Oeiras vai ter 40 quartos e 500 casas para professores deslocados
"Há 20 anos, eram os moradores de barracas a virem à câmara pedir alojamento. Ultimamente, aparecem professores", conta Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal e Oeiras. Ao todo, há cerca de 100 docentes deslocados no concelho, mas ainda poucas alternativas de alojamento. Por isso, a autarquia está a projetar quartos e casas para professores, bem como para polícias - duas classes cuja sobrevivência está a ser afetada pelo mercado imobiliário cada vez mais especulado. Nos próximos dois anos e meio, espera ter 40 quartos disponíveis e, em quatro anos, 500 habitações T0 e T1, a preços mais acessíveis.
A falta de alojamento e a especulação imobiliária têm sido apontadas como duas das principais razões para a crise docente que se vive atualmente no país. No Algarve, há professores a viver em parques de campismo. Nos grandes centros urbanos, as escolas debatem-se com desistências de última hora de professores, devido à incapacidade de pagar rendas altas nas cidades onde são colocados. Os vários representantes reclamam medidas urgentes para fazer face a este cenário e apelam para que partam do poder local. A Câmara Municipal de Oeiras respondeu ao desafio.
"Tenho-me apercebido nos últimos dois anos, particularmente, das dificuldades dos professores que são colocados em escolas aqui do concelho e que vêm de fora - muitos deles do Norte, a ganhar pouco mais que mil euros por mês, outros sem horários completos - para arranjar um quarto, quanto mais uma casa", diz Isaltino Morais. O autarca garante que, no concelho, não há quem consiga "um quarto por menos de 400 euros e um T1 por menos de 800 euros". "O que significa que por menos de 500 euros é praticamente impossível. Sobra-lhe metade do ordenado. Se porventura tem família para sustentar, é muito complicado", sublinha.
E "se queremos fixar professores aqui, temos de arranjar soluções". A primeira, que deverá estar concluída já em 2022, passa pela criação de 40 quartos para docentes deslocados, na Fábrica da Pólvora de Barcarena. O edifício já tem 60 quartos para estudantes, mas parte destes será afeto para esta classe profissional. Cada um deverá custar entre 250 a 300 euros e os professores podem recorrer a uma área comum de refeições.
A autarquia está ainda a preparar a projeção de 500 casas, T0 e T1, que espera ver concluídas nos próximos quatro anos. Mas não só para professores. A Câmara Municipal de Oeiras pretende que esta alternativa seja uma resposta para outras classes profissionais "que enfrentam as mesmas dificuldades", como polícias. No mesmo período, tenciona edificar uma residência em Carnaxide, onde funciona a atual esquadra policial, bem como uma nova esquadra.
O projeto está incluído no programa de habitação municipal e, segundo o presidente, será concretizado "exclusivamente com financiamento câmara".
Já no ano passado, Isaltino Morais reuniu-se com cerca de 600 professores, num encontro onde apontou a educação como a "grande prioridade para os próximos anos". Prometeu ainda investir 25 milhões de euros na reabilitação das escolas. As iniciativas integram o plano municipal Oeiras Educa, desenhado para responder aos desafios enfrentados por professores, pais e alunos do concelho.