O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, comparou a reunião desta tarde no Ministério da Educação, e todas aquelas que decorreram nos últimos dezasseis meses em tonro da questão do tempo de serviço congelado, com a época festiva que se vive, concluindo que tudo não passou de uma "farsa carnavalesca".Os sindicatos viram já baterias para o parlamento, onde marcarão presença na quinta-feira de manhã para entregarem aos diferentes grupos parlamentares a proposta de recuperação de nove anos, quatro meses e dois dias de serviço que não chegaram a negociar com o Executivo.."Esta reunião não foi diferente de todas as outras reuniões ditas negociais no Ministério da Educação e com o governo", resumiu Nogueira aos jornalistas, no final do encontro que durou cerca de uma hora. "A única diferença que acho que esta reunião teve para as outras foi ter-se realizado na época adequada. Ou seja: diria que esta reunião está para a negociação como os três dias de Carnaval estão para a vida do resto dos portugueses. Foi uma farsa carnavalesca aquilo que se passou Mas isso é o que se tem passado nestas reuniões..No que respeita à reunião de hoje, que começou por volta das 16.30, Nogueira disse que o governo a iniciou explicando que estava lá para discutir a proposta que apresentou - Dois anos, nove meses e dezoito dias de tempo devolvido - " não a dos professores", pelo que o encontro "até foi curto", levando um pouco mais apenas porque "cada organização sindical" - e estiveram presentes cerca de dez - "fez uma declaração para a ata" manifestando o seu "repúdio" pela forma como este tema foi gerido pelo governo de António Costa..Parlamento antes de Marcelo.Tendo em conta o que já foi assumido por António Costa, o governo deverá agora recuperar o seu projeto de decreto-lei, enviando-o ao Presidente da República para promulgação. Mas mesmo antes de Marcelo Rebelo de Sousa se pronunciar, os sindicatos já estão a antecipar o passo seguinte: uma possível apreciação parlamentar ou mesmo iniciativas legislativas dos partidos na Assembleia da República tendo em vista encontrar uma solução política para este diferendo..A plataforma de sindicatos de professores vai deslocar-se à Assembleia da República, na próxima quinta-feira de manhã, para encontros com representantes dos diferentes grupos parlamentares. Ao que o DN apurou, diferentes dirigentes sindicais estarão reunidos com cada bancada, com todas as reuniões agendadas para as 10.00..Nessas reuniões será apresentada aos partidos a proposta dos sindicatos para a recuperação de todo o tempo de serviço que esteve congelado, a qual é muito semelhante ao modelo adotado na Madeira..Será ainda entregue aos serviços da presidência da Assembleia da República uma petição com 61 mil assinaturas exigindo a devolução de todo o tempo de serviço..Fora de questão, para os professores, está a aceitação - sem luta nas escolas e nas ruas - do tempo de serviço que este pretende devolver, com os sindicatos a considerarem que não só está "por provar" que algum docente beneficie do mesmo antes da próxima legislatura como alertando ainda para possíveis ultrapassagens de professores e inconstitucionalidades nessa proposta..Governo estima aumento de despesa de 200 milhões/ano.Já o Ministério da Educação reiterou, em comunicado, a sua convicção de que só o governo fez um esforço de aproximação aos sindicatos, apontando para o acréscimo de despesa que virá associado à aplicação da sua proposta.."O Governo foi a única parte que se moveu nestas negociações, estando disponível para aumentar a despesa em 200 milhões de euros por ano, sem impor nenhuma contrapartida aos sindicatos", frisa a nota divulgada pelo gabinete de Tiago Brandão Rodrigues, em conjunto com o Ministério das Finanças, insistindo igualmente que aceitar "a exigência das estruturas sindicais dos professores corresponderia a um aumento permanente da despesa de 600 milhões de euros por ano".