Quase 90% das escolas com média positiva
Quase 90% das escolas (88,9%) conseguiram média positiva nos exames do Secundário do ano passado. De acordo com o ranking feito pelo DN/JN a partir dos dados divulgados pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação, 72 estabelecimentos (mais 20 do que em 2022), entre 648, registaram uma média inferior a dez valores nas provas.
O ranking volta a ser liderado por colégios. A primeira pública surge no 35.º lugar – a Secundária de Vouzela com média de 14,22 valores – e há mais 37 entre os primeiros cem lugares da tabela.
Recorde-se que este foi o último ano que os alunos do 12.º fizeram exames apenas para ingresso no Superior. A partir do próximo ano, está em pleno o modelo que volta a prever o exame de Português como obrigatório para todos os alunos, que têm de fazer no mínimo três provas. Os exames podem contar no máximo 60% da nota de ingresso (até este ano foi 50%) e a média do Secundário tem nova fórmula de cálculo, em que as disciplinas de opção (várias com nota de 20 valores) passam a pesar menos na classificação final.
Os alunos do 11.º ano que este ano fizeram exames já estão abrangidos por este novo modelo, aprovado para responder ao fenómeno de inflação de notas. Os dados relativos às classificações internas revelados no âmbito dos rankings mostram que, num terço dos colégios, mais de metade das notas atribuídas no Secundário são 19 e 20.
Para os investigadores Gil Nata e Tiago Neves, que em 2015 denunciaram esta prática, a percentagem de classificações máximas “é absolutamente anómala”. E reveladora de que “muitos alunos estão, de facto, a comprar o acesso ao Ensino Superior”. O ex-ministro João Costa prometeu há um ano o agravamento do regime sancionatório das escolas. A medida não avançou. Interpelado o gabinete do atual ministro este remeteu para o Parlamento a competência para aprovar alterações.
Novo desafio
Nos dados revelados este ano há duas novidades: as taxas de conclusão dos cursos, no tempo esperado, das escolas TEIP e dos alunos migrantes. A taxa dos estrangeiros é a mais baixa. O presidente do Conselho das Escolas, António Castel-Branco defende adaptações nos exames realizados por estes alunos, que não fazem apenas Português Língua Não Materna.
Já o presidente do Conselho Nacional de Educação, Domingos Fernandes, defende que a integração dos alunos estrangeiros é crucial para prevenir tensões sociais como em França ou nos EUA.
Em destaques
11,52
Valores. Esta foi a média nacional das escolas com base nas notas dos alunos nos dez exames com mais inscritos em 2023.
40
Escolas (6,2% do total) registaram, no ano passado, uma média superior a 14 valores. As três no topo do ranking conseguiram mais de 16.
Médias por concelho
Só o concelho de Vouzela registou média superior a 14 valores (14,22). Entre 276, 14 escolas registaram média negativa, a mais baixa foi na Moita (7,94 valores). O Porto teve uma média de 12,06 valores, Coimbra de 11,79 e Lisboa de 11,7 valores.
Altos e baixos
Nas subidas e descidas registadas em 2023 aponte-se o exemplo do Colégio de Ermesinde, que escalou do 232.º lugar em 2022 para o 12.º. O Conservatório de Braga desceu da 9.ª para a 52.ª posição.
alexandra.inacio@jn.pt