Portugal sem novas mortes pela primeira vez desde março

Dados do boletim epidemiológico da Direção-Geral de Saúde desta segunda-feira. Lisboa e vale do Tejo concentra cerca de 62,2% dos casos a nível nacional.
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Portugal registou mais 106 novos casos de covid-19 - um aumento de 0,2% - e nenhum óbito, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral de Saúde desta segunda-feira. É a primeira vez, desde o dia 16 de março, que não há nenhuma morte a registar devido à doença.

Um dado que é "uma nota positiva e de esperança", disse António Lacerda Sales, na conferência de imprensa desta segunda-feira, para explicar os números presentes no último boletim.

Para o secretário de Estado da Saúde, o registo de zero mortes é "um motivo de satisfação", mas alerta que pode haver retrocessos na situação e, por isso, aconselha cautela "e humildade" ao olhar para os dados desta segunda-feira.

"Tem sido muito difícil nestes últimos tempos. Olhamos para os números com humildade, com cautela, sabemos que de um momento para o outro esta situação pode inverter-se", disse o secretário de Estado da Saúde, realçando que é necessário seguir as regras estipuladas.

Lacerda Sales mostrou-se emocionado durante a conferência, ao comentar os zero óbitos.

Desde o início da pandemia, já se registaram 51 569 e 1738 mortes por covid-19 no país.

37 111 já recuperaram da doença - mais 127 do que no dia anterior.

A região de Lisboa e Vale do Tejo totaliza hoje 26.389 casos, mais 66 do que no domingo, e cerca de 62,2% dos casos a nível nacional.

Há 390 doentes internados (+ 12) e, destes, 42 estão em Unidades de Cuidados Intensivos (+1).

1423 pessoas (-124) aguardam os resultados do teste à covid-19.

4095 profissionais de saúde foram infetados desde o início da pandemia - 3559 já recuperaram da doença, de acordo com dados de 30 de julho, rrevelados durante a conferência de imprensa desta segunda-feira.

Quanto aos casos confirmados, a região de Lisboa e Vale do Tejo lidera, com 26.389, seguida pela região Norte (18.797, mais 17 casos relativamente ao boletim de domingo).

A região Centro tem 4.465 infeções confirmadas, mais 10 novos casos comparativamente a domingo, de acordo com o boletim atualizado hoje, que reúne dados até à meia-noite de domingo.

O Algarve totaliza 892 casos, mais cinco do que no domingo, e o Alentejo subiu para as 745 novas infeções confirmadas (mais duas).

A Madeira regista mais cinco casos do que no domingo, totalizando agora 113 infeções confirmadas, e zero mortes.

Mais infetados na faixa etária entre os 40 e os 49 anos

Em termos globais, há mais infetados na faixa etária entre 40 e 49 anos (8.544), seguindo-se a faixa entre 30 e 39 anos (contabiliza hoje 8.427 casos, mais 22 casos do que no domingo).

A faixa etária entre os 20 e os 29 anos, totaliza em Portugal desde o início da pandemia 7.892 casos, mais 15 do que no domingo.

Na faixa dos 50 aos 59 anos, registam-se 12 novos casos, uma subida de 7.781 para 7.793.

Com mais de 80 anos, tiveram infeções confirmadas 5.870 pessoas, mais três do que no domingo.

A covid-19 já afetou em Portugal 1.869 crianças até aos nove anos e 2.366 entre os 10 e os 19.

As autoridades de saúde têm sob vigilância 36.481 pessoas, mais 333 relativamente a domingo.

Os dados indicam que do total das vítimas mortais, 869 são homens e 869 são mulheres.

Por faixas etárias, o maior número de óbitos concentra-se nas pessoas com mais de 80 anos (1.165), seguidas das que tinham entre 70 e 79 anos (337), entre 60 e 69 anos (155) e entre 50 e 59 anos (55). Há ainda 20 mortos registados entre os 40 e 49 anos, quatro entre os 30 e 39 e dois entre os 20 e 29 anos de idade.

A região Norte continua a registar o maior número de mortes (828), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (606), o Centro (252), Alentejo (22), Algarve (15) e Açores (15).

Novo caso detetado nos Açores nas últimas 24 horas

Os Açores registaram, nas últimas 24 horas, um novo caso positivo de covid-19, na ilha de São Miguel, informou hoje a Autoridade de Saúde Regional.

No seu comunicado diário, aquela entidade adianta que, "decorrentes das 890 análises realizadas nos dois laboratórios de referência da região nas últimas 24 horas, foi diagnosticado um caso positivo de covid-19 na ilha de São Miguel", um homem de 47 anos, "não residente nos Açores".

O homem desembarcou no arquipélago proveniente de "ligação aérea com o território continental em 02 de agosto, tendo obtido à chegada resultado positivo para o vírus SARS-CoV-2".

De acordo com a Autoridade de Saúde açoriana, o homem "apresenta situação clínica estável e foram já diligenciados, pela delegação de saúde concelhia, os procedimentos definidos para caso confirmado, testagem e vigilância de contactos próximos".

Até ao momento, foram detetados na região 176 casos de infeção pelo

Há zonas do mundo onde já pode existir imunidade de grupo

Investigador português na Universidade de Oxford, José Lourenço fez estudos epidemiológicos com modelos computacionais e concluiu que a imunidade cruzada por infeções com outros coronavírus, a confirmar-se, pode ajudar a gerir a pandemia no próximo inverno.

Uma das suas conclusões é quase surpreendente: em algumas regiões do mundo, como certas zonas de Itália ou alguns bairros de Nova Iorque que foram mais duramente atingidos pela primeira vaga da covid-19, a imunidade de grupo poderá já estar muito próxima do limiar necessário para diminuir muito o impacto de uma eventual segunda onda da pandemia.

Em teoria, alguns bairros de Madrid poderiam já estar também nesta situação. Mas, como sublinha o investigador, "não há estudos serológicos que permitam confirmá-lo".

Para chegar a estes resultados, que já estão disponíveis na plataforma online medRvix, ainda sem revisão científica - o artigo foi submetido para publicação a uma revista da especialidade e está em fase de revisão -, José Lourenço e a sua equipa desenvolveram um modelo computacional complexo para poderem incluir na avaliação o papel da chamada imunidade cruzada para a construção da imunidade de grupo.

"Há estudos de imunologia que sugerem a existência de uma imunidade natural para o Sars-cov-2 em muitas pessoas, que resulta da imunidade que já existe para os quatro coronavírus que causam constipações e gripes comuns - é a imunidade cruzada" explica José Lourenço.

Casa Branca: Vírus nos EUA está mais disseminado do que no início

A coordenadora na resposta à pandemia da Casa Branca alerta que os EUA estão agora numa "nova fase", com casos mais disseminados do que no arranque da pandemia. O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças prevê um total de 173 mil mortes até 22 de agosto.

"O que estamos a ver hoje é diferente de março e abril. É extraordinariamente generalizado. Está nas áreas rurais e urbanas de igual forma". O alerta foi dado por Deborah Birx, responsável pela resposta à pandemia na Casa Branca, em entrevista à CNN.

Numa altura em que os EUA dominam o pódio de países com mais casos confirmados e mais óbitos devido à pandemia de covid-19, todo o cuidado é pouco, disse.

Deborah Birx lembrou que mesmo aqueles que residem em zonas rurais não estão "imunes ou protegidos contra este vírus". "Se estiver em lares de várias gerações e houver um surto na sua área rural ou na sua cidade, vai precisar realmente de usar uma máscara em casa, supondo que seja positivo."

A responsável deixou um apelo a todos os norte-americanos, para que sigam as recomendações das autoridades de saúde, incluindo a utilização de máscara - tantas vezes rejeitada pelo próprio presidente Donald Trump.

Doença matou quase 690.000 pessoas e infetou mais de 18 milhões

A pandemia de covid-19 já matou pelo menos 689.758 pessoas em todo o mundo desde que o vírus foi detetado na China, em dezembro, refere o último balanço feito pela Agência France-Presse (AFP) com base em dados oficiais.

Mais de 18.109.730 casos de infeção foram oficialmente diagnosticados em 196 países e territórios, dos quais pelo menos 10.505.100 já foram considerados curados.

O número de casos diagnosticados só reflete, no entanto, uma fração do número real de infeções, já que alguns países testam apenas casos graves, outros fazem os testes para rastreio e muitos países mais pobres só têm capacidade limitada de fazer teste.

Os Estados Unidos são o país mais afetado tanto em termos de vítimas mortais como de infeções, com 154.860 mortes e 4.667.957 casos, segundo a Universidade Johns Hopkins. Pelo menos 1.468.689 pessoas foram declaradas curadas no país.

Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são o Brasil, com 94.104 mortos e 2.733.677 casos, o México, com 47.746 mortos e 439.046 casos, o Reino Unido, com 46.201 mortos e 304.695 casos, e a Índia com 38.135 mortos e 1.803.695 casos.

Esta avaliação foi realizada usando dados recolhidos pela AFP junto das autoridades nacionais de saúde e com informações da Organização Mundial da Saúde.

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