Macron e Barnier em 2020.
Macron e Barnier em 2020.Ludovic MARIN / AFP

Macron nomeia ex-negociador do Brexit como primeiro-ministro de França

Michel Barnier, antigo comissário europeu de 73 anos, é a escolha do presidente francês.
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O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou o ex-comissário europeu que foi o negociador do Brexit, Michel Barnier, para o cargo de primeiro-ministro. 

Barnier, de 73 anos, é do partido Os Republicanos e foi chefe de diplomacia de Jacques Chirac. É o mais velho primeiro-ministro da era moderna em França. 

O chefe de Estado pediu ao antigo negociador do Brexit que “formasse um governo de união ao serviço do país”. E “garantiu” que Barnier "reúne as condições" para ter um governo "o mais estável possível" e as hipóteses de reunir o maior apoio.

A decisão sobre a escolha do primeiro-ministro cabe apenas ao presidente, mas os partidos na Assembleia Nacional podem decidir pedir uma moção de censura. 

O líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, já reagiu à nomeação dizendo que a eleição foi "roubada" ao povo francês. A França Insubmissa faz parte da Nova Frente Popular, a aliança de esquerdas que foi a mais votada nas legislativas. 

Barnier foi ministro pela primeira vez em 1993, assumindo a pasta do Ambiente no governo de Édouard Balladur e a presidência de François Mitterand. Teve depois a pasta dos Assuntos Estrangeiros no executivo de Alain Juppé, sob Jacques Chirac.

Em 1999 foi nomeado comissário europau para a Política Regional na Comissão de Romano Prodi, regressando a França em 2004 para ser chefe da diplomacia de Jean-Pierre Raffarin, noutro mandato de Jacques Chirac. Já na presidência de Nicolas Sarkozy e no governo de François Fillon foi ministro da Agricultura e da Pesca. 

Em 2010 regressou a Bruxelas, na Comissão de Durão Barroso, desta vez como comissário para o Mercado Interno e os Serviços. 

A partir de 2016 foi o negociador-chefe para o Brexit, responsável por representar os interesses de Bruxelas na saída do Reino Unido da União Europeia.    

Le Pen espera por programa político do novo PM para decidir se o censura

A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, já veio dizer que vai esperar que Michel Barnier apresente o seu programa político ao Parlamento antes de decidir se censura o futuro governo.

"Vamos esperar pelo discurso de política geral" que será feito na Assembleia Geral pelo novo chefe de Governo, afirmou Le Pen, numa reação à nomeação de Barnier em declarações ao canal LCI.

A política recordou as condições que o seu partido, a Frente Nacional (RN, na sigla em francês) para não votar imediatamente uma moção de censura.

"Temos de respeitar os nossos eleitores" e o primeiro-ministro deve empenhar-se numa reforma eleitoral que mude o atual sistema maioritário para um sistema proporcional, começou por enumerar.

Le Pen também referiu que "não se pode pensar em não ter em conta o que aconteceu", numa referência aos resultados das eleições legislativas de 30 de junho e 7 de julho, que Macron convocou antecipadamente.

A RN e os seus aliados foram a terceira força mais representada na Assembleia Nacional, com 142 deputados (num total de 577), atrás da coligação de esquerda (193) e do bloco macronista (166), apesar de serem os mais votados, com 37% dos votos.

A líder da extrema-direita francesa apontou as "questões fundamentais" que lhes interessam e que "terão de ser tidas em conta" pelo novo governo: "a imigração fora de controlo, a insegurança que dispara e a preservação do poder de compra dos franceses".

Em França, uma moção de censura pode derrubar um governo sem propor um governo alternativo, ao registar-se uma maioria absoluta dos votos, o que seria possível se a esquerda - que já manifestou a sua total oposição à nomeação de Barnier - e a extrema-direita se unissem.

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