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23 fevereiro 2021 às 07h00

Armand de Brignac, o champanhe de Jay-Z entra no último patamar do luxo

Custa entre 245 e 53 mil euros por garrafa, era um objeto de desejo e agora vai ser ainda mais especial. O rapper e marido de Beyoncé associa-se à LVMH para dar mais ímpeto ao champanhe Ás de Espadas.

É o equivalente ao anúncio de um casamento real no mundo das bebidas. Jay-Z e a LVMH unem-se em torno do champanhe Armand de Brignac, mais conhecido como "Ás de Espadas". O conglomerado de marcas de luxo anunciou esta quinta-feira a aquisição de 50% da marca detida pelo rapper, milionário e marido de Beyoncé. "A parceria reflete uma visão comum entre a Moët Hennessy e Shawn Jay-Z Carter para o futuro", diz um comunicado oficial partilhado pela produtora de vinhos.

"Há anos que estamos a seguir o fantástico sucesso da Armand de Brignac e a sua capacidade de desafiar algumas regras da categoria do champanhe. Armand de Brignac quebra as barreiras e reflete o luxo contemporâneo, preservando as tradições dos terrenos de champanhe. Hoje, estamos incrivelmente orgulhosos de fazer esta parceria com eles e acreditamos que a combinação da nossa experiência e rede internacional com champanhe combinada com a visão de Shawn Jay-Z Carter, a força da marca Armand de Brignac e a qualidade da sua gama de vinhos vai permitir-nos levar o negócio a novos patamares pelo mundo", disse Philippe Schaus, presidente e CEO da Moët Hennessy.

"Orgulho-me de dar as boas-vindas da família Arnault na nossa através desta parceria que começou com Alexandre Arnault e continuou com o pai, Bernard Arnault e Philip Schauss, na minha casa de Los Angeles. É uma parceria que nos parece familiar há muito tempo. Estamos confiantes que o poder da distribuição global da Moët Hennessy, a força do seu portefólio sem paralelo e seu currículo de excelência no desenvolvimento de marcas de luxo vão dar à Armand de Brignac o poder comercial de que necessita para crescer e florescer ainda mais", disse Jay-Z neste comunicado conjunto.

A decisão está ancorada na aquisição de 50% da Armand de Brignac pela Moët Hennessy assim como num acordo de distribuição mundial. "A estrutura de 50%-50% é um elemento essencial nesta aliança e garante que cada dos parceiros quer trazer as suas mais-valias e conhecimento para assegurar o sucesso desta aliança de longa duração", consideram.

O negócio, palavra nunca usada no comunicado partilhado pelas marcas (apesar de não deixar de o ser), começou a ser forjado em 2019 num almoço oferecido por Shawn Carter a Alexandre Arnault e o pai, Bernard Arnault, fundador e CEO da LVMH, contaram os protagonistas, à distância, ao The New York Times (Jay-Z na sua casa de Los Angeles, Philippe Schaus, em Paris, no quartel-general da LVMH).

Por esta altura, o império de luxo da LVMH estende-se por roupas e acessórios, joias e relógios e, claro, bebidas como o clássico Moët et Chandon e outros 22 produtores, do Dom Pérignon ao Ruinart ou Krug passando por vinhos argentinos e o conhaque Hennessy, que vem do século XVIII.

Quem fica com o quê no negócio? 50% é o apoio organizacional e de distribuição que, como diz o CEO da Moët Hennesy, só a "máquina" de um grupo presente em todo o planeta pode dar. Os outros 50% são o apelo que a marca Jay-Z pode dar num negócio que precisa desse encontro com a sabedoria da moda que o rapper, milionário e líder da comunidade negra pode dar, num tempo que, como reflete o The New York Times, o racismo no negócio do luxo está sob particular escrutínio. "No nosso entendimento do mundo de amanhã, acreditamos que criou um novo consumidor de champanhe", disse Schaus sobre Jay-Z, citado pelo jornal norte-americano. "Esta relação vai injetar mais conhecimento sobre o mercado de amanhã", acrescenta.

O músico e milionário investiu 200 milhões de dólares na Armand de Brignac em 2014 na ressaca da controvérsia com o champanhe Cristal, que tinha grande protagonismo entre várias estrelas do hip hop, incluindo Jay-Z. O CEO da marca disse que não podiam proibir as pessoas de comprar a sua marca, mas que Dom Pérignon ou Krug podiam ficar com o negócio. Shawn Carter apelou ao boicote e tratou de arranjar o seu próprio champanhe.

Após a aquisição, redesenhou as garrafas, batizou-o de "Ás de Espadas" e trouxe-o para os seus vídeos. Em 2019, venderam 500 mil garrafas da bebida. Agora, diz Jay-Z, sempre quiseram "fazer crescer a marca". "Aconteceu muito naturalmente", disse sobre este acordo com a LVMH cujo valor não foi divulgado.

Este é o segundo negócio de aquisição de marcas em 2021. No início de janeiro, foi confirmada a aquisição da icónica Tiffany & Co por 15,8 mil milhões de dólares. Também neste caso, é Alexandre Arnault, um dos cinco filhos do fundador (e amigo de Jay-Z), que aparece no negócio. É vice-presidente da marca.

Tópicos: viver, Luxo, Jay Z