Agente da PSP impedido de entrar ao serviço por não ter pólo azul claro
Um agente da PSP foi impedido de entrar ao serviço por não estar a usar um polo azul claro do novo fardamento. O caso insólito aconteceu na esquadra de Valadares, em Vila Nova de Gaia. O agente envergava o fardamento antigo, um pólo azul escuro com as insígnias da força policial, quando se preparava para iniciar o serviço renumerado. Desde 1 de agosto que os agentes têm de usar a nova farda em que os pólos são azuis claros.
A situação foi reportada pelo próprio agente da PSP numa informação escrita que foi divulgada nas redes sociais. No documento, é referido que o chefe da esquadra "alegou que não podia entrar ao serviço com o pólo de meia manga que trajava, em virtude deste ser da cor azul escuro".
O polícia justificou o sucedido ao afirmar que já tinha encomendado a nova peça do fardamento na plataforma têxtil Latino, mas ainda não a tinha recebido. "Já tinha encomendado dois pólos - um de meia-manga e outro de manga-comprida, pólos estes de cor azul claro - na plataforma de fardamento desta polícia, encomenda efetuada a 8 de julho".
Mesmo assim, o responsável pela esquadra mostrou-se intransigente e não o deixou trabalhar com o pólo azul escuro. O agente tentou mostrar o email que comprovava a encomenda e justificava "a falta", mas o chefe respondeu "que não queria saber de email nenhum". O responsável afirmou ainda "que a única maneira de eu [o agente] entrar de serviço seria arranjar um pólo azul claro".
O polícia acabou então por falhar o serviço, ficou sem receber 55,26 euros que iria ganhar nesse dia, "tendo ainda ficado prejudicado a nível monetário pela deslocação em carro próprio e a nível familiar", reporta o agente.
Esta é uma "situação anormal", lamenta o vice-presidente do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL), Fernando Gonçalves. "Estamos com alguns problemas com a plataforma [têxtil Latino], de não fornecerem o fardamento a tempo e horas, e depois acontecem estas coisas", afirma em declarações ao DN.
De acordo com o dirigente sindical, "não houve bom senso de quem estava a chefiar a esquadra em ultrapassar a situação, porque o colega justificou" a razão pela qual não tinha "o fardamento que lhe é exigido a partir de 1 de agosto".
Um caso que pode repetir-se, uma vez que têm existido muitas queixas de atrasos na entrega do novo fardamento. "Independentemente das normas existentes relativas ao novo uniforme, que entraram em vigor a 1 de agosto, há situações em que os colegas estão há meses à espera que esse fardamento seja fornecido", relata o vice-presidente do SINAPOL.
Fernando Gonçalves refere mesmo que há agentes da PSP que estão à espera do novo fardamento desde março. "Eu acredito plenamente que neste momento mais de metade do efetivo ainda não esteja provido do fardamento que é exigido", constata o dirigente sindical.
As queixas que este sindicato tem recebido não estão relacionadas só com os atrasos de entrega das fardas, mas também com a confeção das mesmas. "Têm sido registadas várias anomalias", conta o vice-presidente do SINAPOL. "Os tamanhos não corresponderem à realidade, o material é de fraca qualidade e os brasões aparecem cosidos ao contrário", especifica.
"Os problemas com o novo fardamento já foram reportados à Direção Nacional da PSP e ao próprio Ministério da Administração Interna, mas até ao momento ainda não foi feito nada para resolver esta situação", lamenta Fernando Gonçalves.
Perante esta realidade, o sindicato já tomou medidas. "Nós temos uma ação em tribunal contra a empresa têxtil a pedir a rescisão do contrato de fornecimento de fardamento ao pessoal da PSP", afirma o vice-presidente do SINAPOL
O DN questionou as relações públicas da PSP sobre este caso e os problemas com o novo fardamento, mas até ao momento não obtivemos resposta.