A encantadora de tubarões cara-a-cara com uma fêmea de seis metros

Mergulhadores Ocean Ramsey e Juan Oliphant encontraram tubarão-branco fêmea branco de 6 metros no domingo durante um mergulho ao largo da ilha de Oahu, no Hawaii, tendo partilhado fotografias e vídeos nas redes sociais. Ramsey, que há muito estuda o comportamento dos tubarões, quer aproveitar para chamar a atenção para a necessidade de proteger os tubarões

A primeira vez que viu um tubarão tinha oito anos. Hoje tem 31 e chamam-lhe a encantadora de tubarões. Ocean Ramsey e o tubarão de seis metros e 2,5 toneladas que no domingo encontrou quando mergulhava ao largo da ilha de Oahu com o namorado, Juan Oliphant, constituem provavelmente uma das imagens mais impressionantes que esta semana circularam nas redes sociais.

Surfista, mergulhadora, bióloga marinha, investigadora, Ocean Ramsey, natural daquela ilha do Hawaii, nos EUA, foi fotografada e filmada pelo companheiro a mergulhar tranquilamente ao lado de um tubarão-branco fêmea gigante que se alimentava de uma baleia que estava morta. Talvez seja o maior alguma vez encontrado. Em 2014, na ilha de Guadalupe, no México, Ramsey já tinha encontrado uma, batizada de Deep Blue. Pensou que poderia tratar-se da mesma. Mas há dúvidas. Mark Graf, especialista em mergulho com tubarões na ilha de Guadalupe, disse não ser a mesma, em declarações que foram citadas pelo jornal norte-americano USA Today.

Além de mergulhadora e instrutora de mergulho profissional, Ramsey é ainda modelo profissional, praticante de yoga, natação e tem formação em ciências do comportamento e em psicologia. Estuda o comportamento dos animais. Especialmente o dos tubarões. O objetivo é perceber a linguagem corporal dos mesmos, a sua hierarquia e a forma como reagem e como interagem com o ambiente em que vivem.

"Não existe muita simpatia pelas tubarões pela forma como eles são apresentados pelos media e porque a sua aparência não é muito amistosa. Não os podemos odiar por serem predadores. Precisamos deles para a saúde dos ecossistemas marinhos", afirmou Ramsey, à AP. A ideia de que eles veem as pessoas como comida, isso é uma treta, isso tem que desaparecer porque isso está a levar à dizimação destes animais", disse Oliphant, em declarações feitas esta sexta-feira à mesma agência noticiosa internacional.

O casal de mergulhadores espera que as fotografias e os vídeos do seu mergulho com o tubarão gigante, que se tornaram virais, contribuam para que as pessoas percebam que as mordidas de tubarão são pouco comuns e que os tubarões têm que ser protegidos. Ao contrário do que acontece com outros mamíferos marinhos, os tubarões não são uma espécie protegida a nível federal, embora seja proibida a venda das suas barbatanas.

Fundadora da plataforma OneOceanDiving, Ramsey dá formação no estudo do comportamento dos tubarões, ela e a sua equipa de investigadores observam os tubarões, catalogam informação sobre eles e partilham essas informações com investigadores e agências estatais e federais. A norte-americana também disponibiliza mergulhos com tubarões sem recurso a jaula de proteção.

"Esperei, pacientemente, observei-a a nadar pelos pedaços da baleia morta e depois, lentamente, passei suficientemente perto e pus gentilmente a minha mão de forma a que ela pudesse passar por ela. Sei que muita gente critica o toque. Mas isso é porque não percebem que, por vezes, é precisamente o toque que os tubarões procuram. Ela nadou para longe escoltada por dois golfinhos. Quem me dera que mais pessoas tivessem uma ligação com os tubarões e a natureza, porque, aí, iriam compreender que não é o cuidar dos tubarões que os prejudica, mas sim a prática cruel de agarrar à força os tubarões para lhes arrancar as barbatanas e fazer sopa de barbatana de tubarão", escreveu Ocean Ramsey, na sua conta de Instagram num post acompanhado de um vídeo seu a entrar em contacto com o tubarão-branco fêmea gigante.

A presença de tubarões brancos não é muito usual no Hawaii uma vez que preferem águas mais frias. Para Ramsey o facto de esta fêmea poder estar grávida e em busca de nutrientes explicará a sua presença em águas mais mornas. "Ela parecia estar grávida: Era gigantesca", declarou a mergulhadora, citada pelo Honolulu Star Advertiser, sublinhando: "Fiquei sem palavras. É aconchegante. Ela [com cerca de 50 anos de idade] é talvez a mais gentil tubarão-branco fêmea que já vi até hoje. As fêmeas grandes grávidas são aquelas junto às quais é mais seguro estar, as grandes e mais velhas, porque já viram de tudo - incluindo nós (os tubarões só mordem nos humanos quando estão com curiosidade ou quando os confundem com presas naturais)".

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