A carreira musical de Talisca, depois de o covid-19 lhe tirar o futebol
Quem se lembra de Anderson Talisca? O médio ofensivo brasileiro que chegou ao Benfica em 2014 como um desconhecido e que depressa mostrou um vasto repertório futebolístico que motivou inclusive um bate-boca entre os treinadores Jorge Jesus e José Mourinho. Pois bem, aos 26 anos o futebolista aproveitou a paragem do futebol para se dedicar a fundo à sua outra paixão: a música.
Há cerca de um ano e meio criou a banda de pagode Swing do T10 e nos últimos cinco meses dedicou-se a fundo a essa paixão, com espetáculos beneficentes, desfile no Carnaval de Salvador, e, com o confinamento domiciliário obrigatório na Bahia, passou a dar concertos transmitidos através das redes sociais e do YouTube.
E a verdade é que a última atuação, na noite de domingo, não acabou lá muito bem, pois o concerto foi interrompido quando já ia com mais de duas horas. Ao que tudo indica porque a Polícia Militar apareceu no condomínio fechado, onde decorria o espetáculo, no município de Lauro de Freitas, na Bahia, porque estava a ser violado o recolher obrigatório das 20.00 às 5.00 horas por causa da pandemia covid-19.
A emissão foi interrompida por alguns minutos, mas quando voltou Anderson Talisca explicou que se tratava "uma situação muito chata" e que tinha a ver com uma situação que tinha ocorrido com um familiar de um dos músicos e que "por respeito a ele" teriam de dar por terminado o espetáculo. Uma versão que não coincide com as da Polícia Militar e da Prefeitura de Salvador, que disse ter sido alertada por uma "denúncia de poluição sonora feita pelos condóminos".
Seja como for, esta polémica acabou por ser uma boa forma de publicidade para a banda de Talisca, que já prometeu uma nova atuação em direto na próxima semana. A verdade é que o antigo jogador do Benfica, atualmente com contrato com os chineses Guangzhou Evergrande, já era músico antes de ser futebolista profissional e mesmo quando se transferiu para a Luz manteve essa paixão. "Nas férias reunia-me com os amigos para tocar. Agora, começamos a levar esta brincadeira mais a sério com shows beneficentes sempre nas minhas férias", revelou o jogador em junho do ano passado em declarações ao portal de Salvador, De Olho na Cidade.
O último jogo que Anderson Talisca fez foi a 1 de dezembro de 2019, quando o Guangzhou Evergrande venceu o Shanghai Shenhua, por 3-0, em partida da última jornada da SuperLiga, que confirmou o título de campeão chinês para a equipa do médio brasileiro. Depois disso, entrou de férias, viajou para Salvador para passar férias e foi, entretanto, apanhado pela pandemia que o impediu de regressar à China até agora.
Até ao covid-19 atacar em força no nordeste brasileiro, Anderson Talisca e a sua banda Swing do T-10 realizou vários espetáculo beneficentes na cidade de Feira de Santana, onde nasceu. O dinheiro do cachê que recebeu, depois de descontado o salário dos seus músicos, foi doado a vários instituições de solidariedade social. Mas foi no carnaval de Salvador que o médio realizou "um sonho de criança". "Sempre desejei subir num trio elétrico e brincar com meus amigos e familiares fazendo música. O ritmo que mais gosto é o pagode baiano e o público vai conhecer um Talisca diferente, um sonhador da música", disse ao jornal O Correio, da Bahia.
A paixão pela música fez mesmo com que, em 2018, o futebolista tivesse criado AT Music Produções, empresa de gestão de carreira de músicos, que tem no seu portefólio a cantora Larissa Marques e a banda Pagode do Segredo, além do Swing do T10.
Há cinco meses no Brasil e ainda sem data de regresso à China para começar uma nova temporada ao serviço do Guangzhou Evergrande, Anderson Talisca aproveita a pandemia de covid-19 para viver o tal sonho de criança de ser músico. Uma espécie de ensaio para quando encerrar a sua carreira de futebolista.
Anderson Talisca começou a sua carreira profissional no Bahia, mas após dois anos, em 2014, transferiu-se para o Benfica por 4,5 milhões de euros. Na Luz foi duas vezes campeão, tendo acabado por rumar à Turquia por empréstimo em 2016, onde representou o Besiktas durante duas épocas. Em 2018 foi para a China, com o Guangzhou Evergrande a pagar qualquer coisa como 25 milhões de euros pelo jogador (5,8 pelo empréstimo inicial e 19,2 pela opção de compra obrigatória).