Associação de Jardins-Escolas João de Deus ameaça fechar escolas se não tiver regime de exceção
A instituição tem 137 anos, e vive momentos complicados. Várias suspeitas recaem sobre a gestão, docentes abandonaram as escolas queixando-se dos métodos de trabalho, pais e alunos sentem que lhes é sonegada informação importante.
Mas é a possibilidade de uma "bancarrota", expressão usada por António Ponces de Carvalho, diretor da Associação de Jardins-Escolas João de Deus (AJEJD), em declarações ao Público, que volta a colocar este conjunto de escolas nas notícias.
O diretor da associação revela ao Público que, caso a Segurança Social não consagre um regime de exceção na forma cálculo para os seus apoios, várias escolas no interior do País podem encerrar. "Se a situação não se alterar, a direção pode chegar a uma situação em que ou vai à bancarrota a associação ou, pontualmente, teremos de fechar algumas destas escolas."
Em causa podem estar várias escolas do interior, em Chaves, Tramagal, Ponte de Sor e Urgeiriça. Até agora, o Estado financiava estas creches e jardins-de-infância através de um cálculo de custo por aluno. A associação quer que esse valor seja atribuído calculando o "custo médio global", e não, como o Estado pretende, considerando cada estabelecimento de ensino, especificamente. A fórmula pretendida pela associação é, naturalmente, mais vantajosa para as suas contas.
Hoje foi também noticiado, pelo Observador, que o Ministério da Educação terminou o contrato de apoio financeiro a duas escolas da AJEJD, a da Estrela, em Lisboa, e a de Chaves. Isto levou a que os pais das crianças, que deixaram de contar com a comparticipação do Estado, se queixaram de não ter sido informados deste final de contrato - aparentemente motivado por um atraso da AJEJD na entrega de documentação.
Os apoios do Estado são da ordem dos oito milhões de euros, para os 27 jardins-escola da instituição que tem 9847 alunos e 1339 funcionários.
Desde o início do ano letivo terão saído destas escolas 25 educadores e professores, com queixas sobre os métodos de trabalho impostos.
Outra notícia desta sexta-feira foi divulgada pela RTP e dá conta de suspeitas de irregularidades nas contas da instituição. A instituição terá, alegadamente, gasto dinheiro em produtos de marcas de luxo - como a Prada e a Adolfo Domínguez. Ponce de Carvalho negou ao Público que haja irregularidades e garante que as contas da instituição são públicas e auditadas.