Covid-19. Escolas estão a cancelar visitas de estudo por precaução

O ambiente não é de alarme nas escolas, mas o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas garante que tudo tem sido feito no sentido da prevenção. Incluindo cancelar ou adiar viagens de alunos, especialmente ao estrangeiro.
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Com o número de infetados pelo novo coronavírus a aumentar em Portugal, todo o cuidado é pouco, mesmo nas escolas. Por isso, já há estabelecimentos de ensino a cancelar ou a adiar visitas de estudo, principalmente aquelas que requerem deslocações ao estrangeiro, diz Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).

Um pouco por todo o país, os diretores escolares têm escolhido reprogramar o calendário das visitas de estudo, como forma de prevenir a contaminação de covid-19 - doença confirmada, até agora, em cinco pessoas em todo o país (quatro no Porto e uma em Lisboa). Quanto às viagens de finalistas, Filinto lembra que a jurisdição destes eventos está fora das mãos dos representantes das escolas, sendo "combinado entre pais, alunos e promotores".

A Direção-Geral de Saúde (DGS) já disse publicamente não recomendar que os estudantes finalistas se aventurem numa viagem a um outro país nesta altura. Contudo, segundo o presidente da Confederação Nacional de Associações de Pais (CONFAP) disse, na terça-feira, em entrevista ao DN, que alguns alunos têm registado dificuldades no cancelamento das viagens. Jorge Ascensão diz que "os pais estão ansiosos para que as viagens sejam canceladas e as associações de estudantes com quem eu falei também estão conscientes do risco, mas a questão que se está a colocar é que há dinheiro que já foi pago".

Mais sabão e sessões de esclarecimento

"Cada vez mais" os professores, funcionários e diretores mostram estar "a prevenir o pior", seguindo à risca "aquilo que a Direção-Geral de Saúde tem recomendado", garante o presidente da ANDAEP. Além de "um reforço" na disponibilização de sabão e de doseadores com líquido de base alcoólica, "as escolas procuram promover uma série de sessões informativas". Porque de nada vale ter os meios se não se dedicar tempo a explicar aos alunos a importância de os usar, lembra. "Na minha escola [a que dirige, no Porto], levamos uma enfermeira às salas para falar sobre o vírus e temos abordado o assunto nas aulas de cidadania, sensibilizando-os para a situação." Contudo, o DN sabe que este procedimento não está a ser repetido em todas as escolas, faltando produtos de higiene e esclarecimentos em algumas delas.

Apesar das várias medidas preventivas, o ambiente que se vive no ensino não é de alarme, nem junto dos professores nem junto dos alunos. "Não sinto os miúdos alarmados, mas sinto que percebem que é preciso mudar os hábitos de higiene" e "esta é uma ótima oportunidade para os reeducar, recordando-as sobre a importância de espirrar ou tossir para o braço e lavar frequentemente as mãos - como a DGS tem recomendado para toda a população portuguesa.

Filinto elogia a "articulação positiva entre o Ministério da Educação e a Direção-Geral de Saúde" e diz que prevenir passa por lembrar o que foi feito "há cerca de dez anos, quando passamos pela gripe A" e sobre a qual "as escolas conseguiram dar uma boa resposta". A DGS publicou uma lista de recomendações para a comunidade escolar, que podem ser encontradas aqui.

Na segunda-feira, foram confirmados os dois primeiros casos positivos de covid-19 em Portugal, a doença que teve origem na China em dezembro do ano passado e que já matou mais de três mil pessoas em todo o mundo. No total, são já cinco os doentes portugueses infetados, estando quatro deles hospitalizados no Porto e um outro em Lisboa.

Entretanto, a DGS anunciou uma série de recomendações para estancar a contaminação do novo vírus. Pede para evitar contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lavar frequentemente as mãos, evitar contacto com animais, tapar o nariz e a boca quando espirra ou tosse e lavar as mãos de seguida pelo menos durante 20 segundos. Em caso de apresentar sintomas coincidentes com os do vírus (febre, tosse, dificuldade respiratória), a DGS pede que não se desloque às urgências, mas para ligar para a Linha de SNS 24 (808 24 24 24).

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