O nome é Salão do Chocolate e é aguardado com expetativa anualmente em Paris. Mas quem vai pela primeira vez pode surpreende-se com a diversidade de sabores. Não estamos a falar da infinidade de tipos de chocolate vindos do Equador ao Japão, mas sim de outros doces, salgados e produtos que podem ser encontrados nos espaços do evento, que decorre até domingo na capital francesa.No stand do Brasil, o anfitrião desta edição especial dos 30 anos do salão, a diversidade é a marca registada do país. A comitiva de mais de 100 pessoas trouxe mais do que chocolate: trouxe cachaças, com a empresária brasileira radicada em Portugal Raquel Lopes, biojóias e sabores dos mais diversos: pequi e jaca (da região Centro-Oeste), palmito (do Norte), e mel de cupuaçu, com forte destaque para a agricultura familiar. . Mas falando de chocolates e cacau, as marcas também foram numerosas, com sabores como cupuaçu, mel e produtos totalmente brasileiros, como o bombom de jabuticaba, uma fruta típica do Sul e Sudeste do país. O stand também conta com um espaço para reunião de negócios e promoção do Brasil, em especial os destinos da Bahia e Pará através de ações como a distribuição de fitas do Senhor do Bonfim, da Bahia - amarra no pulso e faz um pedido a cada nós - que encantou um grupo de japoneses.No caso de Portugal, os produtos levados ao salão também são típicos: pastel de nata. Dois stands estream-se no evento, um deles de Seia, a vender pastéis de nata tradicionais. Com uma bandeira de Portugal, o espaço da marca Pastéis de Nata vende também ginjinha, mas o doce - mesmo que sem chocolate - é o mais pedido, explica ao DN o vendedor António Amaral. Diz ainda que algumas pessoas que não conhecem o doce perguntam se leva chocolate, mas, na generalidade, afirma que é um doce bastante conhecido em França..Noutro espaço, percebe-se que “pertence” a Portugal pelo produto, mas o estilo é francês em tudo: na decoração e na receita. O chef português Carlos Joaquim Pereira abriu um ateliê em Paris há cinco anos e adaptou as receitas para cair no gosto francês. “Diminui em metade o açúcar e criámos sabores como chocolate, framboesa e maracujá”, explica ao DN. No ateliê, frisa que o público principal é o francês e o brasileiro - sendo que alguns portugueses reclamam da falta de “purismo” nas receitas.. Mas, como já dito neste texto, o Salão do Chocolate não é só feito de doces. De Portugal, estão sabores únicos, fabricados em Setúbal. São os azeites e vinagres do casal Isabel Carrera e Frederich Chaix. A empresária garante que os produtos são 100% portugueses e naturais. “O de tangerina é com a fruta da minha quinta, o de figo é com fruta do Fundão e as framboesas são do Alentejo”, conta Isabel. As poucas coisas importadas são, por exemplo, a baunilha de Madagáscar, que é um sabor de vinagre. Nos azeites, produzidos em Trás dos Montes, alguns dos “temperos” são manjericão e alho.Seguindo pela rota dos não doces, há stands apenas de especiarias - algumas delas usadas em chocolates, todos os tipos de frutos secos, sandes árabes e outros produtos que parecem improváveis num salão de chocolate, como rosas da América do Sul e outras coisas mais óbvias pelo país, como o foie gras.A terminar com chocolate, a feira traz desde os mais sofisticados dos chefs estrelados e que comandam cozinhas de hotéis cinco estrelas até os mais rústicos feitos de forma familiar no interior de França. Para completar, os amantes de açúcar ainda estão expostos todos os géneros de nougats suíços, geléias, pistachio em variadas formas, gelados, marmeladas e maçã do amor - o morango do amor ainda não chegou por lá.amanda.lima@dn.pt*A jornalista viajou a Paris a convite do Brasil Origem Week..Brasil é o país de honra do Salão do Chocolate em Paris 2025.Adega Cartuxa surpreende com um Pêra Manca tinto 2019