Madalena e Frederico têm sido distinguidos com vários prémios internacionais.
Madalena e Frederico têm sido distinguidos com vários prémios internacionais.Direitos Reservados

Projeto português entre os finalistas da Youth Start-up Competition 2024

INOVAÇÃO. Frederico Mauritty e Madalena de Castro Filipe concorrem com o Hidroqapa, um bioplástico impermeabilizante para a têxtil produzido a partir de cascas de camarão.
Publicado a
Atualizado a

Foi ainda no liceu, no 12.º ano, no Colégio Valsassina, em Lisboa, que Madalena de Castro Filipe e Frederico Mauritty desenvolveram o HidroQapa, o bioplástico impermeabilizante para a indústria têxtil produzido a partir de cascas de camarão. O projeto de investigação foi desenvolvido com o apoio do Instituto Superior Técnico e é hoje um dos três finalistas à edição de 2024 da Youth Start-up Competition, uma iniciativa da Comissão Europeia para promover o empreendedorismo, “reconhecendo o papel crucial que os jovens desempenham na definição do futuro da UE”. O vencedor será conhecido na quarta-feira, em Budapeste, onde decorre, de 18 a 20 de novembro, a Assembleia das PME.

Realizado com o apoio e a orientação das docentes Ana Paula Ribeiro e Luísa Margarida Martins, e da investigadora Ana Ferraria, do Instituto Superior Técnico, o projeto conta ainda com a mentoria de Luís Cristino no programa BlueBio Value Ideation, uma iniciativa que promove o desenvolvimento de projetos inovadores e sustentáveis na área da economia azul, em parceria com a Fundação Oceano Azul, a Maze e a Blue Bio Alliance.

O HidroQapa propõe uma “solução sustentável e inovadora” no âmbito da economia azul e da economia circular, focando-se no reaproveitamento de resíduos de crustáceos, em especial das cascas de camarão. O que se encara como um resíduo é, na verdade, uma “fonte rica em recursos renováveis, como a quitina, que é transformada em quitosano” para a produção do dito bioplástico biodegradável e impermeabilizante. 

Frederico e Madalena são hoje estudantes na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa. A área da Saúde sempre os atraiu, ao contrário da Química, mas foi aqui que encontraram o seu caminho para “ajudar a criar um futuro mais sustentável e contribuir para um impacto positivo no mundo”.

 “Acreditamos no enorme potencial do HidroQapa e no impacto que este pode ter para se alcançar um futuro mais sustentável na indústria têxtil e no planeta. Queremos que seja um exemplo de como a inovação tecnológica pode ser aplicada com responsabilidade ambiental”, diz Frederico Mauritty. 

Madalena de Castro Filipe concorda: “O nosso objetivo é que se torne uma solução amplamente reconhecida e adotada por toda a indústria têxtil. Pretendemos que a nossa tecnologia, que combina eficiência e sustentabilidade, se transforme numa referência obrigatória para empresas que procuram cumprir com os padrões ambientais mais rigorosos e responder à crescente demanda por produtos mais ecológicos” . 

Os dois jovens destacam que o bioplástico pretende substituir “substâncias químicas altamente tóxicas, que causam danos ambientais severos e representam riscos à saúde humana”, mas também oferece uma solução que transforma desperdícios em recursos valiosos, contribuindo para a redução de resíduos e para a proteção dos ecossistemas aquáticos. E cria riqueza. “Economicamente, o projeto cria valor a partir de materiais descartados, abrindo novas oportunidades de mercado e fomentando a criação de empregos”, destacam. O produto é aplicado na forma líquida, durante a manufatura dos tecidos, e ajuda a “aumentar a resistência do material, sem afetar a sua integridade”.

Ana Paula Ribeiro, uma das professoras do Técnico que os tem acompanhado, mostra-se confiante no sucesso em Budapeste: “É um projeto notável, que resulta de uma ideia relativamente simples, mas que a conceção e o trabalho [desenvolvido] mostrou algo que não tinha sido feito e experimentado assim. Acho que, devido à novidade associada com a inovação e com a capacidade de execução que se tem demonstrado, tem tudo para ser um projeto vencedor”, sustenta.

Nesta fase final do concurso estão ainda o francês Jacques de Montigny, fundador da Green Fusion, e a húngara Anna Nagypál , que desenvolveu um novo método para combater a resistência aos antibióticos na indústria avícola.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt