"A direita tem de ser punida", cá e lá, pede PS. "Levemos as pessoas a votar"

O PS pôs a máquina a funcionar no arranque da campanha de Pedro Marques. No distrito que já foi o "cavaquistão", como lembrou António Costa, 2100 pessoas sentaram-se ao almoço, que contou com Frans Timmermans e Jorge Coelho. E há 'Bella Ciao' que também é um hino antifascista.
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Há bandeiras, há bombos a ribombar, há 2100 lugares sentados que se levantam ao comando da voz que pede que se dê as boas-vindas ao "homem que devolveu a esperança e a confiança aos portugueses", António Costa.

O secretário-geral do PS pediu - este domingo, num almoço comício num pavilhão industrial em Mangualde - o voto nos socialistas para castigar quem na Europa, depois dos anos de austeridade, queria sanções "na força máxima" para Portugal, nomeando Manfred Weber, o alemão apoiado pelo PSD e CDS. Para Costa, o voto cá ajudará à vitória lá fora do candidato dos socialistas europeus à presidência da Comissão Europeia, o holandês Frans Timmermans, presente na sala.

O líder do PS português quer que Portugal sirva de exemplo para a Europa, para ensaiar a 28 (ainda com 28 Estados membro) uma geringonça em que socialistas e sociais-democratas deem corpo a uma "frente progressista", que vai de Emmanuel Macron a Alexis Tsipras, para travar quem apoiou e apoia a austeridade.

"Numa Europa a 28 é preciso construir alianças e fazer amigos", disse, recordando que "em três anos" conseguiram "uma solução estável". "O que conseguimos em Portugal, vamos construir na Europa", desejou.

Castigar quem quis castigar portugueses

"De um lado, temos o nosso amigo e camarada Frans Timmermans", pesou na balança, "do outro lado, temos o candidato apoiado pelo PSD e CDS", dizendo que os portugueses não podem esquecer que, "nos momentos que foram difíceis, o sr. Weber defendeu aplicar sanções com a força máxima contra Portugal", disse, referindo-se ao opositor do PPE, Manfred Weber. "Votar no PS é dar força ao PS na Europa e dar força à família socialista", atirou.

Costa piscou o olho a um eleitorado que vai para lá do socialista. "O que peço é que aqueles que amam a nossa pátria e Portugal e querem o melhor para o nosso país" que votem nos socialistas. "Não podemos ter à frente da Europa quem nos quis castigar, quem teve desprezo total pela pobreza que existiu, pelos milhares de desempregados, pelos pensionistas e reformados. Nunca perdoaremos quem depois da austeridade ainda nos quis sancionar", atirou.

É um "três em um", que vem com o voto nos socialistas, garantiu: "Dar força ao PS, dar força a Portugal e dar força à Europa." Não, não dizemos que tudo que corre mal é culpa da Europa", disse, numa profissão de fé, que também marca diferenças para a esquerda do PS. "Nós tínhamos razão: era possível acabar com a austeridade, mantendo-nos na Europa e no euro", defendeu.

António Costa começou a sua intervenção a combater a abstenção. "Aqueles que diziam que Viseu era o cavaquistão e que esta campanha não está a correr bem ao PS pois é aqui que mostramos a força e a energia", disparou para os comensais no primeiro mega-almoço desta campanha. "Quem diz isso é porque não nos conhece. Este partido não nasceu na comodidade da democracia", sublinhou, para recordar que na hora da fundação Mário Soares e os socialistas contaram com o apoio da Europa. Este é também o "partido que se sujou de novo nas ruas para defender a democracia e a liberdade", depois do 25 de Abril. Afinal, "quanto mais a luta aquece mais força tem o PS".

A máquina socialista a funcionar

Há também Jorge Coelho, o antigo homem forte do aparelho socialista que é de Mangualde e levanta o pavilhão da terra onde o PS arrancou este domingo, oficialmente, com a sua campanha eleitoral para as eleições europeias, e há um homem que aponta para Pedro Marques e diz-lhe de dedo em riste, "tu vais ganhar, tu deste ontem uma tareia ao Paulo Rangel" - e há por fim a máquina socialista a funcionar para uma campanha de um candidato que tem andado sem gente.

Jorge Coelho deixou de parte qualquer quadratura do círculo e foi ao alvo: o cabeça-de-lista do PSD, Paulo Rangel, disse que a sua lista era melhor que as outras, o que para o socialista - que se lembrou das discussões dos seus netos na escola sobre se o melhor é o Benfica ou o Sporting - "é um argumento totalmente infantil". E Coelho lembrou a crise política por causa dos professores para definir "a coragem de um primeiro-ministro à altura da nossa história".

Falando da "irresponsabilidade da direita", o socialista sentenciou: "Isto não pode ter acontecido e ficar tudo na mesma", pedindo mesmo que "a direita tem de ser punida". Quem se mete com o país, leva, parecia dizer Jorge Coelho.

O hino partigiano contra os fascistas

E há Bella Ciao, a canção popular italiana, que se tornou um hino da resistência antifascista e que os socialistas europeus fizeram hino destas europeias, e foi ao som deste tema que Costa, Timmermans e Pedro Marques entraram na nave do pavilhão de uma empresa de transportes rodoviários, sem sombra de protestos nem greves.

Em Mangualde, Pedro Marques pediu "vamos" - e às suas palavras juntou-se a versão acelerada de Bella Ciao, O partigiano portami via, O bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao, O partigiano portami via, Che mi sento di morir, a morte a vir, com os fascismos que andam por aí, como avisou Frans Timmermans, o socialista holandês.

A morte pode vir, disse num "small intermezzo in english", Frans Timmermans, recuperando os resultados do referendo do Brexit e a eleição de Donald Trump, que apanharam muitos de surpresa. A Europa tem de estar prevenida, avisou o holandês, evitando que "o fascismo mande".

Levar as pessoas a votar, como nas autárquicas

Sem se referir ao perigo dos extremismos, também Pedro Marques exultou com o ambiente que encontrou em Mangualde. "Que grande momento de força do PS", afirmou desde o palco.

O cabeça-de-lista socialista apresentou o que disse ter sido o PS no governo como caução para um trabalho futuro na Europa. "Recuperámos o respeito da Europa, fizemos tudo isto sempre com as contas em ordem, sempre com sentido da responsabilidade", por oposição, garantiu, à direita que defende "a mesma receita de sempre", feita de "austeridade, cortes e sanções".

Já de Rangel, garantiu Marques, não se conheceu "em dez anos uma medida que tenha mudado a vida dos portugueses". E disparou de novo com o argumento Weber: "Se tem tantos cargos no Partido Popular Europeu, tem que explicar porque é não defendeu Portugal quando a direita pediu sanções na força máxima." É esta direita que "tem que ser sancionada nas urnas com o voto no PS".

O autarca João Azevedo, que dirige a Câmara de Mangualde e a campanha de Pedro Marques, lançou um apelo diferente na hora de combate à abstenção. "É fundamental que todos nós levemos as pessoas a votar, como se fossem as autárquicas."

Às 15.40, o candidato Pedro Marques e o secretário-geral do PS, António Costa, saíram de um pavilhão que, ainda não era meio-dia e já se compunha para o comício, em que os participantes beberam uma hora e meia de discursos. Para a refeição estava reservado o prato típico de uma qualquer campanha, a carne assada. Houve quem batesse nos pratos como se de um casamento se tratasse, mas os noivos não apareceram. Os votos só no dia 26 se conhecerão.

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