As temperaturas nunca subiram tanto como agora. 98% da Terra está a sentir o aquecimento global
As temperaturas nunca subiram tão rápido nos últimos dois séculos como agora, nem de forma tão global, segundo estudos agora publicados nas revistas Nature e Nature Geoscience.
A investigação concentrou-se na análise da tendência climática recente do planeta e conclui que 98% da Terra está a sentir o aquecimento global após a revolução industrial, o que demonstra que o "impacto humano no meio ambiente tem uma consistência espacial inédita no contexto dos últimos dois mil anos", segundo os autores das pesquisas divulgadas numa altura em que a Europa enfrenta uma nova onda de calor.
Foram compilados quase 700 indicadores, como anéis de árvores, gelo, sedimentos lacustres e de corais ou termómetros modernos.
Ambos os estudos concluem que o período mais quente dos últimos dois mil anos terá sido no século XX.
Raphael Neukom, da Universidade de Berna, Suíça, um dos autores dos estudos, disse que a época atual é diferente de qualquer outra do passado e acrescentou que inicialmente se pensava que ao longo dos últimos dois séculos havia uma coerência global da variabilidade climática, mas que tal não é real.
"Quando voltamos ao passado encontramos fenómenos regionais, mas nenhum é global", reforçou Nathan Steiger, da Universidade de Colúmbia, Nova Iorque, um dos autores de um dos estudos. "Por outro lado, atualmente, o aquecimento é global. Agora, 98% do planeta sofreu um aquecimento após a revolução industrial", acrescentou o especialista.
As etapas que os cientistas estudaram são a chamada Anomalia Climática Medieval, o período quente medieval (séculos X a XIII), caracterizado por um período extraordinariamente quente, e a Pequena Idade do Gelo (séculos XIV a XIX), a época das temperaturas baixas.
Os investigadores analisaram dados de temperatura que revelaram que antes do século XX as épocas climáticas não aconteceram ao mesmo tempo em todo o planeta, como se pensava anteriormente.
Na Pequena Idade do Gelo, entre 1300 e 1850, por exemplo, as temperaturas mais baixas acontecerem durante alguns séculos na Europa e nos Estados Unidos, mas não no resto do mundo.
Em contraste com todos estes períodos, os autores disseram que a fase mais quente da era moderna corresponde aos últimos 150 anos, quando a Terra experimentou um aquecimento rápido e geral devido à influência humana.
Esta flutuação climática, alertam os investigadores, está a ser muito maior do que outras ocorridas nos últimos dois mil anos.