têm como objetivo procurar, através da intolerância, calar os outros", afirmou o ministro do Ambiente, sublinhando que o Governo considera que se deve "envolver as empresas no processo da transição [energética]".
O ministro acabou por brincar com a situação: "Pelo menos acertaram na cor verde, que é uma cor que eu aprecio".
A ação de protesto foi reivindicada pelo grupo de estudantes "Primavera das Ocupas - Fim ao Fóssil" nas redes sociais, com a porta-voz da ação, Matilde Ventura, a acusar, em comunicado, a conferência promovida pela CNN de ser "uma fachada para limpar a imagem das empresas que em Portugal estão a lucrar com as crises climática e de custo de vida".
Na nota, o grupo afirma que atirou ovos com tinta ao ministro do Ambiente enquanto as ativistas gritavam "sem futuro não há paz", durante uma conferência onde estavam tamb+em os CEOs da EDP e da GALP, patrocinadores do evento.
"O ministro provou com a sua presença que prefere compactuar com os criminosos que nos estão a levar para o colapso do que garantir que nós, jovens que nascemos em crise climática, temos um futuro", acrescentou, prometendo "continuar a 'não dar paz ao Governo'", com uma "onda de ações" a partir de 13 de novembro, que incluem ocupações nas escolas e "perturbação do normal funcionamento das instituições".
"O Ministro diz que respeita as nossas ações, mas se ele nos respeitasse cumpria aquilo que a ciência dita como necessário", acrescentou Matilde Ventura. A porta-voz da ação de protesto disse que se Duarte Cordeiro "respeitasse os jovens não tentava limpar a imagem das empresas que estão a condenar o nosso futuro". "Conhecemos as propostas deste ministro, estão todas longe do necessário", declarou.
Este protesto acontece cerca de duas semanas depois de ativistas do grupo Greve Climática Estudantil terem bloqueado as entradas do local onde estava marcada a reunião do Conselho de Ministros. Na altura, os ativistas usaram cola e alguns estiveram emparelhados com tubos de ferro.
Com Lusa
Notícia atualizada às 10:55