"Soares é Fixe". O slogan vem de 1986 e não se pode também dissociar da vitória que Mário Soares teve nas eleições presidenciais, as mais concorridas de sempre em Portugal. Espalhado por T-shirts, cartazes, autocolantes, bandeiras e crachás, o "Soares é fixe" aproximou o candidatos às camadas jovens de eleitorado que fizeram a diferença. O slogan acompanhou Soares até ao final da vida..Cavaco à americana.Legislativas de 1987. Cavaco Silva era considerado um político provinciano, com dificuldades de expressão. Mas aprendeu depressa após ter conseguido uma maioria relativa em 1985. Dois anos depois, estudou a lição, apanhou o jeito na campanha eleitoral e, à americana, tejadilho do carro de campanha sempre aberto, o candidato desfez-se em saudações ao povo, sempre afoito no contacto pessoal. Resultado: a primeira de duas maiorias absolutas..O momento da mudança.Marinha Grande, 14 de janeiro de 1996. Mário Soares, ex-primeiro-ministro mal-amado corria para Belém, com níveis de popularidade de mau presságio. Trabalhadores da indústria do cristal, vítima da crise económica e de muitos despedimentos, juntaram-se para apanhar o candidato em campanha. Rui Ochoa, então fotógrafo do Expresso, estava lá e apanhou o momento em que o tentaram esbofetear. A imagem correu o país e mudou o rumo da história de um candidato que só tinha 5% nas intenções de voto. O líder histórico do PS conseguiu bater à segunda volta Freitas do Amaral, quando parecia tudo perdido..Cartazes expressivos.Nos primeiros anos da democracia, até o Centro Democrático Social (ainda sem o PP, de Partido Popular) parecia encostado à esquerda. Com os olhos postos nas primeiras eleições, lançou um notável conjunto de 13 cartazes em que sob o slogan "Queremos responder", com fotografias muito expressivas, tocava quase todos os setores profissionais, com muito destaque para os operários, e as franjas mais desfavorecidas da população. Foi esta abertura que permitiu ao partido liderado por Freitas do Amaral acabar por integrar a Aliança Democrática, com Francisco Sá Carneiro..Mural do MRPP.O partido de Arnaldo de Matos notabilizou-se pelos grandes e vistosos murais em que apelavam à luta popular pós-25 de Abril e que foram gritos revolucionários nas primeiras campanhas eleitorais. Nessa altura tinha ainda nas suas fileiras figuras que vieram a ter o maior relevo na vida política nacional e até internacional, como foi o caso de José Manuel Durão Barroso, Fernando Rosas (BE) ou Maria José Morgado (procuradora)..Pinocrates.Meses antes das legislativas de 2009, um outdoor da JSD irritou muito o então primeiro-ministro. Sob o título "Pinócrates", uma fotomontagem de José Sócrates com o nariz de Pinóquio para demonstrar que não cumpriu a promessa de criar 150 mil novos postos de trabalho. A campanha agressiva dos jovens sociais-democratas também contribuiu para que o então secretário-geral não conseguisse atingir a maioria absoluta nessas legislativas..Paulo Portas quis ficar.O slogan era taxativo para os lisboetas. Paulo Portas, líder do CDS, assumia uma candidatura à câmara de capital nas autárquicas de 2001, em que Santana Lopes saiu vencedor. Sobre um fundo azul-escuro, um Portas em mangas de camisa e com uma agressiva gravata vermelha prometia aos lisboetas que ficaria na câmara. Mesmo que perdesse, e perdeu, com um dos piores resultados de sempre em Lisboa. Rezam as crónicas, que chegou a escrever um discurso de demissão, que ainda ensaiou ligar ao então primeiro-ministro a comunicar que deixava o partido, mas Guterres antecipou-se e bateu a porta para evitar "um pântano".."Este sim, sabe quem é".As legislativas antecipadas de 2005, após a queda do governo de Santana Lopes, ditada por Jorge Sampaio, foi das mais confusas de sempre. Uma campanha "negra" pairou sobre José Sócrates, que se candidatou pela primeira vez ao cargo de primeiroministro. De várias maneiras e feitios correu que o secretário-geral do PS era gay, uma condição que na política podia roubar votos. Houve quem interpretasse uma mensagem subliminar no cartaz de Santana Lopes "este sim, sabe quem é"....PS com a Europa.Os cartazes do PS pós-25 de Abril apontavam já o caminho que o partido destinava ao país, o da integração europeia. "A Europa connosco", sem mais, era uma mensagem forte para um partido que lutava para conquistar o poder. Palavras que remetiam também para um Portugal que já não estava orgulhosamente só..A razão e coração de Guterres.O publicitário brasileiro Edson Athayde não podia ter escolhido um slogan que casasse mais com a imagem de António Guterres em 1995, a primeira vez que o socialista se candidatou ao cargo de primeiro-ministro, e que fosse o contraponto afetuoso à imagem austera de Cavaco Silva, que acabava de deixar São Bento para se candidatar à Presidência da República. Os cartazes, cheios de afeto, apontavam para um caminho menos rígido e deram ao agora secretário-geral das Nações Unidas uma maioria relativa nas eleições desse ano, ainda assim a uma distância confortável do PSD..Iniciativa Liberal vs PS.Os partidos dizem que são todos modernaços e que correm fora da pista das campanhas tradicionais. Há menos comícios, almoços e jantares de carne assada. Todos apostam nas redes sociais, mas nenhum dispensa os velhinhos outdoors que, da rua, gritam ideias e mensagens para o povo. Esta campanha para as legislativas não é exceção. O jovem partido Iniciativa Liberal saiu fora da caixa e os seus cartazes, muito diversos, são arrojados e até divertidos. Como os que são colocados lado a lado com os de outros partidos e falam tu cá, tu lá com eles. Claro, contrariando sempre a mensagem do adversário.