No passado dia 13 de fevereiro, o estádio Amsterdam Arena, na Holanda, estava lotado para o jogo da Liga dos Campeões entre o Ajax e o Real Madrid. Mas antes dos golos, os adeptos tiveram direito a um pouco de música: André Rieu pisou o relvado e com o seu violino calou os cânticos das claques e pôs toda a gente a entoar o Coro dos Escravos, da ópera Nabucco, de Verdi..Não foi a primeira vez que tal aconteceu. Rieu está habituado a tocar em eventos desportivos e perante multidões, não exige silêncio e até gosta quando há espectadores a cantar e a dançar nos seus concertos: "O mais importante é que as pessoas se sintam felizes", diz o músico..Vinte anos depois de ter atuado em Lisboa pela primeira vez, o maestro André Rieu está de volta esta semana para uma série de sete concertos praticamente esgotados no Altice Arena (e mais dois concertos extra a 20 e 21 de novembro). Isto significa que quase 80 mil pessoas compraram bilhetes para assistir aos seus concertos, em que interpreta temas de óperas e de espetáculos musicais, tanto pode tocar Macarena ou outro qualquer tema popular como presentear-nos com uma bela valsa de Strauss..O segredo para tamanho sucesso? Antes de mais, o amor que tem por aquilo que faz. E, depois, o humor que imprime aos seus espetáculos, explicou o músico de 69 anos, numa conferência de imprensa que deu em Lisboa no mês passado. "Não há nada melhor do que o humor, tanto na música como na vida, na política, em tudo. Pode-se resolver muitos problemas e muitos conflitos com humor." Na sua opinião, "as pessoas sentem falta de estar felizes umas com as outras" e de partilharem este tipo de experiências em conjunto: "As pessoas vêm ao meu concerto e choram, riem, dançam, cantam e no final até ficam amigos das pessoas que se sentaram ao seu lado e que antes eram estranhas. Cria-se uma ligação.".Filho de um maestro, da Orquestra Sinfónica de Maastricht, André Rieu começou a aprender música aos 5 anos e escolheu o violino como seu instrumento. "Durante os meus anos de estudo de violino no Conservatório, alguém me pediu que tocasse numa orquestra de salão. Foi aí que, pela primeira vez, toquei uma valsa - Gold und Silber, de Franz Lehár", conta ele no seu site oficial. "Que revelação! Fiquei imediatamente viciado pelo compasso que, anos mais tarde, se tornou o meu ritmo de vida: o compasso de três quartos, a valsa.".Rieu fundou a sua primeira orquestra em 1978 e, em 1987, criou a Orquestra Joahnn Strauss inicialmente com 12 elementos e que hoje em dia tem mais de 60 elementos de 13 nacionalidades diferentes. A eles, juntam-se os cantores, de coro e solistas. Desde então, as suas apresentações de repertório clássico interpretado como se se tratasse de um concerto de rock têm conquistado espectadores um pouco por todo o mundo. "Quero tornar a música clássica mais acessível", explica. "A música clássica tornou-se muito formal. Toda a gente se veste muito bem para ir aos concertos e ficam muito quietos. Mas perdeu-se o humor. A elite raptou a música clássica e disse que lhe pertencia. E é isso que eu quero mudar. Quero que seja para todos. No tempo de Mozart, toda a gente assobiava as suas músicas nas ruas. E depois, em algum momento na história, agarraram a música clássica e aprisionaram-na. Perdeu-se a alegria.".Para estes concertos em Lisboa, André Rieu preparou um tema especial, dedicado aos portugueses: A Loja do Mestre André..Além disso, Rieu promete momentos inesquecíveis: "A música une as pessoas e no final acaba sempre como uma festa. Vamos abrir os nossos corações uns aos outros. O público e nós, os músicos. Vamos passar um serão juntos e espero que quando as pessoas voltem para casa se perguntem: quando foi a última vez que nos divertimos assim tanto?". Concertos de André Rieu e a Orquestra Johann Strauss Altice Arena, Lisboa 13, 14, 15, 15, 29 e 30 de março, às 20.30 31 de março, às 15.00 20 e 21 novembro, às 20.30 Bilhetes disponíveis para novembro de 40 euros a 120 euros