Segundo o secretário da Mesa da Assembleia da República, o deputado social-democrata Duarte Pacheco, o documento apresentado pela deputada única do partido Livre, mesmo apresentado depois da última sexta-feira (dia limite), poderá vir a ser aceite para debate (11 dez) por arrastamento, se houver concordância por parte dos restantes partidos, algo que é comum na praxe parlamentar..O projeto de lei do Livre sobre a lei da nacionalidade será a segunda iniciativa apresentada por Joacine Moreira no parlamento, mas a deputada falhou o prazo estabelecido para o apresentar, conforme o Diário de Notícias avançou..A parlamentar já tinha apresentado um projeto de resolução no sentido de dar honras de Panteão Nacional aos restos mortais do antigo cônsul português em Bordéus Aristides de Sousa Mendes, o qual, durante a II Guerra Mundial, desobedeceu ao chefe do Governo, Salazar, e deu milhares de vistos de entrada em Portugal a refugiados, sobretudo judeus que fugiam da Alemanha nazi..Entretanto, a deputada única do Livre acusou esta terça-feira o Grupo de Contacto (direção) do partido de "golpe" contra si e "falta de camaradagem" ainda relativamente à polémica do voto de condenação à investida israelita em Gaza.."Nunca imaginei que um mês depois das eleições - não é um ano, é um mês - eu ia estar a ser avaliada e colocada numa situação destas pelos meus camaradas", disse, em declarações ao sítio na Internet Notícias ao Minuto, citada pela agência Lusa..O DN tentou até agora contactar tanto a parlamentar do Livre, mas sem sucesso.."Não sou descartável e exijo respeito".A Assembleia do Livre, órgão dirigente alargado entre convenções, decidiu domingo expor ao Conselho de Jurisdição, órgão disciplinar do partido, o caso da abstenção de sexta-feira no parlamento de Joacine Moreira face a um voto apresentado pelo PCP sobre a Faixa de Gaza..Antes, desde a manhã de sábado, a direção e a deputada única trocaram comunicados sobre falhas de comunicação em relação aos sentidos de voto a assumir na sessão plenária da Assembleia da República.."Na quarta-feira, enviámos os comunicados, na quinta, recordámos que no dia seguinte ia ser feita a votação. E eles [direção] afirmam aos órgãos de comunicação social que nós não solicitámos a opinião em específico do voto sobre Israel. É um facto, porque nós enviámos a listagem de todos os votos em relação aos quais nós precisávamos de nos posicionar", continuou Joacine Moreira..A deputada do Livre classificou mesmo o comunicado da direção do partido, que se manifestava preocupada com a abstenção quando se justificava um voto a favor, como "uma absoluta falta de camaradagem".."O meu objetivo era emitir um comunicado depois da Assembleia, mas, a seguir, houve alguns militantes a publicar algumas coisas completamente inconcebíveis. Fiz aquele comunicado, começando por pedir desculpa a toda a gente e assumi as responsabilidades desse meu voto. Toda a gente achou que era uma desculpa insuficiente. Quando é que um político se desculpou publicamente? Trata-se de um autêntico golpe e a minha resposta é esta: não sou descartável e exijo respeito", declarou Joacine Moreira.