Brigitte Macron
Brigitte MacronThomas SAMSON / AFP

Mentiras sobre Brigitte Macron ultrapassam fronteiras de França e chegam aos EUA

Há vários anos que circula o rumor de que Brigitte Macron é transgénero, informação difundida por grupos de extrema direita ou que divulgam teorias da conspiração.
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Rumores infundados de caráter sexista e transfóbico, segundo os quais Brigitte Macron "nasceu homem", estão a espalhar-se entre a extrema direita americana, em plena campanha presidencial.

"Incrível: este é o maior escândalo na história da humanidade", diz para a câmara a bloguer norte-americana Candace Owens, que, a 11 de março, garantiu que estava a colocar a "sua reputação em risco" ao falar sobre "informação" que teria sido revelado por "jornalistas franceses".

No vídeo com mais de um milhão e meio de visualizações no YouTube, entretanto eliminado, Candance Owens ataca violentamente Brigitte Macron, que usava o apelido Trogneux quando era solteira, assegurando com documentos e fotos que, na realidade, ela seria uma mulher transexual que nasceu com o nome de Jean-Michel.

O vídeo vinha acompanhado das "hashtags" #JeanMichelTrogneux e #BrigitteGate, e acabou por viralizar.

Este rumor já circulava em França em 2021, poucas semanas antes das eleições presidenciais, difundido por grupos de extrema direita e que divulgam teorias da conspiração. O caso levou Brigitte Macron a recorrer à Justiça.

Emmanuel Macron mencionou essa questão a 8 de março, no Dia Internacional dos Direitos da Mulher, lamentando "as informações falsas".

A "fonte" de Candace Owens para a sua informação é a publicação de extrema direita Faits et Documents, criada em 1996, que divulgou em 2021 uma "investigação" sobre a questão.

Segundo Sophie Chauvet, doutoranda em Ciências da Informação, nos Estados Unidos a informação circulou primeiro em sites confidenciais como 4Chan, mas viralizou "quando 'influencers' [...] como o ex-apresentador da Fox News, Tucker Carlson e Candace Owens, que têm uma audiência muito grande, lhe deram visibilidade".

Todos são personalidades do campo ultraconservador, próximas a Donald Trump, candidato nas eleições presidenciais de novembro, e conhecidos por difundir teorias da conspiração e racistas.

A ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, e a ex-primeira-dama americana Michelle Obama também foram alvo dos mesmos rumores em 2017 e 2018.

"O relato de uma pessoa 'secretamente trans' é, há muito tempo, uma característica da violência de género online", indica um relatório de 2021 do instituto de pesquisa americano Wilson Center.

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