15 sugestões de presentes de Natal 'Made in Portugal'
Reinaldo Rodrigues

15 sugestões de presentes de Natal 'Made in Portugal'

Para quem ainda não fez todas as compras de Natal, deixamos-lhe várias sugestões de produtos nacionais, onde critérios como a sustentabilidade financeira, a qualidade e o design e produção em território português ditaram as escolhas
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Depois de muitas negociações, as tarifas para produtos negociados entre EUA e União Europeia fixaram-se, no verão passado, nos 15%. Um valor que pode parecer incipiente, mas que tem impactado significativamente alguns setores da economia nacional. E razão mais do que suficiente para que, neste Natal, olhemos mais para as empresas e marcas nacionais que, ao longo de anos, têm oferecido produtos de qualidade, tantas vezes esquecidos em detrimento de outros que nos chegam por via da globalização.

Para quem ainda não fez todas as compras de Natal, deixamos-lhe várias sugestões de produtos made in Portugal, onde critérios como a sustentabilidade financeira, a qualidade e o design e produção nacional ditaram as escolhas. E, claro, tentámos trazer-lhe produtos de várias indústrias e de várias regiões, porque é na sua diversidade que Portugal ganha ímpeto. Do calçado, passando pela cosmética e até à mesa para compor a ceia de Natal, há muitas opções com selo nacional. 

Sabonetes Claus Porto

Coloridos, com ou sem cordão para a banheira, com fragrâncias que vão desde a clássica alfazema à cereja divertida, os sabonetes da Claus Porto voltaram a conquistar os portugueses – e sobretudo os estrangeiros – depois de várias reviravoltas na estrutura acionista da empresa. De novo nas mãos da família Brito, a Claus Porto é a marca premium da Ach.Brito, cujos sabonetes também alegram qualquer casa. Há vários kits à disposição dos compradores com menos tempo, e a renovada gama Musgo Real é uma ótima opção para oferecer aos homens.

Os sabonetes continuam a ser fabricados no Porto, cuidadosamente embalados à mão e utilizando embalagens decoradas com padrões Art Deco com décadas de história, parte do arquivo do grupo. Têm loja online, lojas próprias e presença em algumas lojas multimarca.

Sapatilhas Sanjo

Foi outra marca que já passou por várias reestruturações – e até falências – e que recuperou ao longo dos últimos anos, graças a investidores que fizeram da memória o maior incentivo e que juntaram esforços com o novo diretor criativo para voltar a colocar estes sapatos nos pés de toda a gente. Originária de São João da Madeira (daí o nome), a marca atualmente produz em várias fábricas, no norte e também no centro do país. O design mais ou menos clássico vai tendo apontamentos festivos ou de parcerias – como a que fez com a também portuguesa Burel – e a gama de sapatilhas começa a conquistar consumidores mais jovens. As sapatilhas que serviram o exército português e fizeram moda nos pés de Eusébio, que as usava para treinar, voltaram mais coloridas, sustentáveis e com a mesma qualidade de sempre. Têm loja online, lojas próprias e presença em algumas lojas multimarca.

Loafers, Lachoix

Nasceu da vontade de Fátima Carvalho, que andava à procura de sapatos confortáveis, elegantes e de qualidade – sem saltos altos – e deparou-se com uma lacuna no mercado nacional. Durante anos trabalhou no setor da hospitalidade, mas entretanto trocou-o pelo calçado, e com sucesso. Começou por desenhar os primeiros pares de loafers, confecionados em poucas dezenas em duas fábricas em São João da Madeira e em Felgueiras, no final de 2018. As produções, ainda hoje pequenas, continuam a ser a maior dificuldade, porque implicam um custo acrescido para as fábricas habituadas a trabalhar com quantidades muito superiores. Mas para Fátima, a exclusividade faz parte da identidade da marca. Prefere ter poucos pares, mas muito bem feitos e que poucas pessoas usam, do que muitos pares que deixem conforto ou qualidade de lado. Os tecidos e as peles vêm, muitas vezes, de Itália, mas a produção e o desenho são todos nacionais. A marca oferece sobretudo loafers, mas também sabrinas e algumas sandálias. À venda online e no showroom no Príncipe Real, em Lisboa.

Creme de mãos de Alantoína, Benamôr

Depois de ter conquistado a rainha D. Amélia – segundo uma lenda com algumas falhas – a Benamôr ganhou uma nova vida com a chegada de Pierre Stark à liderança da empresa. Adquiriu, com um amigo, a empresa, e depois de passar anos a liderar departamentos na L’Oréal Paris, elevou a Benamôr a estatuto de marca internacional, com presença em Paris e até na Ásia. Os cremes de mãos, de rosto e de corpo usam as receitas tradicionais criadas pelo farmacêutico que fundou a marca, tendo sofrido apenas as alterações necessárias para cumprir os requisitos atuais de segurança e qualidade. As embalagens continuam a ser de alumínio – o material mais reciclável que existe – e criaram-se alguns formatos de embalagens que podem ser reutilizados, estando produto a granel à venda nas lojas da marca – que, entretanto, foi estendendo a presença dentro e fora do país. A Benamôr tem uma fábrica quase às portas de Lisboa, onde mãos experientes continuam a fazer a diferença no controlo de qualidade e no embalamento de todos os produtos.

T-shirt Amor, Quinze

A ideia nasceu da cabeça de Joana Sousa, designer de profissão, e quis, de alguma forma, homenagear a cidade onde cresceu: Caldas da Rainha. Em plena praça principal, e logo atrás do Hospital Termal que tornou a cidade famosa, por ser visitada amiúde pela Rainha D. Leonor, a Quinze é uma marca de roupa com um design versátil, minimalista e totalmente idealizado, desenhado e produzido em Portugal. Destaca-se por ter poucas peças à disposição, com coleções que não cedem à pressa das estações, mas que respondem ao que a CEO e fundadora acredita fazer sentido, e está disponível online e na loja da marca, nas Caldas da rainha. Com cinco anos de existência, tem garantido que todas as peças são elaboradas com os melhores tecidos, nas fábricas que cumprem todos os critérios de transparência e de sustentabilidade. O grande objetivo é que cada peça possa ter várias vidas, e para isso usa velcros, molas e demais ferramentas que permitem personalizar, em casa, cada blusa ou camisola. Recentemente lançou uma pequena coleção de acessórios, que segue precisamente a mesma linha.

Chapéu Fepsa

Nasceu ainda no final dos anos 1960, fruto da consolidação de um setor que tinha vivido uma profunda crise após os anos 1930, e continua a ser a mais importante chapeleira do nosso país. A Fepsa exporta praticamente 100% da sua produção, e os seus feltros já foram usados tanto em filmes do Indiana Jones como na Casa Branca, por Goerge W. Bush. Na fábrica de São João da Madeira trabalham cerca de 200 pessoas que feltram lã e pelo, tingem os tecidos, fazem os chapéus ganhar forma, aplicam-lhes os adornos necessários. Aqui, grande parte do processo é ainda manual, porque não há outra forma de garantir a qualidade. A Fepsa não tem concorrentes nacionais, mas não lhe faltam concorrentes no mundo – ainda assim, continua a crescer e a afirmar-se num “mundo que é pequeno”, segundo afirmava, há uns anos, a responsável da marca em entrevista à Forbes Portugal. As encomendas podem ser feitas online.

Sobretudo de Lã, Näz

Outra marca de vestuário nacional dedicada às mulheres, que nasceu da paixão de uma designer, Cristiana Costa, desta vez no centro do país. Uma das primeiras da sua categoria a garantir a certificação B-Corp, a Näz tem conquistado sobretudo os clientes do centro e do norte da Europa com os seus cortes clássicos e quentes, a utilização de lã nacional – muitas vezes reciclada, aproveitando as sobras das fábricas da zona da Covilhã e do Fundão – e a qualidade das peças. Vestidos, calças, camisolas e casacos, tudo com cores neutras e materiais duráveis, compõem a oferta disponível da Näz, que apela ao consumo consciente. Dos linhos à lã, passando pelos fechos que utiliza, tudo é produzido em Portugal – com exceção de alguns fios reciclados, que vêm de Itália. Abriu recentemente um pequeno espaço em Lisboa, em Santos, mas toda a coleção pode ser comprada na loja online.

Streamer, Innuos

Os servidores de música e streamers da empresa portuguesa Innuos, que desde 2016 fabrica no Algarve, garantem um nível de qualidade sonora na música digital do melhor que o mercado oferece atualmente. Seja utilizando o seu software próprio, ou como end point de serviços populares no mercado do áudio perfeccionista, como o Roon, o HQ Player ou o Logitech Media Server, este hardware tem uma linha de streamers de música que promete ser um upgrade a ter em conta à já bem-sucedida linha de servidores de música digital/leitores de CD -- que foi elogiada em 2020 pela prestigiada revista norte-americana da especialidade Stereophile. A empresa nacional voltou a ser capa da publicação há cerca de dois meses e dizem os entendidos que estes streamers são o ideal para o caso de ter os discos rígidos com a sua música numa divisão diferente do seu sistema principal (para evitar ruído), ou se quiser criar um segundo sistema em casa - uma segunda área de hi-fi.

Blusão de penas Turim, Duffy

Quem nasceu nos anos 2000 já não se lembra de como estes blusões fizeram – um pouco como as sapatilhas Sanjo – parte da moda nacional. Feitos de penas, os Duffy ganharam um nome americano porque se vendia melhor, mas nunca foram tão portugueses. Os tecidos costumam vir de Itália, porque por cá não se produzem com as características necessárias a um casaco impermeável, mas as penas são lavadas e tratadas no Lumiar, em Lisboa, antes de darem forma aos blusões que durante tantos anos aqueceram os jovens portugueses. Depois de quase duas décadas sem serem produzidos – a empresa que detém a marca, a Pato Rico, produz sobretudo opções para o setor de hotelaria e hospitalidade – os blusões voltaram a animar a fábrica, com o mercado a ter novamente disponibilidade para acolher e comprar um produto nacional de qualidade e elevado valor acrescentado. Há linhas para homem, mulher e criança.

Guardanapos personalizados, Torres Novas

A mais antiga marca de roupa de casa do país também passou por uma insolvência, e depois de alguns anos fechada, voltou à vida graças à vontade e engenho de um dos descendentes dos fundadores e de mais uns amigos que trouxe para a aventura. Renascida em 2020, e particularmente focada no setor hoteleiro, enfrentaria a primeira dificuldade com o Grande Confinamento, que fechou as portas dos hotéis em todo o mundo. No entanto, a marca resistiu e no ano passado estendeu, com sucesso, as asas até ao Reino Unido, onde comprou uma pequena empresa de têxteis-lar de Manchester, para conseguir contornar as dificuldades de exportação decorrentes do Brexit. O Reino Unido é num mercado muito relevante para a Torres Novas, que tem atualmente presença em várias pequenas vilas do interior daquele país.

As toalhas de mesa, os guardanapos e as toalhas de banho são acompanhadas de toalhas de praia e de uma série de produtos personalizáveis que podem ser vistos no site. Todos os produtos são fabricados em algodão, de fibra 100% natural e biodegradável, e em fábricas nacionais.  

E à Mesa?

Mas nem só de presentes vive o Homem – ou se faz o Natal – e há poucos momentos tão aguardados como o jantar que junta as famílias na noite da Consoada. A pensar nisso, reunimos ingredientes também made in Portugal que podem adoçar a sua boca na quadra festiva.

Bacalhau demolhado, Riberalves

A marca, nascida em Torres Vedras, e dona da maior fábrica de processamento de bacalhau do mundo, continua a destacar-se pela qualidade do bacalhau que coloca no mercado. Este ano celebrou 40 anos de vida e a sucessão do negócio, que continua nas mãos da família Alves, e promete manter-se na vanguarda da qualidade e da inovação. O bacalhau vem do Norte da Europa, mas são mãos nacionais que garantem a cura, a demolha e o embalamento do produto.

Sardinhas sem espinhas, Ramirez

Com 200 anos de vida, é a fábrica conserveira mais antiga do mundo ainda em laboração. Líder na tecnologia e na inovação do seu setor, a Ramirez, sediada em Matosinhos, continua também a ser uma empresa 100% familiar, que exporta uma percentagem significativa da sua produção e que, sempre que necessário, desenha as máquinas de que precisa para continuar a vingar num mercado em constante transformação.

Azeite de Cabeço das Nogueiras

Considerado um dos melhores azeites de Portugal – e na verdade também do mundo, segundo as distinções do setor, é produzido pela Sociedade Agrícola Ouro Vegetal, em Abrantes. A empresa familiar continua a conquistar distinções, com os responsáveis particularmente focados no controlo rigoroso de todas as fases do processo de produção de azeite, desde a colheita da azeitona até à ida para o mercado, em processos onde o fator humano é determinante.

Tinto Grande Reserva, Quinta da Várzea da Pedra

Apesar de a tradição da viticultura familiar remontar a 1910, somente em 2015 a Quinta da Várzea da Pedra ganhou fôlego de mercado, pelas mãos de Tomás e Alberto Emídio. Pegaram na propriedade familiar, e de 14,5 hectares de vinhas têm feito algumas das mais curiosas referências nacionais dos últimos anos. Fiéis ao terroir que representam, produzem vinhos DOC Óbidos – uma região que esteve praticamente desaparecida e agora parece ter ganhado algum fôlego – e destacam-se sobretudo pelos vinhos brancos envelhecidos. Na propriedade da família, no Bombarral, a adega dá corpo a referências complexas, que pedem bons pratos portugueses e que têm um ótimo potencial de envelhecimento. Este tinto é um vinho consensual que vai resultar lindamente na sua mesa de Natal, e que, com 9 anos de idade, vai representar bem os vinhos nacionais. À venda em garrafeiras especializadas ou diretamente junto do produtor.

Pão-de-Ló, Casa do Pão de Ló de Alfeizerão

Reza a lenda que a receita do pão-de-ló de Alfeizerão teve origem no Mosteiro de Santa Maria de Coz, um convento cisterciense feminino fundado no século XII por D. Fernando, em Coz, uma vila perto de Alcobaça. As perseguições às ordens religiosas e consequente encerramento do convento no início do século XIX levaram as freiras a procurar refúgio junto dos aldeões, em Alfeizerão, a quem terão deixado o segredo desta iguaria nacional. Na Casa do Pão de Ló, em Alfeizerão, produzem-se pães-de-ló há 100 anos, naquela que é considerada a receita original deste doce conventual. À venda na própria loja e em espaços selecionados.

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