Keir Starmer, Joe Biden e Emmanuel Macron foram recebidos em Berlim por Olaf Scholz para discutir a situação na Ucrânia.
Keir Starmer, Joe Biden e Emmanuel Macron foram recebidos em Berlim por Olaf Scholz para discutir a situação na Ucrânia.EPA/CHRIS EMIL JANSSEN / POOL

Pyongyang ajuda Moscovo com tropas, enquanto Biden pede mais apoio a Kiev

Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano pediu “uma reação imediata e forte da comunidade euro-atlântica e do mundo” ao envio de militares norte-coreanos para combater ao lado das tropas russas.
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O primeiro alerta foi dado por Volodymyr Zelensky na quinta-feira, ao anunciar que os serviços secretos ucranianos identificaram dez mil militares norte-coreanos preparados para apoiar a Rússia na ofensiva contra Kiev, referindo, porém, que estes operacionais ainda estariam na Coreia do Norte. Menos de 24 horas depois, os serviços secretos da Coreia do Sul indicaram que Pyongyang já en- viou o seu primeiro contingente de 1500 soldados das Forças Especiais para Vladivostok, no extremo oriente russo, e enviará mais num futuro próximo.

Os serviços secretos sul-coreanos “detetaram, entre 8 e 13 [de outubro], que a Coreia do Norte transportou as suas Forças Especiais para a Rússia num navio de transporte da Marinha russa, confirmando o início do envolvimento militar da Coreia do Norte” nos esforços de guerra russos na Ucrânia. Um grupo que faz parte de um contingente de 12 mil soldados com que Pyon- gyang decidiu ajudar Moscovo na guerra contra Kiev, confirmando a hipótese avançada pelo presidente ucraniano.

Seul adiantou ainda que estas primeiras tropas foram enviadas para bases como “Vladivostok, Ussuriysk, Khabarovsk e Blagoveshchensk, e deverão ir para as linhas da frente assim que concluírem o treino de aclimatação”, com o gabinete do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, a sublinhar que o crescente apoio de Pyongyang a Moscovo já vai “além da transferência de equipamento militar”.

“A Coreia do Norte apoia a agressão da Rússia contra a Ucrânia com armas e efetivos. (…) Precisamos de uma reação imediata e forte da comunidade euro-atlântica e do mundo”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiha, no X. “Em resposta, os aliados devem intensificar o seu apoio militar à Ucrânia, levantar as restrições aos ataques de longo alcance, começar a intercetar mísseis e drones  russos sobre a Ucrânia, fazer um convite para a NATO, aumentar o investimento nas fábricas de armas ucranianas. Passar à ação!”, acrescentou.

Da parte da NATO, o seu secretário-geral disse esta sexta-feira não poder confirmar a presença de militares norte-coreanos a caminho da Rússia, apesar da confirmação de Seul, mas advertiu que, mesmo que a Coreia do Norte “não esteja fisicamente lá [na Ucrânia ou na Rússia], está a alimentar a guerra de agressão de todas as maneiras possíveis”.

Mark Rutte adiantou ainda estar em contacto com Seul para confirmar estas alegações e que a NATO fará uma avaliação se se confirmarem as informações.

A partir de Berlim, o presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou que os aliados devem “manter o seu apoio” até que a Ucrânia obtenha “uma paz justa e duradoura”. Declarações feitas na semana em que Zelensky apresentou o “Plano para a Vitória” e numa altura em que a invasão russa caminha para o seu milésimo dia. “Devemos manter a nossa determinação, o nosso esforço e o nosso apoio”, declarou Biden. “Sei que o custo é alto, mas não se enganem: é insignificante em comparação com o custo de vida num mundo onde a agressão prevalece.”

A Alemanha - o segundo fornecedor de armas a Kiev depois dos EUA - já reduziu para quatro mil milhões de euros o seu orçamento para a Ucrânia em 2025. Esta sexta-feira, no encontro com Biden, o chanceler alemão, Olaf Scholz, defendeu a linha traçada pelos aliados para não escalar o conflito, dizendo que estão a “garantir que a NATO não se torne parte na guerra, para que esta guerra não se transforme numa catástrofe muito maior”.

Aos dois líderes juntaram-se depois o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer. “Discutimos como acelerar o nosso apoio à Ucrânia”, declarou Starmer. “Portanto, enquanto a Ucrânia entra num inverno difícil, é importante dizer que estamos convosco”.

ana.meireles@dn.pt

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