O Reino Unido continuou a ser o principal destino dos portugueses em 2017, apesar de se registar uma descida de 26 % comparativamente ao ano anterior e menos dois terços do que em 2015. Emigraram 23 mil para o território britânico..Tem influência a "retoma da economia portuguesa" e, também, o "efeito Brexit", explicam os autores do relatório Emigração 2017, apresentado esta manhã no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Reforçam, no entanto, que o referendo britânico também se notou em Espanha, França e Itália..Presentes na apresentação do estudo, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, além do responsável do Observatório da Emigração, Rui Pena Pires, autores do relatório.."O relatório confirma a tendência de descida da emigração, uma componente deve-se ao emprego estar a crescer em Portugal e, outra parte, resulta do facto do principal destino estar a perder atração na sequência do processo do Brexit", explica Rui Pena Pires..Ganham os países europeus.Outra das tendências de 2017 é o predomínio dos países europeus como destino dos portugueses e o aumento da importância dos africanos em detrimento dos americanos. Isto, apesar de menos portugueses estarem a escolher Angola. Nos 23 países de destino, mais de metade (14) são europeus..Fora da Europa, falam português os principais países de destino: Angola (3 mil, em 2017), Moçambique (mil, em 2016) e Brasil (mil em 2015)..O desinvestimento em Angola "deve-se à crise económica desencadeada com a desvalorização dos preços do petróleo", diz o relatório..Para o futuro, as conclusões a partir das estatísticas dos países de destino, apontam para uma contínua descida da emigração para o Reino Unido. "De qualquer forma, e a não ser que problemas deste tipo nos principais destinos se multipliquem ou acentuem bruscamente, deverá manter-se a tendência para uma redução da emigração mais lenta do que a subida registada nos anos mais agudos da crise, bem como para uma posterior estabilização em patamar superior ao do período pré-crise"..Os sociólogos detetaram uma situação que vai em contra corrente e que é o número de portugueses a chegar a Espanha. É o quinto destino dos novos emigrantes, na ordem dos dez mil em 2017, depois do já citado Reino Unido, e ainda Alemanha, França e Suíça..Rui Pena Pires coloca como hipótese serem portugueses de segunda geração que viviam na Venezuela. "Há indicações que possam ser, não portugueses que estão a deixar Portugal, mas descendentes de emigrantes venezuelanos que, com a situação de crise e por efeitos da conjugal idade, têm familiares em Espanha, cuja língua dominam melhor". Outro indicador é o facto de não estarem a aumentar as remessas de Espanha, indicando que poderão ir para a Venezuela. Este é uma situação que é preciso confirmar nos próximos estudos..Portugal é na UE quem tem mais emigrantes.Se fizermos as contas do lado dos países de destino, ou seja, a percentagem de portugueses nos fluxos migratórios, estes continuam a representar uma parte importante das novas entradas no Luxemburgo (14% em 2017), em Macau (6.5% em 2017) e na Suíça (6.3% em 2017)..Foram a segunda nacionalidade mais representada entre os novos emigrantes no Luxemburgo, a quarta na Suíça e em França (valores de 2016), e a sétima no Reino Unido..E Portugal continua a ser o país da UE com mais emigrantes em proporção aos seus habitantes, revelam as estimativas das Nações Unidas, de dezembro de 2017..O número de emigrantes nascidos em Portugal era ligeiramente cerca de 2,3 milhões, representando 23% dos dez milhões que vivem em Portugal..Nas últimas décadas, a percentagem de portugueses a viver na Europa passou de 53%, em 1990, para 66%, em 2017. A França continua a ser o país do com mais pessoas nascidos em Portugal: mais de 615 mil em 2014, último ano com informação disponível. Segue-se a Suíça (220 mil em 2017, diminui pela primeira vez desde 2000), os EUA (148 mil em 2014), o Canadá (143 mil em 2016), o Reino Unido (139 mil, em 2017), o Brasil (138 mil, em 2010) e a Alemanha (123 mil, em 2017) e a Espanha (100 mil, em 2016).