Em entrevista à agência Lusa, por ocasião da divulgação do mais recente relatório de atividades, Alfredo José de Sousa diz que "ainda é cedo" para decidir se envia para o Tribunal Constitucional (TC) algumas das medidas anunciadas na semana passada pelo primeiro-ministro..Na última sexta-feira, dia 03 de maio, Pedro Passos Coelho anunciou um pacote de medidas de cortes na despesa pública até 2015, no valor de 4,8 mil milhões de euros..Dentro desse pacote estão o aumento do horário de trabalho da função pública das 35 para as 40 horas, a redução de 30 mil funcionários públicos, o aumento da idade da reforma sem penalizações para os 66 anos de idade e a criação de uma contribuição de sustentabilidade sobre as pensões, entre outras.."Ouvi isso na sexta-feira, mas ouvi a coisa contrária no domingo e portanto. Agora não vou fazer uma declaração de intenção", justificou..Admitiu, no entanto, e justificando "pela maneira como as coisas se estão a desenrolar", que a contribuição de sustentabilidade sobre as pensões acabe por cair e que, por isso, não haja motivo para avançar para o TC.."O provedor de Justiça tem de ser muito calmo e aguardar com calma porque as lutas políticas têm desenvolvimentos que não são logo percetíveis na altura em que alguma coisa é anunciada como foi o caso dessa", explicou..Concorda que as medidas anunciadas na última sexta-feira por Pedro Passos Coelho representam mais sacrifícios para os mesmos e recorda o que o levou a enviar para o Tribunal Constitucional alguns dos artigos do Orçamento do Estado 2013.."Uma das razões por que fui ao Tribunal Constitucional foi o grande volume de queixas de reformados que se traduziam num descontentamento muito generalizado. Mal era que o provedor não fosse ao TC e foi por isso que circunscrevi os pedidos de prorrogação de inconstitucionalidade à situação dos reformados", explicou..Dado o número de queixas de reformados, "o não fazer nada era quase uma demissão".."Era óbvio que o provedor de Justiça tinha de tomar uma posição, que tomou, bem fundamentada e com muita convicção", defendeu Alfredo José de Sousa..Já sobre o acórdão do TC aos artigos enviados não tem dúvidas: "Achei que efetivamente pecou por defeito".."Deveria ter declarado a inconstitucionalidade da contribuição extraordinária de solidariedade que incidia precisamente sobre os reformados", alegou.