Holanda quer proibir entrada de crianças sem vacinas nas creches
O governo holandês estuda a hipótese de proibir a entrada nas creches de crianças que não estão vacinadas contra o sarampo, varicela e rubéola. Segundo avança o jornal espanhol ABC, na base desta decisão está o último surto de sarampo que atingiu a Europa, com a França à cabeça, no número de casos.
Se avançar com a medida, a Holanda junta-se assim à França, Itália e Áustria que, neste verão, já aprovaram medidas semelhantes para travar o contágio e propagação deste tipo de doença. A Holanda pretende ainda aumentar a cobertura da taxa de vacinação entre a população que, nos últimos anos, passou de 95% para 90,2%.
De acordo com o mesmo jornal, o governo holandês quer envolver especialistas de várias áreas no controlo e aconselhamento às famílias que mantenham dúvidas quanto à imunização dos filhos contra estes vírus. A maioria parlamentar, liderada pelos três principais partidos do governo, acredita que a informação não esteja a ser suficiente e que isso esteja a levar à queda na taxa de vacinação nos últimos anos.
O liberal do MP, Klaas Dijkhoff já veio defender que a vacinação obrigatória é cada vez mais necessária, já que a cobertura de vacinação tem vindo a diminuir nos últimos anos, embora admita que é "importante continuar a explicar aos pais os riscos de não vacinar seus filhos, não só para eles, mas para outros bebés e crianças. "
O deputado socialista Peter Kwint afirmou também que "como pai, tenho o direito de saber o quão seguro o meu filho está. Somos a favor do registo obrigatório e de dar às organizações de cuidados infantis a possibilidade de rejeitarem crianças que não foram vacinadas."
A proposta feita pelo governo já conta com o apoio de 94 deputados, dos 150 que o parlamento holandês integra. No entanto, a medida só deve avançar final no outono. O Secretário de Estado da Saúde Pública, Paul Blokuis, anunciou que a proposta incluirá ainda outras medidas coercivas, que vão além das campanhas de informação.
Em Portugal, a vacinação não é obrigatória em crianças nem em profissionais de risco, mas a taxa de vacinação é uma das mais elevadas da Europa. A questão tem sido muito debatida ultimamente, mas ainda não se chegou a um consenso. Mas, apesar de haver uma taxa elevada de vacinação, não foi possível travar o número de casos que afetaram a região norte do País, e sobretudo profissionais de saúde. Na semana passada, havia apenas havia registo de dois casos de sarampo, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse ao DN que não era por Portugal que o sarampo passava para o resto da Europa. Aliás, o problema é precisamente o contrário, os casos são trazidos de outras regiões para cá.
Mas há países europeus que já aderiram à vacinação obrigatória, como a Bélgica, Bulgária, República Checa, Croácia, Grécia, Letónia, Malta, Polónia, Roménia, Eslováquia, Eslovénia e Hungria, de acordo com dados do Comité Consultivo de Vacinas da ASP.