Algarve alerta turistas para cuidados a ter para diminuir impacte do covid-19
O Algarve é das regiões com menos casos de covid-19 no país (seis, de acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde desta quinta-feira, 12 de março onde se refere que o país tem 78 doentes infetados), mas será responsável por pelo menos uma cadeia de transmissão da doença. Acresce a falta de recursos humanos já conhecida e ser uma das zonas preferidas dos turistas.
Sendo certo que muitas férias da Páscoa no sul já foram desmarcadas, nem todos os hóspedes cancelaram a ida para a região entre o final de março e 13 de abril. O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Paulo Morgado, garante que estas situações estão a ser acauteladas.
"Os nossos doentes validados deixaram, esta semana, de ir a Lisboa para fazer os exames. Vamos dar uma resposta regional a esta pandemia", assume o presidente da ARS Algarve. Os primeiros dois casos de infeção por covid-19 na região (uma aluna da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, em Portimão, e a sua mãe, professora na Escola Básica 2,3 Professor José Buísel, que tinham estado em Itália) foram transferidos para Lisboa. Mas entretanto, o Hospital de Faro já foi acionado como uma das unidades de saúde de referência para receber casos relacionados com o novo coronavírus, bem como o laboratório.
Referida muitas vezes como uma das zonas do país com maior carência de médicos e enfermeiros, Paulo Morgado diz que o Algarve tem "neste momento, capacidade de dar resposta aos casos, e vamos adaptando-nos às circunstâncias epidemiológicas"."Temos falta de recursos humanos? Temos. É um facto conhecido e reconhecido. Mas embora os profissionais que temos com as instalações de que dispomos não sejam as ideais dão a resposta adequada a estes problemas", acrescenta.
O Hospital de Faro tem quatro quartos de pressão negativa, um deles para o serviço de pediatria. Em relação aos casos suspeitos, Paulo Morgado indica que "todos estão a ser rastreados e acompanhados. As duas escolas onde foram descobertos dois casos estão encerradas e todos os alunos estão a ser contactados. Isto é quase um trabalho de detetive", como a diretora-geral da saúde o tem descrito nos últimos tempos.
Para quem chega ao país por esta altura pela primeira vez, pode ainda não estar a par das recomendações das autoridades de saúde. Por isso, grande parte do esforço tem de ser no sentido de informar os turistas. "O nosso negócio é o turismo. Nós estamos sempre a ter um fluxo permanente. São nove milhões de entradas por ano pelo aeroporto, fora os que vêm de carro. Obviamente que isso nos preocupa, mas essa é a realidade com que temos de viver", assume Paulo Morgado.
A ARS do Algarve e a Direção-Geral da Saúde (DGS) já se reuniram com as associações do setor hoteleiro para pensarem em formas de sensibilizar os turistas. Os cartazes informativos da DGS estão a ser distribuídos nos hotéis e estão pensadas ações de formação na ARS com os responsáveis por atividades turísticas.
Tudo isto se aplica a quem insistir nas férias, porque, segundo as estimativas da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), citada pelo Dinheiro Vivo, foram canceladas estadias na ordem dos 50% entre março e junho. São mais de 350 mil noites desmarcadas. O que pode levar a perdas no valor de 800 milhões de euros para o setor do turismo em Portugal.