Colocações. Engenharias no pódio e cursos que ninguém quis

As engenharias enchem o topo da lista com melhores médias, mas também o grupo de 38 cursos sem um único colocado. A área de Ciências Empresariais continua a ser a mais concorrida. Saíram as colocações.

Os dias de espera terminaram para os milhares de candidatos ao ensino superior neste ano. Os resultados já foram divulgados e marcam o regresso do curso de Engenharia Aeroespacial, do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, ao topo da lista com a média mais alta. Por outro lado, há 38 cursos sem um único colocado e mais de seis mil vagas para a 2.ª fase. Neste ano, o número de colocados voltou a aumentar, para 44 500 estudantes.

No ano passado, Engenharia Aeroespacial tinha sido destronado pela Engenharia Física e Tecnológica da mesma instituição, mas neste ano volta a ser o curso onde só os melhores podem entrar, com uma média de 18,9 valores (em 2018 foi de 18,8), isto no ano em que abriu com mais lugares disponíveis. No despacho referente à fixação de vagas para o ensino superior, a tutela definiu como um dos objetivos o "aumento de vagas em ciclos de estudos com elevado número de candidatos em 1.ª opção no concurso nacional de acesso 2018 com nota superior a 17 valores". Por isso, Engenharia Aeroespacial ganhou 12 vagas.

No pódio, é logo seguido pelo rival Engenharia Física e Tecnológica, também no IST, cujo último colocado entrou com uma média de 18,8 valores. São acompanhados na lista de outras engenharias, como Bioengenharia, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e Engenharia e Gestão Industrial, também na FEUP. Ambas empatadas com uma média de 18,6 valores.

Já Medicina, que há alguns anos ocupava o primeiro lugar do pódio, surge apenas em quinto lugar, representado pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, na Universidade do Porto. A nota do último colocado foi de 18,5. Antes ainda de chegar aos restantes cursos de Medicina, estão os de Matemática Aplicada à Economia e à Gestão (18,4), bem como Matemática Aplicada à Computação (18,3). A primeira no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa e o segundo no Instituto Superior Técnico. Só depois surge a Faculdade de Medicina do Porto e o curso de Medicina da Universidade do Minho, as duas também empatadas com 18,2 valores.

A fechar a lista dos dez cursos com médias mais altas está Engenharia Biomédica do IST, reforçando assim a representação da instituição, com 18,1 valores. A maioria destes cursos assistiu a um aumento das médias, face ao ano transato.

Segundo os dados divulgados pelo Ministério da Ciências, Tecnologia e Ensino Superior, o número de colocados em ciclos de estudo com maior concentração de melhores notas aumentou perto de 15% relativamente a 2018.

As áreas mais procuradas e os cursos que ninguém quis

Não há surpresas no que diz respeito às áreas mais procuradas. A começar por Ciências Empresariais, com 8572 colocados, seguida de Engenharia e Técnicas Afins, com 8080, e Saúde, com 7086. Desta última, 1500 correspondem aos nove cursos de Medicina, que preencheram todas as vagas disponibilizadas.

Ainda que Medicina já não seja a primeira da lista de cursos com os melhores resultados de entrada, continua a ser uma área exigente. A nota mais baixa registada num curso de Medicina registou-se na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade dos Açores, com 17,4 (ligeiramente superior ao ano transato, com 17,3).

Por outro lado, as duas primeiras áreas mais concorridas são também as que mais lugares deixaram por preencher - 1846 e 666, respetivamente, o que pode mesmo indicar que a oferta está inflacionada, ainda que sejam procuradas por muitos estudantes.

A seguir à área de saúde está Ciências Sociais e do Comportamento, 5285 colocados.

Já Serviços de Segurança é a área com menos vagas disponibilizadas (40) e, ainda assim, com 19 vagas sobrantes. Com zero vagas para a 2.ª fase está Serviços de Transporte, uma das que oferecem menos vagas (87).

Há 38 cursos que não preencheram uma única vaga. Entre eles, estão sete de Engenharia Civil, maioritariamente em instituições do interior. Na lista surgem ainda cinco cursos de Engenharia Eletrotécnica e dois de Educação Básica.

Engenharias e Medicinas podem estar em risco em 2020

Apesar de em 2018 as médias terem aumentado nos principais exames nacionais do 11.º ano, em 2019 a tendência foi reposta com um decréscimo nas médias e aumento da taxa de reprovação. E as consequências dos maus resultados só serão sentidas no próximo ano, quando os alunos que as concretizaram (agora no 11.º ano) vão estar no 12.º ano e a candidatar-se à faculdade.

O alerta é dado pelo presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), que não tem dúvidas de que o efeito será uma diminuição das candidaturas em áreas para as quais estas disciplinas são pedidas como provas de ingresso. Das Engenharias à Medicina, há cursos que "vão assistir a maiores dificuldades para o ano", devido aos resultados dos exames nacionais de Física e Química A e de Biologia e Geologia.

Praticamente todas as licenciaturas de Engenharia dependem de Física e Química como prova de ingresso, na maioria das vezes conciliada com a prova de uma outra disciplina - como Matemática. Também o exame de Biologia e Geologia é dos mais requisitados para o ingresso no ensino superior. Nomeadamente nas áreas ligadas à saúde, como Medicina.

Fechadas as contas da 1.ª fase do concurso, é hora de abrir as candidaturas à 2.ª fase, que decorre de 9 a 20 de setembro. Para esta fase, são colocadas a concurso as vagas sobrantes da 1.ª fase, as ocupadas na 1.ª fase mas sem concretização de matrícula (divulgadas a 18 de setembro no site da DGES), as libertadas na sequência do processo de recolocação de estudantes colocados na 1.ª fase, bem como as vagas libertadas em consequência de retificações na colocação da 1.ª fase. Os resultados desta 2.ª fase serão divulgados a 26 de setembro.

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