O vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitri Medvedev, ameaçou ontem que haverá um “castigo inevitável” contra a Ucrânia pela morte do tenente-general Igor Kirillov, chefe da unidade militar de armas químicas, biológicas e radiológicas da Rússia num atentado em Moscovo reivindicado por Kiev. .“As tentativas de intimidar o nosso povo, de travar o avanço do exército russo e de provocar o medo estão condenadas ao fracasso”, afirmou Medvedev, que ocupou a presidência russa entre 2008 e 2012, avisando que a liderança militar e política da Ucrânia “enfrentará um castigo inevitável” pelo assassinato do tenente-general Igor Kirillov - o mais alto responsável militar russo morto em Moscovo desde o início da guerra - e do seu adjunto. As autoridades russas estão a investigar o ataque como um caso de terrorismo, com Medvedev a acusar Kiev de estar a tentar “prolongar a guerra e a morte”..Kirillov, de 54 anos, foi alvo ontem de manhã de um atentado bombista em Moscovo reivindicado pelos serviços especiais ucranianos, de acordo com fontes do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) citadas pelas agências noticiosas ucranianas Ukrinform e UNIAN..A explosão ocorreu quando os dois homens deixavam um prédio numa área residencial no sudeste da capital, sendo que a bomba estava escondida numa trotineta elétrica. .De acordo com um jornalista da AFP no local, as janelas de vários apartamentos ficaram estilhaçadas pela explosão tendo a polícia isolado a zona. A entrada do edifício também ficou muito danificada..As mesmas fontes do Serviço de Segurança da Ucrânia sublinharam que Kirillov “era um criminoso de guerra e um alvo completamente legítimo”, referindo que ele “deu ordens para utilizar armas químicas proibidas contra o exército ucraniano”. “O castigo para os crimes de guerra é inevitável”, afirmaram as mesmas fontes do SBU..O ataque de ontem ocorreu um dia depois de o Serviço de Segurança da Ucrânia ter acusado Kirillov de alegada responsabilidade na utilização de armas químicas em solo ucraniano no âmbito da invasão russa. Segundo o SBU, mais de 4800 casos de uso russo de armas químicas foram registados sob as ordens do general desde fevereiro de 2022, sendo que, desde então, mais de dois mil soldados ucranianos já foram hospitalizados com vários graus de envenenamento químico. .Igor Kirillov liderava a unidade militar de armas químicas, biológicas e radiológicas da Rússia desde abril de 2017. Estas tropas são responsáveis pela luta contra os efeitos das armas nucleares, radiológicas, biológicas e químicas, geralmente conhecidas como armas de destruição maciça, e também por operações de segurança civil em caso de acidente nuclear, bacteriológico, químico ou ambiental..Desde outubro que estava na lista de sanções do Reino Unido pelo alegado uso de armas químicas na Ucrânia. “Não vamos lamentar a morte de um indivíduo que participou numa invasão ilegal e impôs sofrimento e morte ao povo ucraniano”, declarou ontem o porta-voz do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.